SAÚDE NO SÃO JOÃO
Saúde tem esquema especial de atendimento durante as festas
Sesab reforça plantões e monta postos avançados nos locais de grande concentração de pessoas
Por Da Redação
O clima do São João já toma conta da Bahia e estima-se que cerca de 1,5 milhão de baianos e turistas vão aproveitar a festa no Estado. Nesse contexto, a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) montou um esquema especial para assegurar atendimento e orientações de saúde na capital e no interior. Com investimento de R$ 4,5 milhões, a pasta tem reforços na assistência médica durante o período e iniciativas de prevenção de infecções sexualmente transmissíveis, com testagem e distribuição de preservativos.
Dentro do esquema especial de assistência, o Hospital Geral do Estado (HGE), o Hospital Regional de Santo Antônio de Jesus (HRSAJ), o Hospital Regional Dr. Mário Dourado Sobrinho, em Irecê, e o Hospital Geral Clériston Andrade, em Ferira de Santana, terão reforço nos plantões médicos, de enfermagem e administrativo. Além disso, serão montados três postos de atendimento para os festejos em Salvador, localizados no Parque de Exposições, em Paripe e no Pelourinho. Eles estarão prontos para os primeiros atendimentos de urgência.
O fortalecimento da assistência se concentrará principalmente no HGE e no HRSAJ, hospitais que contam com unidades de tratamento de queimados. Com destaque no cenário nacional, o Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do HGE é o serviço que atende a maior parte das vítimas de queimaduras graves. São cerca de 200 profissionais especializados.
O coordenador do CTQ, o médico Marcos Barroso, que também é presidente da Sociedade Brasileira de Queimaduras, destaca que o serviço é uma unidade com tratamento especializado. “Podemos até falar que é um hospital dentro do hospital”, pondera. “O CTQ dispõe de um centro cirúrgico próprio e de uma sala de balneoterapia, onde realizamos os curativos maiores, além de uma UTI e os leitos de enfermaria. Com toda estrutura, conseguimos dar assistência integral ao paciente.”
A secretária de Saúde da Bahia, Roberta Santana, destaca que serão mais de mil plantões extras para as ações da Sesab para o período junino. “Sempre desejamos que ninguém precise de atendimento nos hospitais, mas, em caso de necessidade, teremos equipes a postos, principalmente nas unidades especializadas no tratamento de queimaduras”, afirma. A secretária acrescenta que todas as unidades hospitalares estaduais estarão de prontidão 24 horas.
Roberta Santana ainda destaca que o Centro de Atendimento a Múltiplas Vítimas do HGE poderá ser acionado em caso de desastres ou emergência com múltiplas vítimas. O espaço está apto a receber e tratar mais de 25 vítimas simultaneamente e conta com toda a infraestrutura de oxigênio, rede elétrica e demais características para o primeiro atendimento de emergência, com profissionais em regime de plantão.
Queimaduras
Dados divulgados pela Sesab mostram que junho é o mês com mais ocorrências de internações por queimaduras com fogos de artifício. Nos últimos cinco anos, o mês registrou, em média, 30% de todos os casos anuais. Em 2023, das 68 internações por queimaduras com fogos, 21 foram em junho. No ano anterior, dos 62 registros, foram 17 em junho. Já em 2021, 17 das 55 internações foram em junho. Em 2020, das 82 internações, 25 ocorreram em junho. E, em 2019, ano com maiores registros da série histórica, foram 145 internações por acidentes com fogos, das quais 45 em junho.
O balanço apresentado pela Sesab mostra que o número de ocorrências vêm caindo nos principais hospitais do interior, mas subindo na capital. No Hospital Regional de Juazeiro, por exemplo, entre 23 a 24 de junho de 2022, foram registradas oito ocorrências. Já em 2023, no mesmo período, o número caiu para três ocorrências – queda de mais de 62% no número de vítimas de queimaduras provenientes dos festejos juninos.
No HRSAJ foram registradas 12 ocorrências entre 23 e 24 de junho de 2022 e, em 2023, o número caiu para sete ocorrências no mesmo período, representando uma queda de mais de 41% no número de atendimentos motivados por queimaduras. Já no Hospital Geral do Estado, a realidade foi diferente: a unidade, que é referência para o tratamento de queimados, apresentou um aumento no número de ocorrências, saindo de 23 atendimentos no período em 2022 para 39 em 2023.
Paulo Plessim, médico cirurgião plástico que integra a equipe da Unidade de Queimados do HRSAJ, também destaca que os atendimentos por queimaduras de fogos costumam aumentar logo após o São João. Ele conta que algumas pessoas preferem continuar curtindo as festas para depois buscar atendimento. “Essa prática não é recomendável”, adverte. “Sempre que há qualquer queimadura, o ideal é que se busque uma unidade de saúde imediatamente. A demora no atendimento pode aumentar o risco de complicações, como infecções.”
O médico alerta que não devem ser utilizadas soluções caseiras em queimaduras como café e manteiga. “O que deve ser feito é lavar o local com água corrente e ir até um atendimento de emergência”, afirma.
Foi o que fez o auxiliar de topografia Walter Souza. Ele conta que, há seis anos, nas festas de São João em Muritiba, foi atingido por uma espada. O artefato atingiu suas costas, causando uma queimadura. “Após o acidente, lavei o local e busquei um pronto-socorro”, lembra. “Lá, os profissionais fizeram os procedimentos necessários. Felizmente não precisei de internação e, com as orientações passadas pelos médicos, não tive nenhuma sequela.”
Além de queimaduras, traumas com fogos também preocupam
Durante o período junino, além das queimaduras com os fogos de artifício, os traumas causados por explosão de bomba também preocupam. No HGE, hospital que conta com serviço de cirurgia de mão, em 2023, no período junino foram atendidas 38 pessoas vítimas de explosão de bomba, número maior que em 2022, quando foram 31 atendimentos.
O cirurgião Marius Wert, que coordena o Serviço de Cirurgia de Mão do HGE, alerta para os riscos do manuseio de fogos, principalmente pelas crianças. “Vemos muitos casos no HGE de acidentes com bombas”, relata. “Em alguns casos, o acidente causa mutilação de dedos e até mesmo da mão inteira.”
Para Wert, o ideal seria não usar nenhum tipo de bomba, mas em caso de utilização, deve se ter cuidados. “A recomendação é que os explosivos sejam colocados no chão para serem acesos, nunca devem ser acesos segurando pelas mãos”, ensina. “Em caso de algum acidente, da mesma forma que no caso de queimaduras, não devem ser utilizadas soluções caseiras, como manteiga ou café. Além disso, os cuidados com as crianças devem ser redobrados. Elas nunca devem usar fogos, principalmente sem a supervisão de um adulto.”
Precauções
O risco de algum acidente com fogos de artifício pode ser reduzido quando o artefato é adquirido em locais licenciados e utilizado conforme as instruções, é o que destaca o soldado Corpo de Bombeiros Militar da Bahia Alan Serra. De acordo com o militar, a primeira coisa que deve ser observada é se o local onde está sendo comercializado o produto é credenciado. Ainda segundo Serra, é imprescindível verificar se a embalagem do produto contém instruções de uso.
“Por se tratar de um material explosivo, deve ser produzido e comercializado em locais adequados”, explica. “Caso a quantidade de pólvora, a boca expulsora ou o pavio, por exemplo, não estejam nos tamanhos e quantidade corretas, pode haver acidente.”
O soldado também destaca a supervisão de crianças, lembrando que os fogos para os pequenos devem ser os de classe A, que são com menor quantidade de pólvora.
Além dos fogos, Serra chama a atenção para as fogueiras, tradicionais nos festejos juninos. “Só devem ser montadas e acesas afastadas das casas, da rede elétrica e de vegetação”, ressalta. “Outro ponto importante é que ela não devem ultrapassar um metro de altura. Além disso, não se deve usar combustíveis, como gasolina, para acender. Deve ser usado apenas um papel com óleo vegetal.”
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