JUSTIÇA
Entenda plano para retirada de gatos de colônia em Piatã
Situação de zoonoses apresenta riscos de contágio para animais e humanos
Por Madson Souza
O que começou como um trabalho voluntário para cuidar de algo entre 30 e 40 gatos enjeitados, logo se tornou conhecido como um lugar propício para abandonar os felinos. Desde então os números da Colônia de Gatos de Piatã aumentaram e se tornaram uma questão legal e de saúde pública. A pedido do Ministério Público estadual foi determinado pela Justiça, no dia 3 deste mês, que o município apresente em até 15 dias um plano de ação para retirada de todos os gatos abandonados ou em situação de risco.
De acordo com Marcelle Moraes, secretária de Bem Estar e Proteção Animal, o órgão já vinha trabalhando em um plano de ação para a Colônia de Piatã desde outubro de 2023. A medida tomada pela secretaria foi realizar um chamamento para credenciar uma ONG, que ficará responsável pelo acolhimento dos bichanos.
Chamamento
“A gente lançou um chamamento (...), justamente para acolher os animais de lá, daquela região, com todo suporte necessário. A ONG escolhida foi a Doce Lar, que tem a capacidade para acolher esses 300 animais”, afirmou a secretária.
Ela explicou que os trâmites estão quase concluídos, mas não indicou prazo para que a Doce Lar possa iniciar o processo de captura e manejo desses animais.
A presença desses gatos pode parecer apenas um pequeno incômodo para quem vê de fora, mas envolve uma série de risco para os gatinhos e para a população do entorno. Quem explica isso é Patruska Barreiro, protetora de animais e presidente da ONG Instituto Patruska.
“O maior problema desses gatos serem deixados lá, abandonados pela população, é porque muitos deles não são esterilizados, então ficam reproduzindo entre si. Muitas vezes são filhotes que têm a imunidade mais baixa, o ambiente ali já é uma questão de saúde pública, porque existem comprovadamente zoonoses naquele terreno. E os gatos que são colocados lá acabam se contaminando também com as zoonoses. Assim como o ser humano pode se contaminar com as doenças que estão naquele ambiente, naquela areia, que não é higienizada. Então, os gatos chegam lá suscetíveis à doença, suscetíveis à agressão e suscetíveis a atropelamento”.
É por isso que Marcelle apresenta outras medidas para evitar que o caso da Colônia dos gatos se repita. “As câmeras de monitoramento são importantes para evitar que esses animais sejam abandonados. Essas câmeras gravam 24h e as imagens de abandono são enviadas para a Polícia Civil a quem compete atuar quem está cometendo esse crime”. Outras ações importantes reforçadas pela secretaria são campanhas de conscientização a respeito do abandono - que lembram que abandono de animais é crime federal -, campanhas de adoção, feiras de adoção de animais que foram resgatados em parceria com ONGs e abrigos.
A secretaria ampliou o número de castrações em massa na cidade de 1.600 castrações para 3.000 castrações mensais em Salvador. “Mas o mais importante é a conscientização de toda a população e é isso que a gente tem feito em massa com campanhas de audiovisual e nas escolas”, afirma Marcelle.
Além dos gatos, outro elemento que chama atenção na região na Colônia de gatos de Piatã são os tapumes erguidos que interditam parte do espaço. A estrutura foi posta pela Prefeitura após a cobrança de ongs e ativistas - como Patruska -, preocupados com os riscos que os animais presentes sofreriam por conta do Réveillon gospel que ocorreu naquela região. Mesmo após a festa, os elementos se mantêm, porque de acordo com Marcelle vai existir um outro projeto público na localidade após a remoção dos animais.
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