POLÊMICA
Após demitir 12 pessoas, Nubank recebe convocação urgente
Nubank demitiu funcionários depois de reações negativas a mudanças

Por Edvaldo Sales

O Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região marcou para quarta-feira, 12, a primeira “plenária virtual” com funcionários e colaboradores do Nubank após a empresa demitir 12 pessoas. As demissões foram anunciadas depois de reações negativas de funcionários às mudanças no modelo de trabalho da fintech.
Em nota, a entidade disse que a reunião terá início às 19h e terá como tema principal as mudanças do Nubank no modelo de trabalho a partir do ano que vem – que teria sido o estopim para a indignação de alguns funcionários, que manifestaram seu descontentamento.
O sindicato afirmou que “já começou a ouvir os trabalhadores do Nubank, por meio de um formulário onde eles podem enviar suas queixas, dúvidas e sugestões”.
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“Será uma mudança drástica para grande parte dos empregados do Nubank, já que hoje o regime de trabalho no banco é de uma semana inteira em presencial e oito a 12 semanas em home office. Por isso, queremos ouvir os trabalhadores, suas dúvidas e os problemas que enfrentarão com o novo regime”, disse a secretária-geral do sindicato, Lucimara Malaquias.
Segundo ela, “essa será a primeira plenária, mas o sindicato realizará outros encontros e teremos outros espaços de debate e de organização. É fundamental que todos participem”.
O diretor do sindicato, Marcelo Gonçalves, destacou que “é importante que os ‘nubankers’ sejam ouvidos, pois essa mudança tem muito impacto na vida profissional e pessoal deles”. “Vamos encaminhar esse processo de escuta para a negociação com o Nubank”, afirmou.
Demissão
Na última sexta-feira, 7, o Nubank demitiu 12 funcionários depois de reações negativas e até mesmo revolta durante uma reunião na qual a empresa anunciou o fim do modelo de trabalho quase 100% em home office e a adoção do formato híbrido a partir do ano que vem.
A companhia informou que, a partir do dia 1º de julho de 2026, pelo menos 70% dos funcionários terão de comparecer ao escritório do Nubank para trabalhar presencialmente dois dias por semana. A quantidade de dias presenciais aumentará para três por semana a partir de 1º de janeiro de 2027. Atualmente, os funcionários do Nubank comparecem ao escritório apenas durante uma semana por trimestre.
A mudança já havia sido anunciada em um e-mail assinado pelo CEO do Nubank, David Vélez. Na mensagem, o executivo admite que a empresa estava ciente de que poderia haver uma “disrupção para parte dos funcionários” com o novo formato de trabalho.
Indignação dos funcionários
O Nubank promoveu, na última quinta-feira, 6, uma reunião da qual participaram cerca de 7 mil dos 9,5 mil funcionários da companhia – a maior parte deles participou do encontro remotamente, via Zoom. Alguns funcionários reagiram de forma contrária à mudança no formato de trabalho, e a reunião foi marcada por momentos de maior rispidez entre os participantes, inclusive com alguns insultos e linguajar agressivo.
O caso foi analisado pelo Comitê de Conduta do Nubank. No dia seguinte, em um outro e-mail, a empresa anunciou a demissão de 12 funcionários. “Foi uma decisão difícil, mas nós impusemos um limite do que é desrespeito e agressão”, disse a empresa.
De acordo com o órgão interno que analisou o comportamento dos funcionários na reunião, houve elementos que justificaram as demissões por justa causa. O banco digital anunciou ainda que “muitos outros funcionários vão receber advertências por escrito”.
Depois disso, em um fórum de discussão interno, alguns funcionários do Nubank alegaram que moram longe das cidades nas quais há escritórios da empresa e que foram pegos de surpresa com o anúncio da direção. Outros também reclamaram de uma suposta falta de representatividade de pessoas de fora do Sudeste na instituição financeira, dizendo que a mudança no formato de trabalho prejudica mais aqueles que moram fora de São Paulo.
Sindicato se pronuncia
O Sindicato dos Bancários já havia pedido uma “reunião urgente” com a direção do Nubank para “esclarecer as demissões por justa” comunicadas no fim da semana passada. Afirmou ainda que “está em contato com os demitidos” e “registrou que seus relatos divergem das alegações da empresa”.
“O Sindicato não conhece o teor das mensagens que o Nubank alega como motivo das dispensas e afirma que não aceitará punição a trabalhadoras e trabalhadores por se manifestarem sobre mudanças que afetam diretamente sua vida e seu trabalho. A entidade pede a instalação imediata de uma mesa de negociação para tratar dos desligamentos e requer a suspensão das demissões enquanto durar a apuração”, segue o texto.
“Mudanças que impactam a vida de milhares de pessoas exigem transparência, diálogo e previsibilidade. Nossa prioridade é proteger o direito de manifestação dos trabalhadores e evitar qualquer forma de retaliação”, afirmou a presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Neiva Ribeiro.
Além disso, o sindicato afirma que, além de solicitar a reunião com a direção do Nubank, pediu “a suspensão das 12 demissões enquanto houver investigação”. A entidade também reafirmou o “compromisso de tratar as demandas dos trabalhadores nas reuniões mensais com o sindicato” e prometeu a “convocação, nos próximos dias, de reunião virtual aberta aos trabalhadores do Nubank”.
Expansão de escritórios
Após a polêmica, o Nubank disse aos funcionários que irá expandir seus escritórios para atender ao aumento do número de pessoas que trabalharão presencialmente. A companhia conta com duas unidades em São Paulo, uma na Cidade do México e uma em Bogotá (Colômbia).
O Nubank tem ainda três espaços para networking e capacitação, os chamados “hubs de talentos”, em Montevidéu (Uruguai), Berlim (Alemanha) e Durham (EUA).
A companhia pretende inaugurar novos escritórios em Campinas (SP), Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), Buenos Aires (Argentina), Washington (EUA), Miami (EUA) e Palo Alto (EUA).
A fintech afirmou ainda que algumas funções continuarão sendo exercidas remotamente “devido à natureza de seus trabalhos exigir pouca ou nenhuma interação com outras equipes”.
Entre esses cargos, estão profissionais de atendimento ao cliente, profissionais de investimentos, ouvidoria, rotuladores de dados, investigadores de crimes financeiros, profissionais de soluções regulatórias e profissionais de recursos humanos.
Ao Portal A TARDE, o Nubank pontuou que "trabalha para preservar canais e rituais abertos para o livre debate entre seus funcionários, mas não tolera desrespeito e violações de conduta. O Nubank não comenta casos individuais de desligamento".
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