MAIO AMARELO
Jovens são maioria entre vítimas de acidentes graves de trânsito
Segundo o Ministério da Saúde, gastos anuais com acidentes chegam aos R$ 50 bilhões
Por Bernardo Rego

O trânsito deveria ser um espaço onde as pessoas pudessem trafegar sem preocupações ou riscos. Mas, a realidade no Brasil é bem diferente. Muitos motoristas acabam utilizando essa ferramenta útil a todo cidadão para se arriscar e até mesmo cometer crimes.
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Não há, muitas vezes, o respeito do direito do outro ir e vir e, além disso, há uma guerra desenfreada para quem vai chegar primeiro ao destino. Por causa dessas atitudes muitos têm perdido a vida ou até mesmo amargam sequelas irreversíveis.
Durante este mês, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) lança a campanha Maio Amarelo cujo tema é “Desacelere. Seu bem maior é a vida”, com o objetivo de conscientizar os condutores sobre a melhor forma de se comportar no trânsito.
Segundo a PRF, 6.160 pessoas morreram e 84.526 ficaram feridas em meio a 73.156 sinistros de trânsito registrados entre janeiro e dezembro de 2024 nas estradas federais do Brasil. Na Bahia, foram 614 mortes, o que coloca o estado entre os que mais registraram vítimas fatais.
Em entrevista ao portal A TARDE, o representante da comunicação social da PRF, Fábio Rocha, pontuou que as principais causas de acidente são excesso de velocidade, consumo de bebida alcoólica e ultrapassagens em locais proibidos. Rocha destacou ainda que as pessoas mais jovens costumam se arriscar mais no trânsito, por isso o índice de acidentes mais graves acometem essa faixa etária.
Fábio explicou que veículos mais pesados também se envolvem mais em acidentes graves e acidentes com óbitos porque, como eles têm uma massa maior, têm uma energia cinética maior, eles têm um potencial maior de causar acidentes mais graves.
O advogado civilista e especialista em trânsito, Marcel Sampaio, deu dicas de como se resguardar quando se envolver em um sinistro para que os prejuízos materiais possam ser dirimidos e as questões sejam resolvidas com brevidade. Ele ressaltou que as ações judiciais que envolvem trânsito têm sido resolvidas com celeridade, mas os motoristas precisam estar atentos a alguns detalhes.
De acordo com o advogado, no momento em que acontece o sinistro é importante fazer fotos e vídeos de todos os ângulos a fim de que sejam usados como prova em um eventual processo judicial. Além disso, tentar anotar a placa dos veículos envolvidos e a documentação dos condutores. Ele ressaltou, entretanto, que sinistros também podem ser resolvidos de forma extrajudicial em comum acordo entre as partes.
Sampaio também chamou a atenção para os boletins de ocorrência lavrados por autoridades policiais que podem conter alguns erros e, por conta disso, é preciso ficar atento aos detalhes que envolvem os sinistros a exemplo da quantidade de veículos , possíveis vítimas e até mesmo os danos causados.
Impactos na saúde
Os acidentes de trânsito não afetam apenas o tráfego, os veículos e pedestres, mas também os hospitais onde chegam as vítimas. O médico ortopedista e coordenador da ortopedia do Hospital Mater Dei, Roney Sant’Anna, explicou que é preciso criar uma campanha de conscientização nas escolas para ensinar as crianças e os jovens sobre os riscos de não ter uma relação saudável com o trânsito.
Segundo ele, é preciso ter uma campanha de conscientização porque ainda há muita falta de educação no trânsito e os jovens têm sido os principais pacientes que sofrem traumas causados por acidentes automobilísticos. “As principais demandas são de fraturas expostas em membros inferiores e superiores, lesões na coluna e traumas crânio encefálicos”, pontuou o especialista.
Sant’Anna fez questão de chamar atenção para as sequelas e custos que um paciente vítima de acidente provoca. Segundo o médico, o custo para a recuperação é alto, o período de hospitalização também e, ademais, há grandes chances de sequelas que comprometem parcial ou totalmente a vida de pessoas jovens em idade produtiva.
Dados do Ministério da Saúde dão conta de que os acidentes de trânsito geram um impacto anual estimado em R$50 bilhões no Brasil. O montante engloba desde custos com atendimento hospitalar até previdência social e perdas na capacidade de trabalho. A Associação Brasileira de Psicologia do Trânsito aponta ainda que cerca de 40% das vítimas sobreviventes desenvolvem transtornos como ansiedade, depressão e estresse pós-traumático.
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