FOLIA
Um Carnaval de milhões
Cerca de 11 milhões de pessoas passaram pelos circuitos nos seis dias de festa, sendo 1 milhão de turistas
Por Priscila Dórea
Existe ainda alguma dúvida de que o Carnaval de Salvador é a Maior Festa de Rua do Planeta? Inacreditável e histórico, o Carnaval de 2024 na capital baiana foi marcado pelo calor com água para todo lado, atrasos e trios quebrados, Muquiranas sem pistola e um mundaréu de gente - que superlotou circuitos e fez o poder público fechar os portais de entrada. De acordo com o Governo do Estado, cerca de 11 milhões de pessoas passaram pelos circuitos nos seis dias de festa, e no meio a todo esse povo, de acordo com a Prefeitura Municipal, cerca de 1 milhão eram turistas.
“Os números são muito gratificantes, pois acaba sendo o reconhecimento daquilo que foi feito antes e durante o Carnaval. Fizemos a nossa parte, e o trabalho foi bastante planejado”, avaliou o governador Jerônimo Rodrigues, destacando que o plano de ação do Carnaval estava sendo feito desde o início das festas populares no início do ano e, agora, o momento é de “rever a quantidade de pessoas", para o Carnaval de 2025.
Mas o governador ressalta: rever, e não suspender ou fechar circuitos. Para o titular da Secretaria de Cultura da Bahia (Secult-BA), Bruno Monteiro, é preciso haver debate. “Nós acreditamos que nenhuma discussão nesse sentido será feita de cima para baixo ou de forma unilateral. Alternativas só serão construídas com muito diálogo e da parte do Governo do Estado, tenho certeza que teremos toda a disposição para essa construção coletiva junto à Prefeitura, ao setor privado, e aos trabalhadores e trabalhadoras do Carnaval", reforçou.
A necessidade de debater a estrutura dos circuitos veio depois que os portais do Circuito Dodô no sábado (10) e do Circuito Batatinha na terça (13) precisaram ser fechados. Na Barra pela quebra e atraso de trios enquanto milhares de foliões continuavam a chegar, e no Centro Histórico a Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) precisou fechar os portais de entrada depois que cerca de 200 mil pessoas lotaram o Largo do Pelourinho, que teve apresentações de BaianaSystem e Baco Exu do Blues, que chegou a alertar que pararia o show se algo não fosse feito.
Sem mortes violentas e 36 pessoas presas pelo Reconhecimento Facial, o titular da SSP-BA, Marcelo Werner, destaca que o tamanho da festa requer muito mais atenção das forças de segurança. “O Carnaval, por ser a maior festa de rua do mundo, é a operação mais complexa que existe em termos de segurança pública no país. Tomamos, nesses dias, corajosas posições em relação à segurança pública, visando à preservação da saúde e da vida dos foliões, como fechar temporariamente alguns circuitos", pontuou.
No fim, tudo deu certo, e o Carnaval de 2024 serviu para provar que a festa momesca em Salvador continua a crescer ano após ano. “Quando a gente soma, por exemplo, na segunda-feira, a quantidade de pessoas que estavam no Circuito Osmar e no Batatinha, temos mais gente do que no Barra/Ondina. Fazia uns 15 anos que isso não acontecia. A cidade não conseguia fazer com que as pessoas desejassem mais o Circuito do Centro. Esse, sem sombra de dúvida, é um dos maiores legados da nossa gestão para o Carnaval de Salvador”, afirma o prefeito Bruno Reis.
Blocos afros
Tema central do Carnaval de ambos os poderes, a presença marcante dos blocos afro em todos os dias de festa - fosse na programação, na decoração ou nas inúmeras homenagens que receberam de outros cantores -, não foi apenas a cereja do bolo, mas o bolo todo desse Carnaval. “Hoje, esperamos que essa atenção e valorização se torne um apoio efetivo, que vá além do Carnaval e de 2024, que dure muitos anos”, afirma o presidente do Ilê Aiyê - primeiro bloco afro do Brasil e grande homenageado de 2024 -, Vovô do Ilê.
Entre outros destaques do Carnaval de 2024, temos a enorme e poderosa pipoca da banda BaianaSystem, a nossa querida Ivete Sangalo - que apesar dos problemas com o trio, macetou demais nesse Carnaval -, e o bloco As Muquiranas, que trocou as pistolas d’água por ursos de pelúcia e outros brinquedos infantis nos três dias que o bloco passou pelo Circuito Osmar. Comandando As Muquiranas na terça-feira (12), o cantor Tony Sales afirmou que o bloco faria “uma apresentação inesquecível sem pistola”, e sugeriu: “Próximo ano tragam rosas para dar a todas as mulheres que estão aqui”. Será?
Mas quem foi o real protagonista desse Carnaval? “O Folião Pipoca é o protagonista dessa história toda. O povo de Salvador abraçado com turistas, que não precisam necessariamente pagar, pois vão ter acesso a tudo e todos os artistas, de forma agradável”, afirma o titular da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), Pedro Tourinho. E a cidade estava mais do preparada para receber esses foliões, com os circuitos climatizados, distribuição de proteção solar e pontos de hidratação.
“Além disso, com atrações para quem quiser assistir: show de samba, show para família, show de rap, orquestra no Santo Antônio… Tem de tudo. Então o Carnaval de Salvador oferece realmente essa diversidade”, pontua Pedro Tourinho. Democrático e diverso, talvez sejam os atributos que melhor descrevem o Carnaval de Salvador já tem bastante tempo, “um Carnaval desbloqueado”, aponta o presidente da Empresa Salvador Turismo (Saltur), Issac Edington.
“Temos um posto operacional no Circuito Dodô de onde as equipes acompanham a chegada e saída dos trios, e há algo muito interessante que acontece: quando o último trio sai, os artistas da Torre Eletrônica começam a se apresentar e de repente aquele público que estava ali muda completamente. Onde havia pessoas fantasiadas, surgem milhares de pessoas com roupas mais escuras querendo ouvir música eletrônica, gente com outra energia, outro movimento cultural. E temos espaço para isso. O nosso Carnaval é feito para todos os gostos”, afirma Isaac Edington.
E as estimativas da Secretaria de Turismo do Estado (Setur-BA) foram confirmadas: cerca de três milhões de visitantes circularam em Salvador e em 87 cidades do interior durante o Carnaval, injetando R$ 6,6 bilhões na economia da Bahia. O titular da pasta, Maurício Bacelar, ressalta que os números do turismo são resultado da preparação do Governo. “O Carnaval é uma atividade transversal e são muitos os atores que contribuíram para os resultados virtuosos, tanto na alegria como na economia”.
Viva Verão dá continuidade às festividades na capital baiana
O Carnaval acabou, mas o verão continua. Então, pensando nisso, a Prefeitura de Salvador deu início ontem para primeira edição do Festival Viva Verão, que numa mistura de música afro-brasileira, samba, MPB e pop, deu continuidade ao clima de festa carnavalesca, mas de forma mais tranquila. O evento, que é gratuito, tem acontecido na Praça Cairu e encerra hoje, com apresentações do Afoxé Filhos de Gandhy, Timbalada e Gaby Amarantos, a partir das 18h.
O próximo grande evento da capital será justamente em seu aniversário. Salvador completa 475 anos em 29 de março de 2024, e nos dias 6 e 7 de abril a cidade irá ferver em shows para a aniversariante - a comemoração foi adiada em razão da Páscoa, que será no dia 31 de março. O primeiro dia de festa será com apresentações de blocos afro, e o segundo será com Bell Marques, que este ano comemora 10 anos de carreira solo e prometeu dar um show de 10h: em um trio ele cantará pela Barra e o palco móvel irá parar em um palco, entre a Barra e a Ondina, onde o show continuará com convidados.
Próxima folia
E o próximo Carnaval já tem data, hein? Em 2025 a festa está prevista para acontecer entre os dias 27 de fevereiro e 4 de março. Porém, se os nossos tão amados eventos pré-carnavalescos forem mantidos da forma como aconteceram em 2024, a folia momesca irá começar no dia 22 de fevereiro de 2025 com o Fuzuê, dia 23 o Furdunço, dia 24 a Melhor Segunda-feira do Mundo, dia 25 o Pipoco com Léo Santana, dia 26 o Habeas Copus e, finalmente, do dia 27 de fevereiro de 2025, o início oficial da Maior Festa de Rua do Mundo. Até lá!
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