SÃO JOÃO
Com baterista mulher, Japinha Conde lamenta machismo na música
Jéssica Menezes já está na banda de Japinha há três anos e valorizou essa relação com a artista
Por Lincoln Oriaj
A cantora Japinha Conde foi a primeira atração a se apresentar no palco principal do São João no Parque de Exposições, em Salvador, na noite desta segunda-feira, 24. Com um repertório misturando sucessos do forró e do sertanejo, ela agitou o público que chegou cedo ao Parque de Exposições.
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A artista carioca, que foi vocalista da banda Conde do Forró antes de seguir carreira solo, lamentou o preconceito sofrido no meio da música, que a fez mudar algumas atitudes em suas redes sociais.
"Tem que levar na esportiva e fazer o nosso. Se vocês verem, os recordes de público são mais de homens do que de mulheres. A mulher sofre aquele preconceito de que a mulher não pode beber, só o homem. Nas minhas redes sociais eu até parei com a bebida porque tinha muita gente falando. A mulher não pode fazer nada, não pode cantar, não pode beber", declarou.
Além do repertório repleto de sucessos, Japinha chamou a atenção pela interação com o público e com os integrantes de sua banda, em especial a baterista Jéssica Menezes, a quem rasgou elogios após a apresentação.
"Primeiramente, vou deixar meus elogios aqui a Jéssica Menezes. É uma pessoa maravilhosa e realmente é bem estranho uma mulher tocando bateria. A gente estava até conversando ontem, ela é igual a mim, gosta de fazer uma entrega boa. Para ela também não tem dia triste. Às vezes ela tá com dor, mas ela se entrega de corpo e alma e toca demais", declarou a cantora.
Ver uma baterista mulher em ação é algo incomum, mas Jéssica já está na banda de Japinha há três anos e valorizou essa relação com a artista. Ela conversou de maneira exclusiva com o Portal A TARDE.
"Desde o nosso primeiro show a gente já se identificou, tivemos uma compatibilidade muito massa e, no show, é indiscutivelmente notório, todo mundo vê a nossa interação, e essa nossa forma de conduzir o show. O pessoal sempre comenta e tudo isso é uma troca de energia que a galera joga pra gente e a gente joga pra galera e tem sido assim", revelou a baterista.
Aos 31 anos, Jéssica revelou que a maratona de shows durante o São João é complicada e que se diferencia dos homens, principalmente, na hora da preparação. Cheia de cuidados com a beleza, a baterista contou que, às vezes, fica sem comer e dormir para se arrumar para a apresentação.
"É cansativo, exaustivo, porque eu sou uma mulher que toca um instrumento, então eu preciso chegar bonita no show, mesmo sem dormir. Os homens normalmente levam 20 minutos para ficarem prontos, enquanto eu preciso, no mínimo, duas horas por conta de cabelo, maquiagem, e às vezes eu preciso tocar sem dormir, sem me alimentar, para chegar e estar bonita no show. Então é cansativo ao extremo, ao dobro", explicou.
Após dois shows em Salvador nesta segunda, Japinha Conde e sua banda terão três dias de descanso antes de retomar a agenda de shows em outros municípios da Bahia e outros estados do Nordeste.
O Grupo A TARDE está transmitindo a festa ao vivo, em todos os circuitos, no canal do YouTube A TARDE Play. Assista:
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