BAHIA
"Não era para estar queimando tanto", diz bióloga sobre incêndios na Chapada
Moradores especulam que atos criminosos podem ter provocado as queimadas
Por Redação

O cartão postal da Chapada Diamantina sofre com chamas que se espalham pela mata desde a tarde da última quinta-feira, 27. A região entre o Morro do Pai Inácio e o Rio Mucugezinho, que recebe milhares de turistas anualmente, recebe agora brigadistas voluntários, bombeiros e aviões para aplacar as chamas, que aconteceram em um período incomum.
“Pelo estudo que realizamos, março e abril não é pra ser um período crítico de queimadas. Setembro a dezembro - algumas vezes se estendendo até janeiro - são os meses mais críticos. Não era para estar queimando tanto”, avalia Iara Macêdo, bióloga, mestre em ecologia pela UFBA e moradora de Lençóis, na Chapada Diamantina.
Moradores especulam que atos criminosos podem ter provocado as queimadas, que acontecem fora do período em que comumente são registradas.
“Não sei de onde surgem esses boatos. Mas a probabilidade de ser um incêndio natural é extremamente baixa, tenho em vista que a principal fonte de ignição de incêndios naturais são as incidências de raios, e até onde me consta não houve registro de raios naquela região nos dias em que antecedem o início dessas queimadas”, analisa Macêdo.

A bióloga compartilhou imagens de um estudo estatístico que aponta quais os meses em que tem mais focos de incêndio nas regiões da Chapada.
"Isso foi com base nos dados de 26 anos de estudo de monitoramento [...] Cada pontinho desse é um foco empilhado, então eles estão um em cima do outro no mesmo mês. Quanto mais pontinhos, mais quantidade de foco teve naquele mês. O vermelho é pra área que é fora do Parque Nacional da Chapada e o que está em verde é dentro do parque. Então tem também essa discrepância da quantidade de focos dentro e fora do parque", explica a bióloga.
O combate ao fogo
Mais 20 bombeiros militares e um helicóptero reforçam o combate ao incêndio florestal que atinge as regiões próximas ao Mucugezinho, Serra dos Brejões e Pai Inácio, na Chapada Diamantina.
Segundo o Corpo de Bombeiros, as equipes atuam com mochilas costais, além de equipamentos como pás, foices e enxadas. Para chegarem ao local do sinistro as equipes seguem por áreas de difícil acesso e com pontos bastante íngremes. Enquanto atacam os focos de incêndios, os militares também constroem aceiros para evitar que as chamas atinjam outras regiões.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes