SALVADOR
Enxoval perdido e casas atingidas: chuvas deixam danos na população
Mesmo após trégua no temporal, Salvador registrou mais de 300 ocorrências na quarta-feira
Por Silvânia Nascimento | Portal Massa!
Depois de três dias seguidos com fortes chuvas, ontem, as águas do céu deram uma trégua para Salvador. Entretanto, as marcas e os prejuízos causados pela tempestade ainda refletem na população soteropolitana. Mesmo com o sol que começou a abrir desde esta quarta-feira, 10, a capital baiana registrou um alto número de ocorrências.
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Foram mais de 300 casos emergenciais, sendo 67 ameaças de desabamento, 91 deslizamentos de terra, além de imóveis alagados (88), ameaça de deslizamento (46) entre outras.
Nos bairros de São Caetano e Lobato, lonas pretas foram colocadas em algumas encostas que apresentam risco de deslizamento. Por lá, muitas famílias tiveram casas alagadas e afetadas por barros de ribanceiras que despencaram com a força da água. Na residência de Sheila Bastos dos Santos, moradora da rua Mamorana, no Lobato, o perigo bateu na porta logo cedo. "Na chuva de domingo, por volta de 15h, eu estava em casa quando ouvi um barulho. Desceu da parte de cima, em direção à minha casa, muito lixo, barro e pés de bananeiras. Até fogão veio no meio da enchente", relatou.
Por causa do risco do caso se repetir, a Defesa Civil de Salvador (Codesal) orientou a moradora a deixar o imóvel e se dirigir para a unidade abrigo na Escola Municipal Coração de Jesus, na mesma localidade. No entanto, mesmo diante do risco, Sheila prefere lidar com o medo e permanecer no seu imóvel. "A escola já está muito cheia. Vou ficar aqui mesmo, se eu morrer, morro na minha casa", disse.
O Portal MASSA! esteve na escola indicada, que já contabiliza 71 pessoas desabrigadas/desalojadas. Deste número, 31 são famílias. Entre os acolhidos está uma gestante de 37 semanas que teve sua casa invadida pelo barro, o que resultou na perda total do enxoval do bebê.
Além do prejuízo financeiro, os profissionais que atuam no abrigo/escola estão aflitos, por receio da mulher sentir as primeiras contrações para o parto. Por causa desse risco, os servidores pediram apoio ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para monitorar o estado da mulher.
"Nós começamos a atuar no domingo, assim que a intensidade de chuva atingiu o nível crítico e a sirene foi acionada. Eu considero essa área do São Caetano como o epicentro do problema porque é onde apresenta mais problemas em termos geológicos. Está bem na falha geológica de Salvador. Mas estamos atentos. Muitas obras foram feitas pela prefeitura, como na Ladeira do Cacau, e que têm melhorado", declarou Marcílio Bastos, diretor de Proteção Social Especial da Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esporte e Lazer (Sempre).
Marcílio, que é engenheiro civil por formação, destacou que as atenções dos órgãos municipais seguirão mesmo com a trégua da chuva. "Após as chuvas existe o risco de deslizamento de terra porque toda água desce e vai para a parte mais sólida. Na proporção que o solo vai secando, aquela água vai correndo por baixo e pode movimentar o maciço. Então, a gente fica em alerta nesse momento justamente pelo risco de desmoronamento ou de alguma terra descer. Mas com fé em Deus isso não vai acontecer. A gente acredita que Deus está abençoando, dando um sol maravilhoso para secar o máximo mais rápido possível e eliminar o risco", completou Marcílio.
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