DESVIOS DE DOAÇÕES
Daniela Mazzei é investigada em 'Escândalo do Pix'
Jornalista foi demitida da RecordTV Itapoan pouco depois das denúncias do desvio de doações
Por Da Redação
A jornalista Daniela Mazzei será investigada no 'Escândalo do Pix'. Nesta terça-feira, 20, o repórter Marcelo Castro e o editor Jamerson Oliveira foram indiciados pelos crimes de estelionato, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Além deles, outro homem, apontado como amigo de infância de Castro e responsável por receber os valores desviados, também foi indiciado.
Em entrevista coletiva realizada nesta manhã, o delegado Charles Leão, titular da Delegacia de Repressão a Crimes de Estelionato por Meio Eletrônico (DreofCiber), afirmou que Mazzei entrará no caso na condição de investigada.
"Ela me trouxe um fato que a viagem que ela fez foi paga através do cartão do jornalista. Isso me traz a necessidade de se investigar isso. Traz ela para dentro do procedimento, para a qualidade de investigada. Diria que pode não ser indiciada. Agora, ela me fala que tentou adquirir a viagem com o cartão dela e não conseguiu. Tentou falar com o pai, não conseguiu. O jornalista que estava ao lado dela pagou a viagem no cartão. Ela informa que está havendo um acordo mensal para pagamento, mas passado tanto tempo, não me trouxeram nenhum comprovante disso", disse o delegado.
Leão destacou que serão necessárias provas de que o dinheiro utilizado para pagar a viagem de Mazzei foi devolvido para Marcelo Castro, mas até o momento, não é possível comprovar que a jornalista estava inserida na dinâmica do crime.
"Eu teria essa preocupação de, no mínimo, trazer uma planilha com a transferência bancária para o delegado de polícia perceber que o pagamento está sendo honrado, que foi meramente um ajuste entre o casal. Até agora não me trouxeram. Agora, não tem notícia dela estar inserida dentro dessa dinâmica. A notícia que eu tenho é que o cartão que pagou a viagem para ambos foi o dele", afirmou Charles Leão.
Questionado sobre possíveis novos indiciados, Leão contou que toda a apuração do crime é uma questão de tempo. Para finalizar as investigações e indiciar mais envolvidos, ele aguarda novos relatórios da inteligência para comprovar vínculos entre os suspeitos.
"Somente uma questão de tempo. É justamente para que a gente não diga 'porque é da periferia', não. A gente tem que ter esse cuidado. Eu preciso analisar a qualidade desse vínculo, não é porque mora perto, não é porque é amigo. Eu quero saber efetivamente porque emprestou. Recebeu? Sabia? Então, essa investigação da atividade de inteligência que eu estou aguardando para poder estar fechando esse procedimento. Para que eu possa dizer 'olha, essas pessoas que emprestaram a chave pix integram a associação criminosa'", detalhou.
Relembre o caso
A DreofCiber, responsável pelas investigações do caso do 'escândalo do pix', apura a existência de, pelo menos, 15 casos relacionados a arrecadação de doações para pessoas em estado de vulnerabilidade social em campanhas divulgadas na emissora de televisão. "Nos procuraram mais duas pessoas e nem todas [as vítimas] foram ouvidas"
Apesar de não serem citados nominalmente pelo delegado, o repórter Marcelo Castro e o ex-editor-chefe do programa Balanço Geral, Jamerson Oliveira, foram alvos de investigações decorrentes de denúncias de fraudes cometidas por meio de transferências bancárias, do tipo pix, de valores que seriam doados à pessoas em situação de vulnerabilidade social.
No dia 31 de março, a Record TV Itapoan demitiu Castro e Jamerson. O repórter havia acabado de retornar das férias.
Além dos dois suspeitos, mais pessoas são investigadas no inquérito, cujas atividades de inteligência policial, laudos periciais e informações de outras instituições complementam as apurações.
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