BAHIA
Sem bateria e movidos a luz: os menores robôs do mundo já são reais
Máquinas microscópicas do tamanho de um grão de poeira prometem revolucionar a medicina

Por Isabela Cardoso
Cientistas das universidades da Pensilvânia e de Michigan, nos Estados Unidos, alcançaram um marco histórico na robótica ao desenvolverem os menores robôs autônomos já criados.
Com dimensões entre 200 e 300 micrômetros, menores que o diâmetro de um fio de cabelo, essas máquinas são invisíveis a olho nu e capazes de se equilibrar sobre as cristas de uma impressão digital humana.
Diferente de protótipos anteriores, esses microrrobôs são totalmente independentes: possuem sensores, processamento interno, sistema de propulsão e fonte de energia própria, sem a necessidade de fios, baterias externas ou campos magnéticos.
Energia solar e baixo custo de produção
O segredo da autonomia reside em painéis solares microscópicos integrados ao chassi. Embora gerem apenas 75 nanowatts, a energia é suficiente para manter o robô ativo por meses devido a circuitos de consumo ultra-reduzido.
Além da tecnologia de ponta, o fator econômico impressiona: cada unidade custa aproximadamente um centavo de dólar para ser produzida. Esse baixo custo viabiliza a fabricação em massa e o uso de "enxames" de milhares de robôs para tarefas complexas.
"Natação" iônica: o fim das partes móveis
Em escala microscópica, as leis da física mudam. A gravidade perde relevância para a viscosidade, tornando rodas e pernas inúteis. Para resolver o dilema, os pesquisadores criaram um sistema de propulsão inovador:
- Campo elétrico: O robô gera eletricidade que movimenta íons no líquido ao redor.
- Fluxo de propulsão: Esse deslocamento cria um jato que empurra a máquina, permitindo que ela "nade".
- Velocidade: Eles atingem velocidades de até um comprimento corporal por segundo, sem sofrer desgaste mecânico.
Inteligência em escala extrema e a "Dança das Abelhas"
A autonomia é garantida por um dos menores computadores do mundo, redesenhado para operar em tensões baixíssimas. Os robôs conseguem medir variações de temperatura com precisão e se deslocar para áreas específicas.
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Para transmitir os dados coletados aos cientistas, os robôs utilizam um método inspirado na natureza: eles realizam uma sequência de movimentos coreografados (semelhante à comunicação das abelhas), que é decodificada por pesquisadores através de microscópios com câmera.
O futuro: medicina e inspeção celular
Esta primeira geração de microrrobôs abre portas para aplicações que antes pertenciam à ficção científica:
- Medicina: Monitoramento de células individuais e diagnósticos intracorpóreos.
- Indústria: Inspeção de microestruturas e auxílio na fabricação de nanodispositivos.
- Meio Ambiente: Sensores autônomos para análise química em microescala.
A tecnologia estabelece uma base inédita para a exploração de ambientes onde a presença humana ou de robôs convencionais é fisicamente impossível.
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