BRASIL
Em Salvador, Governo Federal lança incubadora de apoio a mídias negras e periféricas
Ação terá um investimento inicial de R$ 15 milhões para todo o país
Por Isabela Cardoso

O Governo Federal lançou a “Incubadora de Soluções para Mídias Negras e Periféricas Independentes” nesta segunda-feira, 26, em Salvador, durante a abertura do 15º Fórum da Internet no Brasil. A iniciativa é uma política pública inédita voltada ao fortalecimento de micro, pequenas e médias iniciativas jornalísticas com foco em mídias negras, periféricas e independentes.
Coordenada pela Secretaria de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom-PR), em parceria com o Ministério da Igualdade Racial (MIR), a incubadora integra o Plano de Comunicação pela Igualdade Racial.
Segundo Thiago César, secretário-executivo da Secom-PR, a ação terá um investimento inicial de R$ 15 milhões para todo o país.
“Se nada for feito, o jornalismo pode desaparecer. E ao desaparecer o jornalismo, fatalmente a gente também cria um obstáculo que é a permanência da democracia brasileira. A existência da democracia e a existência do jornalismo são posições que se alimentam”, afirmou Thiago.
César destacou ainda o simbolismo de Salvador como ponto de partida da iniciativa. “Seria estranho se esse projeto nascesse nos grandes centros de informações que estão instalados. Então a gente nasce num lugar onde tem uma história, uma cultura negra abundante”, disse.
Democratização das verbas
A incubadora também dialoga com uma nova diretriz do governo federal de descentralizar o acesso às verbas públicas de comunicação. Thiago César anunciou que a Portaria 142, já em elaboração final, vai permitir que portais de menor porte acessem recursos destinados à publicidade institucional do governo federal.
"Toda a verba publicitária, todo o PIB publicitário da orçamento dos governos, que está no governo federal, está destinado a pequenos grupos e grupos que não são capazes de gerar informações", afirmou.
“É mais um passo importante para a gente criar uma estrutura de jornalismo que seja inclusiva, diversa, plural e geograficamente abundante”, destacou.

Recorte racial
A mesa de abertura contou também com a participação do secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia, André Joazeiro, que reforçou o compromisso do governo estadual com a pauta racial. “O recorte racial é muito importante aqui pra gente. Jerônimo Rodrigues tem pedido que nós levemos essa pauta para as escolas, junto com a secretária da Educação, Rovena Brito”, disse.
Joazeiro ressaltou que o estado já conta com 83 agências de notícias distribuídas pelos territórios de identidade e cerca de 900 pessoas atuando em ações voltadas à educação midiática. Além disso, ele anunciou a instalação de 90 laboratórios de games em diferentes regiões e a criação de clubes de ciência com foco na democratização do acesso à tecnologia.
“Sem a imprensa, a gente não consegue ter democracia, sem ciência e tecnologia também a gente não consegue ter democracia. Talvez por isso, desmontagens que foram feitas nessas estruturas, com toda essa violência contra a imprensa e a negação da ciência, tem um porquê de querer que não recebam a violência [...] É fundamental uma presença política, não tem como a gente fechar os olhos para as dificuldades que têm origem na questão da raça, historicamente, que não foi construída e tratada pela nossa sociedade”, completou.
Base científica
Durante a mesa de abertura, o diretor-geral da Superintendência de Estudos Sociais e Econômicos da Bahia (SEI), José Acácio Ferreira, ressaltou a importância de produzir dados e diagnósticos para embasar políticas públicas eficazes.
“Vamos fazer um diagnóstico sério, vamos buscar evidências científicas e vamos apontar direcionadores para as nossas políticas públicas, para que a mão do Estado chegue aos supostos invisíveis. Então, essa sensibilidade desses ministérios, de ser a responsável em todo esse projeto, é um indicativo efetivo, de que a Bahia e o Brasil não vão deixar ninguém para trás”, afirmou.
Educação e internet

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), também esteve presente no evento e falou sobre a importância da inclusão da pauta racial nas escolas e do uso da internet como aliada na formação cidadã.
“Para que esse ambiente seja um ambiente de fortalecimento da inclusão, do respeito. Nesse momento, a iniciativa, inclusive, a participação da SEPROMI, da gente garantir que a temática seja uma temática melhor divulgada, mais respeitada, esclarecida, porque nem sempre a gente consegue agilizar na velocidade que a internet tem dentro dos currículos escolares. Então a internet é um ambiente para que os jornalistas possam cada vez mais fortalecer esse tema de uma forma mais correta, de uma forma mais honesta e justa com o povo negro”, concluiu.
A mesa de abertura contou ainda com a presença de Andressa Almeida, assessora especial do MIR; Inácio Arruda, secretário de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação; e Renata Mielli, do Comitê Gestor da Internet no Brasil.
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