RESPEITO À TRADIÇÃO
Sem proteção, forró pode virar “peça de museu”, diz sanfoneiro
Integrante da banda Fulô de Mandacaru, ele disse que os outros estilos musicais têm que se adaptar ao São João
Por Dara Medeiros e Edvaldo Sales
Sanfoneiro e porta-voz da banda Fulô de Mandacaru, Armandinho do Acordeon saiu em defesa do forró em coletiva de imprensa realizada durante o São João da Bahia. O grupo se apresenta no Largo do Pelourinho, em Salvador, na noite desta segunda-feira, 24.
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O artista pontuou que a banda tem uma luta importante, que é a Lei Luiz Gonzaga, a qual foi aprovada em junho de 2023 no Plenário da Câmara dos Deputados em regime de urgência. O projeto tem autoria de Armandinho e foi apresentado pelo deputado pernambucano Fernando Rodolfo (PL).
O projeto, que teve 278 votos a favor, 88 contra e quatro abstenções, prevê destinar 80% de recursos públicos para as festividades juninas em todo o território nacional, visando a valorização do forró, que em 2021 foi declarado Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “Nós tivemos a honra de sermos protagonistas da elaboração dessa lei”, disse o sanfoneiro.
Ainda de acordo com a proposta, os 20% restantes serão destinados a atrações de qualquer gênero musical, com o intuito de promover a diversidade cultural e artística das festividades do São João. Além da preservação da cultura popular nordestina, a Lei ainda tem como objetivos o estímulo ao turismo, o fomento à economia local e regional, valorização dos artistas e produtores culturais locais e fortalecimento do senso de pertencimento e identidade cultura.
Adaptação
Na ocasião, Armandinho pontuou ainda que os outros estilos musicais têm que se adaptar ao São João, não o forró. “O forró é a trilha sonora do São João. E, enquanto cultura, que é um direito social, o forró é patrimônio imaterial da cultura brasileira. A gente precisa entender, eu não posso gastar o dinheiro da educação com saúde, nem o da saúde com a educação. O dinheiro da cultura tem que ser gasto com cultura”, enfatizou.
Segundo Armandinho, “se o São João é o carro-chefe do patrimônio cultural brasileiro, nós temos que priorizar aquilo que está na lei”.
Por isso que a gente fez questão de trazer essa salvaguarda jurídica da legislação. Caso contrário, outros gêneros vão tomar conta e, daqui a pouco, a gente vai dizer que o forró virou peça de museu. Mas, enquanto existir o forrozeiro e a população que ama isso, vamos todos defender o forró.
Por fim, ele deixou claro que acha interessante que outros gêneros, como o sertanejo, se apresentem no São João, mas deixou um adendo: “que eles se adaptem também”.
“Chegou no Nordeste, porque não cantar ‘Olhar Pro Céu’ e ‘Asa Branca’? Eu aprendi que quando chegamos na casa dos outros a gente aprende a comer a comida que tem lá. Então, a gente tem que começar a se adaptar culturalmente e entender que, se aqui é o maior mercado, economicamente falando, para eles, é necessário entender que a nossa essência é, genuinamente, forrozeira”, completou.
O Grupo A TARDE está transmitindo a festa ao vivo, em todos os circuitos, no canal do YouTube A TARDE Play. Assista:
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