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TURISMO

Fomento ao afroturismo aquece o setor na Bahia

Embratur atribuiu o aumento de 34,19% de visitantes estrangeiros ao fomento, principalmente na capital

Por Ana Cristina Pereira

25/08/2024 - 7:00 h
Terreiro Ilê Axé Oxumarê, na Federação
Terreiro Ilê Axé Oxumarê, na Federação -

Visitando Salvador pela terceira vez, a ialorixá uruguaia Silvia de Oxum dessa vez trouxe o marido e os dois filhos para conhecer de perto o candomblé e a cultura afrobaiana. Na última quinta-feira, o grupo esteve no terreiro Ilê Axé Oxumarê, na Federação, cheio de perguntas e atento aos detalhes da visita guiada por Liderico Santos, iaô de Oxóssi do terreiro que mostrava os espaços do templo.

“Viemos aqui para saber mais e encontrar as raízes, pois o candomblé puro, como veio da África, está na Bahia”, afirmou Silvia, acrescentando que no Uruguai os rituais sofreram muitas transformações. Na saída, eles passaram na lojinha que vende produtos feitos lá mesmo no terreiro, e cuja renda é revertida para o funcionamento da casa.

Silvia e família são um bom exemplo de turista que os órgãos oficiais do setor estão mirando, atraídos pelo afroturismo – que pode ser definido como um roteiro de experiências baseadas na religião, cultura e história negras, protagonizada por negros e que a Bahia, por motivos óbvios, pode estar na linha de frente.

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No início do mês, ao apresentar o balanço do número de visitantes estrangeiros no primeiro semestre, a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) atribuiu o aumento de 34,19% na Bahia, comparado ao mesmo período de 2023, à promoção do afroturismo, principalmente em Salvador.

No total, 61,6 mil turistas de outros países estiveram no estado.

“Desde o início dessa gestão, colocamos o afroturismo no centro das nossas ações. Dessa forma, resgatamos a história e valorizamos a cultura do povo negro, além de gerar emprego e renda e de empoderar empreendedores negros”, afirmou, à época, o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, acrescentando que o turismo afro está entre as pautas prioritárias, com destaque em feiras e eventos internacionais. Uma das ações foi trazer, no último Carnaval, um grupo de comunicadores dos Estados Unidos para conhecer a festa baiana e a cidade.

A ialorixá uruguaia Silvia de Oxum
A ialorixá uruguaia Silvia de Oxum | Foto: Mila Souza | Ag. A TARDE

Agô, Bahia

De olho nesse filão, a Secretaria de Turismo do Estado (Setur) idealizou o projeto piloto Agô, Bahia, que lançou esta semana o Roteiro das Comunidades de Terreiro, com participação de dez importantes templos, nove de Salvador e um de Camaçari.

A iniciativa, apresentada com a presença significativa de religiosos e representantes do trade turístico, é um esforço para oferecer aos visitantes a possibilidade de conhecer as religiões de matriz africana de forma organizada e respeitosa, impulsionando o número de visitantes e sua permanência por mais tempo por aqui.

O projeto realizou pequenos reparos nos terreiros, colocou placas de identificação nos mesmos e promoveu a capacitação de guias de turismo e agentes de viagem.

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Responsável pela articulação junto às casas de santo, Paulo Sobrinho, assessor especial da Setur, afirma que a escolha dos terreiros foi bem cuidadosa e vê o projeto também como “um passo para combater a intolerância religiosa e o racismo”. Presente no evento, a ialorixá Mãe Neuza, do Terreiro da Casa Branca, vai na mesma linha e destacou que o Agô Bahia pode ser importante para todos os terreiros, além destes dez participantes iniciais. “As pessoas de fora precisam nos ver com respeito e amor”, destacou. A Casa Branca, no entanto, ainda não definiu como as visitas vão funcionar por lá.

Com 41 anos de experiência no mercado, o empresário Claudio Maia, da Itaparica Turismo, afirma que esse é um ponto importante, que precisa ser definido rapidamente.

“É preciso sabermos como será em cada terreiro e definir valores, por exemplo”

Claudio Maia - Empresário da Itaparica Turismo,

Já a presidente do Sindicato dos Guias de Turismo, Rivanete Rodrigues, acredita que a qualificação feita com 50 guias turísticos, que incluiu conversas com representantes dos dez terreiros, será fundamental na ponte entre turistas e os espaços religiosos. “Pela primeira vez tivemos este estreitamento para os profissionais passarem orientações sobre roupas ou como se portar nos terreiros. Também teremos acesso ao calendário de festas”, detalha.

Também participante do Agô, Bahia, o Terreiro do Oxumaré já tem um roteiro de vistas bem definido: a casa fundada em 1830 e tombada pelo Iphan, recebe visitas de segunda a sábado, das 9h às 17h, sem agendamento prévio. “Pedimos uma contribuição de R$ 20, mas fica a critério dos visitantes. Não temos controle sobre o trabalho dos guias”, reforça Liderico Santos, iaô da Casa de Oxumarê.

Afroturismo impulsiona atração de visitantes à Bahia
Afroturismo impulsiona atração de visitantes à Bahia | Foto: Mila Souza | Ag. A TARDE

Afrocentrado

A forte presença das religiões de matriz africana, ao lado da música e da gastronomia formam o trio que mais interessa aos turistas que vêm à Bahia pela negritude. E na opinião do guia de turismo Josuel Queiroz, é preciso estar bem preparado para oferecer uma experiência satisfatória.

Ele recorda que a exigência de turistas afroamericanos de serem atendidos por negros possibilitou a entrada no mercado de pessoas como ele. “Quando comecei, há mais de 30 anos, não havia recepcionistas negros nos hotéis”, recorda.

Atualmente à frente da Alafemi Tours, que define como uma agência afrocentrada, Josuel oferece roteiros que casam diferentes experiências culturais pretas. “Quando comecei eu já era do candomblé, então tinha essa consciência de como essas visitas poderiam acontecer, como se portar e o que fazer ou não fazer. Tem muita gente que vai nas casas e não deixa uma contrapartida”, critica Josuel, que é ogã do Terreiro do Cobre.

Para ele, fazer um turismo afrocentrado é colocar o povo preto no centro do processo e fazer o dinheiro circular entre ele. “Privilegio, por exemplo, restaurantes de pessoas pretas, com chefs pretos. E quando é possível, contratamos pessoas dentro dos terreiros para cozinhar”, ilustra.

Cofundador da organizadora social e aceleradora de projetos Vale do Dendê, Paulo Rogério Nunes reflete que essa mudança de foco também aconteceu no discurso público – que passa a focar na existência de um mercado afro.

Espaço no centro Histórico, Vale do Dendê
Espaço no centro Histórico, Vale do Dendê | Foto: Olga Leiria | Ag. A TARDE

“Os governos começaram a olhar com outro direcionamento, pensando o afroturismo como estratégia da cidade”, diz Paulo, que cita iniciativas como o Salvador Capital Afro, da Prefeitura, que entre as ações oferece o Rolê Afro, com onze roteiros pelo centro da cidade .

“Acredito que temos potencial de atrair o público da diáspora africana, sobretudo de países como Estados Unidos, Inglaterra e França, mas ainda temos um longo caminho a trilhar, sobretudo com mais investimentos na iniciativa privada.

“Temos muita dificuldades de voos. E sem voos não tem turismo. Pelo menos no Verão precisamos de voo para os Estados Unidos” , resume. Nessa seara, a boa notícia é voo Paris-Salvador, da empresa Air France, previsto para começar a operar no próximo mês.

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