CONFLITOS
"Muitas vidas já foram perdidas", diz ministra para indígenas na Bahia
Ida da comitiva é uma resposta aos ataques violentos realizados por fazendeiros contra indígenas
Por Da Redação
A ministra Sonia Guajajara; a presidenta da Funai, Joenia Wapichana, e a deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG), integrantes da comitiva interministerial do governo federal que seguiu nesta segunda-feira, 22, para a Bahia, visitaram os feridos em ataque de fazendeiros. Entre eles, está o cacique Nailton Muniz, do povo Pataxó Hã Hã Hãe, que se recupera de cirurgia após ter sido baleado no abdômen durante ação no domingo, 21.
A ofensiva dos fazendeiros ocorreu numa área de retomada próxima à Terra Indígena Caramuru-Catarina Paraguassu, cujo território abrange áreas nos municípios de Pau Brasil, Camacan e Itaju do Colônia, a cerca de 550 quilômetros de Salvador. “O nosso povo precisa viver porque a história do nosso povo enriquece o nosso país. Não vamos aceitar sermos tratados dessa maneira”, disse o cacique durante a visita num hospital de Ilhéus.
A comitiva liderada pela ministra seguiu depois para TI Caramuru-Catarina Paraguassu, onde prestaram sua homenagem durante o velório de Maria de Fátima Muniz, pajé e irmã do cacique conhecida como Nega Pataxó, que morreu baleada no mesmo ataque. Nega Pataxó era liderança espiritual e professora com importante atuação junto à juventude e às mulheres indígenas e, com seu irmão, integrava redes de saberes tradicionais de Universidades brasileiras, sendo doutora em Educação por Notório Saber pela UFMG, e o cacique Nailton, doutor por Notório Saber em Comunicação Social pela mesma universidade.
A ministra disse que o MPI tem acompanhado as situações de conflitos que vêm acontecendo e se ampliando no Brasil inteiro. Ela acrescenta que o episódio de violência já é uma manifestação alinhada com a aprovação da tese do marco temporal pelo Congresso Nacional. “Aqui na Bahia, onde tudo começou, o início do Brasil, a presença dos povos indígenas ainda vive toda essa situação de lutar pelo seu território. E aqui muitas vidas já foram perdidas nesse confronto com fazendeiros, com grileiros de terra”, disse a ministra.
Também tomaram parte da comitiva, o assessor da Secretaria Nacional de Diálogos Sociais da Secretaria Geral da Presidência, Luciano de Oliveira Gonçalves; a secretária-executiva do Ministério de Direitos Humanos e Cidadania, Rita Cristina de Oliveira; Jonata Carvalho Galvão da Silva, diretor de Promoção de Acesso à Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública; a diretora de Mediação e Conciliação de Conflitos Agrários do Ministério de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Claudia Dadico; Jorge Alberto Sarmento dos Santos Tembé, assessor da Secretaria de Saúde Indígena, e o secretário Nacional de Direitos Territoriais Indígena do MPI, Marcos Kaingang; entre outros servidores federais, além de membros da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).
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