PALAVRA
Especialistas alertam para sinais de abuso infantil
Psicóloga explica que cada indivíduo reage de um jeito
Por Madson Souza
Foram registradas 11.692 denúncias relacionadas à violência sexual contra crianças e adolescentes no Brasil até este momento de 2024, de acordo com o Painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos. Neste maio laranja - mês de enfrentamento e prevenção ao abuso e à exploração sexual de menores - especialistas indicam cuidados para proteger os pequenos dessas violências.
Insônia, tristeza, medo e pavor, dores inexplicáveis no corpo, agressividade, queda no desempenho escolar, falta de concentração e alterações no comportamento físico e emocional são alguns dos sintomas que podem indicar que uma criança sofreu abuso sexual.
Mesmo com essa gama de indicativos, a psicóloga do serviço Viver, Ludmile Pereira, explica que cada indivíduo reage de um jeito, que não há um padrão. Por isso ela reforça a importância de estar atento às crianças.
“A criança sempre vai demonstrar, o adolescente sempre vai mostrar, sempre. Você precisa estar atento. Observar se ela mudou de comportamento, se era de uma determinada forma e foi para outros tipos de comportamento, é um sinal de alerta. Significa que houve violência sexual? Não significa, mas a gente tem que observar”.
De acordo com a médica pediatra Kátia Baptista, que é membro da Sociedade Baiana de Pediatria, esse movimento de atenção precisa ser consciente, já que é difícil pensar que isso pode acontecer ao nosso redor. “A tendência da gente como pai, como mãe, é isso nunca nem passar pela nossa cabeça. E isso dificulta a gente notar que algo aconteceu, dificulta até de tomar uma reação”.
Educação sexual
Além de se atentar, é preciso se precaver. E a melhor forma de fazer isso é por meio da educação, de acordo com Ludmile Pereira. “Muitas vezes as famílias acham que falar sobre educação sexual é falar sobre sexo e não é. É você fazer com que a criança entenda o seu próprio corpo, o limite do seu próprio corpo e o limite que ela tem que dar ao outro. Isso ajuda a prevenir essas violências”, afirma a psicóloga.
Ela ressalta que isso deve ser feito pelas escolas e pelas famílias. E essa conversa precisa ser franca, segundo a Delegada Simone Moutinho, titular da delegacia especializada em repressão a crimes contra crianças e adolescentes.
“É importante que os pais dialoguem com seus filhos desde muito cedo. No sentido de que as crianças saibam as partes do corpo humano, que elas consigam distinguir suas genitálias. Um diálogo franco de que aquelas partes são intocáveis. E se alguém disser que você não pode falar alguma coisa para seus pais, isso é absolutamente errado”, comenta.
Ações
O combate à violência sexual de crianças de adolescentes é tema da campanha desenvolvida pelo Ministério Público estadual e chegou aos principais estádios da capital baiana com o apoio dos times do Vitória e do Bahia. Faixas e vídeos da campanha, que tem o lema “Se você repara, deve ajudar a parar”, foram exibidos nos jogos Vitória x Botafogo, pela Copa do Brasil na quarta-feira (22), e Bahia x CRB, pela Copa do Nordeste no domingo (26), com o intuito de mobilizar os presentes a proteger crianças e adolescentes e denunciar a prática criminosa.
O Disque 100 é o canal para fazer denúncias de violações contra crianças e adolescentes. Além de ligação gratuita bastando apenas digitar 100, o serviço pode ser acionado por meio do WhatsApp (61) 99611-0100. O serviço Viver do Governo da Bahia atende pessoas vítimas dessas violências e conta com uma equipe multidisciplinar.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes