RIO DE JANEIRO
Conheça Doca, líder do CV e principal alvo de megaoperação com 121 mortos
Doca era um dos principais alvos das polícias

Por Jair Mendonça Jr

Na hierarquia do Comando Vermelho (CV), ele está abaixo apenas de Marcinho VP e Fernandinho Beira-Mar, ambos presos, Edgar Alves de Andrade, o 'Doca ou Urso', 55 anos, era o principal alvo da megaoperação no Rio de Janeiro contra o CV que deixou, até o momento, 121 mortos.
Realizada pelas polícias fluminenses nesta terça-feira, 28, nos complexos do Alemão e da Penha, a megaoperação já é considerada a mais letal da história no país. Com mandado de prisão preventiva decretado antes da operação, Doca escapou do cerco e conseguiu fugir.
O secretário de Segurança Pública do Rio, Victor Santos, disse que o criminoso usou "soldados" do tráfico para fazer uma barreira e escapar da operação. O Disque Denúncia do Rio está oferecendo R$ 100 mil para quem tiver informações sobre o paradeiro de Doca.
"O Doca, nós não conseguimos pegar nesse primeiro momento porque é uma estratégia que eles fazem", disse Santos em entrevista à GloboNews, explicando que a estratégia usada por Doca, dixando os "soldados" à frente para serem presos com mais facilidade, dificultou a prisão dele e de outras liderança da facção.
Ficha criminal
Os registros criminais indicam que Edgard Alves de Andrade, nasceu em 1970 em Caiçara, embora haja controvérsia sobre se essa localidade é no Rio Grande do Sul ou na Paraíba.
Sua entrada no submundo do crime ocorreu há, no mínimo, duas décadas. Em 2007, ele foi detido em flagrante na Vila da Penha, Zona Norte carioca, por posse ilegal de arma de fogo e envolvimento com o narcotráfico. À época da prisão, Doca alegou ser um militar. Após cumprir parte da pena, ele obteve o regime semiaberto.
Leia Também:
Foragido das autoridades, Doca ascendeu a uma posição de destaque na organização criminosa. Deixou de ser um mero integrante para assumir a gestão dos ativos da facção, particularmente na área da Vila da Penha, e para planejar e dar ordens para ações, como o homicídio de André Lyra de Andrade.
O ímpeto de Doca para eliminar André Lyra estava ligado à guerra por territórios na Zona Norte, uma região onde nos últimos anos a rivalidade entre as milícias e o Comando Vermelho (CV) se intensificou.
Em 2020, o Terceiro Comando da Capital (TCP) estabeleceu uma aliança com a milícia do Quitungo — uma área de interesse do CV que estava enfraquecida — para comercializar entorpecentes de forma discreta no local, que fica próximo ao Complexo da Penha.
Em março de 2020, membros do TCP desafiaram o CV ao gravarem vídeos dentro da Vila Cruzeiro, na Penha. Meses depois, em outubro, o desafio evoluiu para ataques a áreas do Complexo da Penha. O CV retaliou, oferecendo recompensas nas redes sociais pela morte dos oponentes na região, com "Lápis" sendo um dos alvos.
Na qualidade de líder do CV, Doca é apontado como um dos principais artífices da expansão da facção. Entre 2022 e 2023, a organização ampliou em 8,4% as áreas sob seu domínio, reassumindo a dianteira perdida para as milícias e passando a controlar 51,9% dos territórios sob o domínio de grupos armados na Região Metropolitana do Rio.
Essa escalada de confrontos entre grupos milicianos e facções culminou, em outubro de 2023, na execução por engano de três médicos na Barra da Tijuca: Diego Ralf Bomfim, Marcos de Andrade Corsato e Perseu Ribeiro Almeida.
A polícia apurou que os criminosos confundiram Perseu com Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, filho de um miliciano. A ordem para o ataque teria partido de Doca que, ao ser notificado sobre a falha, teria mandado executar seus próprios comparsas.
Siga o A TARDE no Google Notícias e receba os principais destaques do dia.
Participe também do nosso canal no WhatsApp.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Siga nossas redes



