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Jovens trocam o cigarro pelo narguilé, alerta Inca

Publicado quarta-feira, 29 de agosto de 2012 às 17:55 h | Atualizado em 19/11/2021, 05:04 | Autor: Clarissa Thomé | Agência Estado

A população jovem está trocando o cigarro pelo narguilé, o tradicional cachimbo de água oriental. O alerta foi divulgado nesta quarta-feira, Dia Nacional de Combate ao Fumo, pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), que fez uma revisão da Pesquisa Especial sobre Tabagismo (PETab), divulgada em 2008 pelo IBGE. Já naquele momento, 270 mil brasileiros utilizavam o narguilé. Levantamento do Inca, em 2011, mostrou que um em cada cinco estudantes de odontologia, em São Paulo, utilizam outros produtos de tabaco, que não o cigarro - destes, 85% deles usavam narguilé. Entre alunos de 13 a 15 anos, de São Paulo, o uso de narguilé chegava a 93%, entre os 22% que informavam consumir outros produtos de tabaco, além do cigarro industrializado.

"Quando a PETab ficou pronta, em 2008, havia 25 milhões de brasileiros usando tabaco; desses, 24 milhões fumavam cigarro. Não parecia ser importante o uso do narguilé no Brasil. Mas estudos internacionais chamaram a atenção para o problema. Fomos analisar e vimos que eram 270 mil já em 2008. O narguilé induz à dependência em tabaco da população jovem", diz a coordenadora da Divisão de Epidemiologia do Inca, Liz Almeida. A PETab é uma pesquisa quinquenal. A próxima será feita em 2013.

O narguilé é um grande cachimbo composto de um fornilho, onde o fumo é queimado, um recipiente com água perfumada - que o fumo atravessa antes de chegar à boca - e uma mangueira, por onde a fumaça é aspirada.

Uma sessão de narguilé de 60 minutos equivale a estar em um ambiente em que são consumidos 100 cigarros. A ingestão de nicotina nesse período varia de 10 a 20 mg. No mesmo período, um fumante de cigarro industrializado consumiria 5 mg de nicotina.

"Existe uma ideia equivocada de que o narguilé é inócuo. E não é. A água não filtra absolutamente nada; é tão ou mais perigoso que o cigarro e a pessoa está exposta a 4.720 componentes tóxicos", afirma a psiquiatra e chefe do setor de dependências químicas da Santa Casa, Analice Gigliotti. Ela lembra ainda que as fontes de aquecimento utilizadas, como carvão por exemplo, liberam outros compostos químicos perigosos, como metais e monóxido de carbono.

Além da PETab, o uso do narguilé apareceu em outros levantamentos, como o Perfil de Tabagismo em Estudantes Universitários do Brasil (PETuni), do Inca, feito em capitais como São Paulo, Brasília e Florianópolis, em que 55% dos universitários que declararam consumir outros produtos do tabaco informaram usar narguilé. E no Vigilância de Tabagismo em Escolares (Vigescola), do Ministério da Saúde, que estudou o consumo de tabaco entre adolescentes de 13 a 15 anos.

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