TRÁFICO DE ARMAS
Justiça aceita denúncia contra 'Senhor das Armas' e esposa
Outras 26 pessoas também foram denunciadas no esquema que movimentou menos R$ 1,2 bilhão
Por Da Redação
A Justiça Federal da Bahia acatou a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o argentino Diego Hernan Dirísio, o 'Senhor das Armas', e sua esposa, Julieta Vanessa Nardi Aranda. Ambos são apontados com envolvimento em esquema multimilionário de tráfico ilícito de armas de fogo da Europa para facções criminosas na América do Sul, incluindo o Brasil. Os dois ainda não foram encontrados pelas autoridades.
A Justiça também aceitou as representações contra outras 26 pessoas que integrariam a organização criminosa responsável pela venda de mais de 43 mil armas para o país, movimentando em três anos ao menos R$ 1,2 bilhão. Parte desse armamento era desviado para facções criminosas brasileiras como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV).
As investigações da PF apontaram que Diego Dirísio comprava armas fabricadas em países como Croácia, Turquia, República Tcheca e Eslovênia, para revender na América do Sul.
Investigação começou na Bahia
A denúncia é fruto das apurações feitas em inquérito policial instaurado a partir da apreensão de armas de fogo, acessórios e munições croatas, durante abordagem feita pela Polícia Rodoviária Federal no dia 23 de novembro de 2020, em Vitória da Conquista, na Bahia. Na ocasião, foram apreendidos: 23 pistolas calibre 9 mm com numeração suprimida; 70 carregadores, sendo 27 com prolongadores e 43 sem prolongadores; 2 fuzis calibre 556 mm, com números de série apresentando indícios de adulteração; 6 carregadores de fuzil e 1 munição calibre 9mm.
s armas eram importadas da Europa e da Turquia para o Paraguai, onde tinham a numeração raspada e eram revendidas a grupos de intermediários que atuavam na fronteira com o Brasil. Parte do armamento acabava sendo comprada pelas principais facções criminosas brasileiras, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho.
Durante as investigações, a partir do trabalho de perícia para recuperar o número de série dos armamentos, foram identificadas no território brasileiro 25 apreensões de armas de fogo comprovadamente importadas da Europa e da Turquia pela IAS-PY, as quais eram traficadas ilegalmente para o Brasil. As apreensões ocorreram nos seguintes estados da federação: Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.
Organização atuava em seis esferas
1) Núcleo Central: responsável pela coordenação da empresa IAS-PY e pelo controle dos demais núcleos;
2) Núcleo de Vendedores: formado por funcionários da empresa, era responsável pela venda de armas para intermediários e compradores brasileiros;
3) Núcleo Dimabel: integrado por militares paraguaios responsáveis pelo controle de armas naquele país, desembaraçava o registro e a movimentação do armamento no Paraguai e criava dificuldades para concorrentes da IAS-PY, em troca de vantagens indevidas;
4) Núcleo de Intermediários: formado por pessoas situadas no Paraguai que serviam de vínculo com compradores no Brasil, alteravam o número de série e a marca de fabricante e forjavam a criação de novas armas com peças extraídas de marcas diversas;
5) Núcleo de Compradores: formado por brasileiros integrantes das organizações criminosas que compravam armas diretamente do Paraguai;
6) Núcleo de Lavagem: integrado por pessoas responsáveis pela ocultação e dissimulação da origem e do destino de recursos destinados ao líder da organização criminosa ou a fabricantes de armas em diversos países da Europa e na Turquia.
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