EXPEDIÇÃO JALAPÃO
Falésias alaranjadas compõem paisagem da Serra do Espírito Santo
Atração está localizada ao lado das dunas e está em constante estado de erosão por causa das rochas de arenito
Por Isabela Cardoso, de Tocantins*
Observar o horizonte em toda a sua vastidão pode ser um verdadeiro espetáculo que não se vê todo dia. A Serra do Espírito Santo é um dos poucos locais no Jalapão que proporciona essa sensação, com dois mirantes localizados em pontos diferentes do platô (parte plana). Em meio a tantos chapadões do cerrado jalapoeiro, ela se destaca como uma das paisagens que são cartões-postais do Jalapão.
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A atração está localizada ao lado das dunas e está em constante estado de erosão, o que faz ter uma diversidade de formas ao longo das suas rochas. Ela possui uma trilha nível médio com dois ângulos de mirantes: de um lado é possível ver uma imensa extensão do cerrado, do outro lado se observa as dunas douradas e as falésias. O trajeto tem cerca de 8 km no total, com 850 metros de subida íngreme, o que leva uma duração média de 4h de ida e volta.
“Requer um pouco de preparo físico. Chegando lá em cima, tem o primeiro mirante e depois caminhamos mais 3 km no platô, que vai dar acesso ao segundo mirante, que é as falésias. É onde vem todo o processo de erosão que formam as dunas”, comenta Ronan.
O melhor horário para subir a Serra do Espírito Santo é no início da manhã, antes mesmo das 7h, para observar o nascer do sol e evitar também um longo período de exposição. Há alguns bancos distribuídos estrategicamente na subida da trilha para as paradas de recuperação, além de estacas e cordas para suporte.
O que parece ser um grande desafio, na verdade traz o ângulo mais privilegiado de todo o Jalapão, proporcionando um cenário inesquecível para quem o presencia. Em uma das extremidades da serra está o Morro do Saca-Trapo, com seu formato mais pontudo por causa da erosão. De cima do chapadão também é possível ver os morros da Bigorna, da Muriçoca, do Sereno, entre outros.
Na volta para o acampamento, almoçamos e descansamos para nos prepararmos para uma atividade diferente: a flutuação no Rio Novo. A prática, proposta exclusivamente pela Korubo, acontece no perímetro do rio onde fica o acampamento. É possível descer 600 ou 1.500 metros, com o apoio dos guias durante o percurso.
Equipados com coletes, subimos cerca de 5 minutos para uma prainha mais distante e descemos pela água, apenas boiando e relaxando nas águas frescas e naturais do rio. O passeio foi um respiro de um dia mais desafiador.
“Uma curiosidade legal é que o Rio Novo é um local perfeito para a reprodução do ‘pato mergulhão’. Durante os meses de agosto e setembro, a Korubo não realiza o passeio de canoagem para ajudar nesse período de reprodução do nosso patinho”, conta o guia José Eduardo.
Por ser a última noite no acampamento, foi realizada uma grande fogueira a céu aberto, com contações de histórias de terror e enigmas a serem resolvidos. Em meio a risadas soltas e medos dos relatos sobre fantasmas, o sentimento saudoso já se fazia presente por todas as memórias criadas no local.
Comunidade quilombola
A caminho da trilha da Serra do Espírito Santo, os guias contaram a história do patriarca da comunidade quilombola de Rio Novo, onde passávamos todos os dias com o caminhão. Seu Abel, como era conhecido, faleceu há cerca de dois meses, com 116 anos de idade.
“Seu Abel chegou para cá há muito tempo, com uns 30 a 40 anos. Ele chegou a ser escravo, veio refugiado da Bahia e acabou ficando. Naquele tempo, o pessoal procurava um canto que era isolado e, como aqui era o norte goiano, era tudo pacato para cá”, conta Zé Eduardo.
O patriarca construiu uma família que, hoje, compõe toda a comunidade do Rio Novo, onde construíram um restaurante para turistas como fonte de renda.
Confira o vídeo do quarto dia de expedição:
*Repórter viajou a convite da GOL e Smiles Viagens
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