EM SALVADOR
Dupla muda nome de placa de Princesa Isabel para Dandara dos Palmares
Vídeo mostra ação de ativistas que criticam homenagens a coroa portuguesa
Por Da Redação
Em meio ao dia em que se completam 135 anos da abolição da escravatura, neste sábado, 13, uma mudança feita por ativistas chamou a atenção de quem passou pela Avenida Princesa Isabel, em Salvador. Placas que traziam o nome da integrante da realeza foram adesivadas com o nome da quilombola Dandara dos Palmares.
>>> Lei Áurea: o 13 de maio é mesmo uma data a ser comemorada?
A avenida se estende pelos bairros da Graça e Barra. Um vídeo divulgado [veja abaixo] nas redes sociais mostram a ação, feita por um homem e uma mulher. Na legenda, os ativistas falam que a formalização do fim da escravidão, através da assinatura da Lei Áurea pela princesa Isabel, não foi “um gesto de benevolência da coroa portuguesa”.
“Depois da assinatura, no dia 14, o que restou para o povo negro sem qualquer política pública de reparação? Que o Brasil deixe de homenagear em espaços públicos personagens históricos ligados à colonização, escravidão e ao massacre dos povos indígenas e valorize os que de fato forjaram a luta por igualdade num país que ainda se sustenta com suor e sangue negro”, afirma o texto.
Quem foi Dandara dos Palmares?
Dandara viveu na segunda metade do século XVII, na região da Serra da Barriga, mais precisamente no Quilombo dos Palmares, na então capitania de Pernambuco, hoje pertencente ao município de União dos Palmares, no estado de Alagoas. Esposa de Zumbi dos Palmares, com quem teve três filhos, foi uma das lideranças femininas negras que lutaram contra o sistema escravocrata do século XVII.
Participou de todos os ataques e defesas da resistência de Palmares, e na condição de líder chegou a questionar os termos do tratado de paz assinado por Ganga-Zumba e o governo português, posicionando-se contra, ao lado de Zumbi.
Dano ao patrimônio
A ação pode configurar dano ao patrimônio. Conforme o Código Penal, "destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia" pode causar pena de um a seis meses de detenção ou multa. A reportagem do Portal A TARDE não conseguiu contato com a Superintendência de Trânsito do Salvador (Transalvador) para saber se a placa já foi alterada.
Leia o texto dos ativistas na íntegra:
"Fomos o último país a abolir a escravidão no ocidente. Em 13 de maio de 1888 a princesa Isabel assinava a Lei Áurea, que extinguia formalmente a escravidão no país. Quando se pensa nesse marco é preciso reforçar a narrativa de que essa conquista se deu a partir de revoltas, movimentos e organizações de resistência negra, como os quilombos. Não foi um gesto de benevolência da coroa portuguesa, além de toda revolta popular foi também resultado da pressão internacional inglesa, que desde 1845 proibia o tráfico negreiro. Depois da assinatura, no dia 14, o que restou para o povo negro sem qualquer política pública de reparação? Que o Brasil deixe de homenagear em espaços públicos personagens históricos ligados à colonização, escravidão e ao massacre dos povos indígenas e valorize os que de fato forjaram a luta por igualdade num país que ainda se sustenta com suor e sangue negro."
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes