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Incerteza do RBD em Salvador preocupa fãs da banda
Desde que Salvador foi incluída na turnê brasileira da banda mexicana RBD, os fãs do grupo, que saiu diretamente da novela Rebelde, exibida pelo SBT, aguardam ansiosamente por informações sobre a apresentação. Porém, quanto maior a proximidade da apresentação, mais desanimadora é a situação para os baianos fanáticos pelo RBD. O show, que foi originalmente agendado para o dia 30 de setembro, na Fonte Nova, pode não acontecer.
Segundo a empresa paulista Mondo Entretenimento, que produz a turnê brasileira da banda, o show foi remarcado para 29 de setembro, por conta do último compromisso do Bahia nas oitavas-de-final da Série C. Mas a gravadora EMI e o próprio site oficial do RBD excluem a data baiana. De acordo com a multinacional, o show de Salvador foi cancelado por "motivos operacionais" e a produção estuda remarcar o evento em outro local da cidade ou em uma cidade próxima.
Tantas informações desencontradas decepcionam os fãs da banda que lutaram para incluir a capital baiana na turnê dos mexicanos. De acordo com a adolescente Jéssica Hoppus, 15, mais conhecida como Dai, a culpa do descaso com o show de Salvador é da produção nacional. "Eles pensam que em Salvador só gostamos de Axé e Pagode, com casadinha de R$ 20", reclama. Dai se decepciona ainda mais quando percebe que cidades menores que Salvador, como Recife, Fortaleza, Manaus e Porto Alegre, já estão com todas as datas confirmadas e ingressos à venda há semanas. O show na cidade tinha a segunda maior expectativa de público, com 69 mil pessoas, perdendo apenas para Belo Horizonte, que espera 70 mil.
O sofrimento dos fãs aumenta ao lembrar esforço do movimento que enviou centenas de e-mails para a EMI pedindo a inclusão de Salvador no giro da banda pelo Brasil. O esforço rendeu a criação do fã-clube "No Pares", inspirado na canção "No Pares Nunca de Soñar", interpretada pelo grupo. Atualmente com mais de 50 membros oficiais e outros 30 aguardando aprovação, o grupo reúne também outras 1.200 pessoas na comunidade do orkut de fãs de Salvador, interior da Bahia e de Sergipe, que já haviam organizado caravanas para curtir o show na Fonte Nova.
Procurada pela reportagem de A Tarde On Line a Mondo Entretenimento não disponibilizou contato com nenhum integrante da organização da turnê, limitando-se a manter um serviço de informações via telefone pelo número 11 3038-5522. Mesmo assim, não há informações quanto ao local do show, preço de ingressos e pontos de venda. Entretanto, a data soteropolitana continua confirmada, inclusive no site de venda de ingressos Ingresso Fácil, revendedor oficial dos ingressos da turnê brasileira na internet.
Planos - A estudante Layse Pita, moradora do bairro da Plataforma, prefere não acreditar que o show pode não acontecer e planeja conhecer a banda de perto. "Vou me espremer nas grades, pular muro, correr atrás, qualquer coisa pra abraçar os cantores", promete. Layse espera pelo momento da apresentação há quase dois meses, quando viu os primeiros anúncios pela televisão. "Achei que era piada, pois nunca ninguém vem tocar em Salvador. Depois das propagandas e das pessoas comentando, comecei a acreditar e não agüento mais esperar".
A garota, que completou 14 anos de idade na última sexta-feira, 8, ganhará de presente o ingresso para ver os ídolos ao vivo. Ainda não há informações sobre o preço do show na cidade, mas Layse deverá pagar pelo menos R$ 60 para assistir o RBD, o mesmo preço da meia-entrada no show de Fortaleza. O dinheiro virá do salário do pai, que é motorista.
A mãe de Layse, Valda, garante que o dinheiro será um grande "baque" por conta do padrão de vida da família, mas não hesitou em presentear a filha diante do pedido. "Ela é uma menina que dá gosto no colégio. Não é de sair, não é de responder. E isto também é um incentivo para que ela continue sempre assim, responsável", analisa.
Para ela, ainda mais ingrata será a missão de acompanhar Layse na aventura. A organização da turnê só permite a entrada de menores de 15 anos acompanhados dos pais ou responsáveis, além de um documento assinado por eles que autorize a entrada dos jovens no show. "Vou pagar um mico enorme. Ela gosta, é uma opção dela, é o gosto dela, mas pra mim com certeza será um terror", garante aos risos.
A paixão da estudante pelo grupo chegou a ponto de juntar amigos cujo amor pelo RBD fosse grande o suficiente para que formassem um grupo "cover" da banda, batizado "Conexão RBD". Três meninos e três meninas se revezam no palco, mas não se conformam apenas em interpretar playbacks do grupo. "Na banda tem três pessoas que tocam. Um é tecladista, um guitarrista e um violonista. Ainda estamos atrás de um baterista, mas estamos perto de conseguir". O grupo já se apresentou em festas de crianças, mas segundo Layse, é só diversão "Nunca pensei em ganhar dinheiro com isso. Mas seria bem legal".
Paixão - A admiração pela novela, e conseqüentemente pela banda, começa de forma semelhante entre os fãs baianos. Trocando de canais ou aceitando sugestão de amigos, o seriado é descoberto. De repente, a trama dos adolescentes que vivem em um colégio interno mexicano excessivamente americanizado seduz o público, que não consegue mais piscar o olho. "Eu comecei porque Dai é minha vizinha e daí ela me chamava pra ver a novela com ela. No começo eu achava ruim, mas depois que comecei assistir amei", confessa a xará Jéssica Carvalho, 16.
Dai começou também influenciada por outra amiga. "Ela me deu o CD com as músicas de RBD dubladas em português. Gostei e fui pesquisar. Hoje já assisti à novela inteira, os capítulos inéditos, e até aprendi um pouco de espanhol ouvindo as músicas e assistindo o original mexicano no (site) You Tube", revela. Já Layse Pita começou o vício ao trocar "Malhação" por "Rebelde" em uma tarde do ano de 2005.
Entre elas, o consenso de que o carisma dos personagens mexicanos é muito maior do que o concorrente na Rede Globo. "Malhação é um seriado velho, as situações se repetem sempre e os personagens são muito chatos e forçados", analisa Dai. A estudante frisa também que, mesmo em uma ficção de personagens excessivamente bonitos e fabricados, a realidade social de "Rebelde" é mais palpável que a de Malhação. "Na novela tem personagens pobres no colégio interno que realmente não têm condição de comprar as coisas. Em Malhação, o pobre vive aparecendo com um monte de coisas e roupas novas fora do alcance de um pobre".
No México, a novela acabou no dia 5 de junho. No Brasil, terminará em dezembro. A perspectiva de a banda também fechar as portas depois da turnê brasileira não assusta as fãs. "Tenho certeza que não vou deixar de gostar de RBD. Mesmo que a banca acabe, vou continuar fã de cada um, acompanhando o que cada um deles fizer", garante Andressa Teles, presidente do fã-clube "No Pares".
