PALCO GLOBAL
Mineração sustentável: essas são três as metas ambiciosas do setor na COP30
Setor defendeu ser essencial para a transição verde e revelou metas para reduzir o consumo de água

Por Georges Humbert*

A mineração se apresentou na COP30, em Belém, do Pará, não como vilã, mas como uma aliada estratégica na luta contra as mudanças climáticas. Em meio às críticas históricas sobre o garimpo ilegal, o setor mineral brasileiro utilizou o palco global para defender a viabilidade da mineração sustentável e reforçar sua indispensabilidade para a transição energética.
O Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) e outras entidades anunciaram metas ambiciosas para reduzir o impacto ambiental da atividade e se consolidar como um fornecedor global de minérios essenciais para a economia de baixo carbono.
Durante os painéis e anúncios na COP30, o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) e outras entidades do setor divulgaram metas ambiciosas para sustentabilidade, que, segundo eles, vão além de discursos vazios. Entre os principais compromissos destacados estão:
- Redução do consumo de água em até 30% nas operações minerárias até 2030;
- Aumento do uso de energias renováveis para 80% das fontes energéticas nas minas;
- Adoção de práticas de mineração circular, que visam reaproveitar rejeitos e minimizar resíduos.
Essas iniciativas, segundo líderes como o presidente do Ibram, Raul Jungmann, posicionam o Brasil como um fornecedor global de minérios de baixo impacto ambiental, especialmente na Amazônia, onde a mineração legal pode atuar como vetor de desenvolvimento econômico e proteção ambiental.
A EY, em relatório apresentado na conferência, enfatizou que a adoção de critérios ESG (Ambiental, Social e Governança) pode impulsionar em 20,81% a atividade econômica do setor, gerando empregos qualificados e investimentos em comunidades locais.
É inegável que os garimpos ilegais merecem toda a atenção crítica: eles representam uma ameaça real à biodiversidade, aos povos indígenas e à integridade dos ecossistemas.
No entanto, a sociedade muitas vezes generaliza, pintando toda a mineração com o mesmo pincel de destruição.
Na COP30, ficou claro que a mineração sustentável – regulada, com monitoramento ambiental rigoroso e tecnologias de ponta – é uma realidade. Projetos como os de extração de minerais críticos na Amazônia Legal demonstram que é possível extrair recursos sem comprometer o futuro.
Esses minerais, aliás, são o “elo invisível” da transição verde, como bem destacou um painel dedicado ao tema: sem eles, não há economia de baixo carbono.
Para ilustrar essa dependência inescapável, basta olhar ao nosso redor. Praticamente tudo que impulsiona a sustentabilidade moderna depende da mineração. As placas solares, por exemplo, requerem silício, alumínio, prata e telúrio – minerais extraídos de minas responsáveis – para capturar a energia do sol e combater o aquecimento global. Sem esses elementos, a expansão da energia solar, tão celebrada na COP30, seria inviável.
Os celulares, que conectam bilhões de pessoas e facilitam a disseminação de informações ambientais, dependem de lítio, cobalto, grafite e terras raras para suas baterias e componentes eletrônicos. Imagine um mundo sem smartphones: a coordenação global de ações climáticas seria drasticamente prejudicada.
E não para por aí. As torres eólicas, símbolos da energia limpa, são construídas com aço (derivado de minério de ferro), cobre para os cabos elétricos e neodímio (uma terra rara) para os ímãs dos geradores, permitindo que ventos sejam convertidos em eletricidade renovável. Veículos elétricos, painéis de LED eficientes, baterias de armazenamento de energia e até infraestruturas de redes 5G – tudo isso repousa sobre uma base mineral. Na COP30, especialistas da mineração enfatizaram que minerais críticos como lítio, níquel e cobalto são essenciais para alcançar as metas do Acordo de Paris, impulsionando a descarbonização global.
Sem uma mineração sustentável, corremos o risco de trocar um problema ambiental por outro: a escassez de recursos para tecnologias verdes.
A mensagem da COP30 é clara: é hora de superar o maniqueísmo. Enquanto combatemos os garimpos ilegais com fiscalização rigorosa e políticas públicas eficazes, devemos investir na mineração responsável como parceira na sustentabilidade. O Brasil, com suas vastas reservas, pode liderar esse caminho, transformando a Amazônia em um modelo de equilíbrio entre economia e preservação. Como sociedade, precisamos focar no positivo: inovação, empregos verdes e uma transição energética justa. Afinal, o futuro sustentável não é construído no vácuo – ele é extraído da terra, de forma ética e visionária.
*Georges Humbert é correspondente de A TARDE na COP30, em Belém
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