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Bolsonaro escolhe uma mulher para presidir a Caixa

A escolhida é considerada o "braço direito" de Paulo Guedes

Publicado quarta-feira, 29 de junho de 2022 às 12:45 h | Autor: Da Redação
Daniella Marques desde 2019 está no Ministério da Economia
Daniella Marques desde 2019 está no Ministério da Economia -

Com a saída iminente de Pedro Guimarães, acusado de assédio sexual por um grupo de funcionárias, da presidência da Caixa Econômica Federal, o governo Bolsonaro já escolheu quem irá substituir. A escolhida foi Daniella Marques, que desde fevereiro comanda a Secretaria de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia.

Daniella é considerada o “braço direito” do ministro da Economia Paulo Guedes, que também foi o responsável por indicar Guimarães à presidência da Caixa, ainda no início do governo Bolsonaro. A tendência é que a substituição seja oficializada no Diário Oficial da União na quinta-feira, 30. 

A futura nova presidente da Caixa é formada em administração pela PUC do Rio de Janeiro e atuou no mercado financeiro por 20 anos antes de entrar no governo. Ela foi sócia de Guedes na Bozano Investimentos e desde 2019 está no Ministério da Economia. 

As acusações

De acordo com reportagem do Metrópoles, no fim do ano passado, um grupo de funcionárias da Caixa decidiu denunciar episódios de assédio sexual cometidos por Pedro Guimarães. Todas elas trabalham ou trabalharam em equipes que servem diretamente ao gabinete da presidência da Caixa. 

As mulheres relatam toques íntimos não autorizados, abordagens inadequadas e convites incompatíveis com o que deveria ser o normal na relação entre o presidente do maior banco público brasileiro e funcionárias sob seu comando. Uma investigação foi aberta e corre sob sigilo no Ministério Público Federal. Este é o primeiro caso público de assédio sexual envolvendo um alto funcionário do governo Jair Bolsonaro.

A maioria dos relatos citam viagens realizadas por Pedro Guimarães como parte do programa Caixa Mais Brasil. Desde janeiro de 2019, foram realizadas mais de 140 visitas a cidades de todas as regiões. As viagens ocorrem principalmente nos finais de semana.

“É comum ele pegar na cintura, pegar no pescoço. Já aconteceu comigo e com várias colegas”, disse uma funcionária. “Ele trata as mulheres que estão perto como se fossem dele.”

“Ele já tentou várias vezes avançar o sinal comigo. É uma pessoa que não sabe escutar não”. “Quando escuta, vira a cara e passa a ignorar. Quando me encontrava, nem me cumprimentava mais”, completa. 

Outro relato é de que a escolha das mulheres que integram a comitiva nas viagens do programa Caixa Mais Brasil é feita diretamente pelo gabinete de Guimarães "Tem um padrão. Mulher bonita é sempre escolhida para viajar”. “Ele convida para as viagens as mulheres que acha interessantes”, afirma.

Em uma viagem, duas funcionárias da equipe foram chamadas para ir à piscina do hotel encontrar Pedro Guimarães. Na ocasião, uma pessoa próxima a Guimarães fez uma proposta. “E se o presidente quiser transar com você?”.

Em uma viagem, uma funcionário foi surpreendida. Ela afirma que, depois de concluídos os trabalhos, Guimarães a chamou para repassar a agenda do dia seguinte e enquanto caminhavam, a tocou. “Ele passou a mão em mim. Foi um absurdo. Ele apertou minha bunda. Literalmente isso”.

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