SÃO JOÃO
Diretora de quadrilha celebra reconhecimento: "Precisamos de apoio"
Mariete Lima é líder da quadrilha junina "Forró do ABC", que venceu Campeonato Estadual
Por Bianca Carneiro
Expressão artística consagrada no Nordeste, as quadrilhas juninas são agora reconhecidas como manifestação cultural nacional. A lei, sancionada pelo governo federal e publicada no Diário Oficial da União (DOU) na última segunda-feira, 24, no dia de São João, foi comemorada entre os quadrilheiros e quadrilheiras, entre elas, Mariete Lima, diretora da quadrilha junina "Forró do ABC", campeã do XV Campeonato Estadual deste ano.
“Recebi com muita felicidade essa notícia, a gente precisava desse apoio porque acredito que através dessa lei, as quadrilhas terão mais visibilidade, acho que vai abrir portas para apoios”, afirmou ela em entrevista ao programa Isso é Bahia, da A TARDE FM, desta quinta-feira, 26.
E para que as quadrilhas continuem no “Avancê”, é preciso, de fato, investimento, alerta Mariete. Ela destacou que apesar da importância cultural e também social, o movimento vem perdendo força em Salvador ao longo dos anos.
“As quadrilhas estão acabando. Nas décadas de 80 e 90, tínhamos 104 quadrilhas, hoje nós só temos seis quadrilhas adultas e duas mirins por falta de apoio. Então, eu vejo com muita esperança essa nova lei, espero que tenha um olhar delicado e mais profissional para essa manifestação cultural que é nacional. Sem apoio, acaba”, diz.
Para a quadrilheira, a falta de patrocínio não é por causa de público, que segundo ela, costuma lotar as apresentações. Mariete destaca que o problema vem da pouca valorização do São João como festa, em detrimento ao Carnaval, por exemplo.
“Na nossa cidade, a valorização é mais para o carnaval. Os governantes e empresários precisam entender que o São João é muito mais forte do que o carnaval. A própria quadrilha hoje movimenta uma cadeia produtiva muito grande e tem um trabalho social muito importante”, diz.
Mas Mariete também lembra que as quadrilhas juninas seguem em atividade pelo resto do ano e não só no São João. Ela conta que para uma quadrilha funcionar, a logística pode incluir até mais de 100 pessoas.
Os grupos da Bahia estão em nível nacional, mesmo sem esses apoios, a gente consegue fazer um trabalho grandioso, um trabalho competitivo. Talvez, com mais apoio e ajuda possa realmente dar uma condição melhor aos nossos brincantes [...] Hoje temos dificuldade para representar o nosso estado em um campeonato fora daqui. A gente não tem transporte, ajuda de custo, alimentação. As quadrilhas tentam se manter organizadas através de amigos, dos diretores…Então, a minha esperança é que venham editais para ajudar. Hoje as quadrilhas juninas estão no nível das escolas de samba.
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