BRASIL
"Não lembro de nada", disse motorista de Porsche após acidente
Terceiro pedido aconteceu nesta quarta-feira, 24, após o inquérito do caso ter sido concluído
Por Isabela Cardoso
Após o acidente que causou a morte do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, 52, o empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, 24, afirmou para policiais no local que não se lembrava do que tinha acontecido.
Fernando teve o pedido de prisão preventiva solicitado três vezes pela polícia. O terceiro pedido aconteceu nesta quarta-feira, 24, após o inquérito do caso ter sido concluído. Ele foi indiciado pelos crimes de homicídio com dolo eventual, fuga do local e lesão corporal. Sua mãe é citada no final do inquérito e apontada como coautora no crime de fuga de local.
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Segundo a Folha de São Paulo, imagens de câmeras corporais dos agentes mostram o momento da abordagem policial. Por volta das 3h do dia 31 de março, o jovem ao lado da mãe, Daniela Cristina de Medeiros Andrade, tentam deixar o local, mas são impedidos por uma policial militar. A agente afirma que precisa "qualificar" o jovem antes de liberá-lo.
A PM pergunta a outro colega se ele possui equipamento para teste de bafômetro no local, mas ele responde que não tem. Questionado sobre o que tinha acontecido, Fernando diz: "A gente estava saindo da festa e a gente ia para a minha casa jogar sinuca, aí do nada aconteceu um acidente horrível e aconteceu isso. Eu não lembro mais de nada".
Nas imagens, a mãe aparece ao lado do empresário e pede que ele seja liberado para ir ao hospital. "Pelo amor de Deus, moça. Se ele tiver batido a cabeça, cada minuto conta", diz.
As imagens também mostram Fernando perguntando diversas vezes onde está seu amigo Marcus Vinicius Rocha, 22, que estava no banco do passageiro e se feriu no acidente. "O Marcus está bem?", pergunta, e é informado que Marcus foi levado para o hospital.
"Pode ir?", pergunta a mãe após os questionamentos da polícia sobre o que havia acontecido. Os policiais concordam e liberam a família. "Vamos, Fernando", diz ela.
Fernando é então retirado do local do acidente no carro da mãe sob a alegação de que seria levado para atendimento no hospital São Luiz, sem passar pelo teste do bafômetro.
Ao chegarem à unidade Anália Franco do hospital, porém, os PMs foram informados de que Fernando não havia dado entrada no pronto-socorro, nem em qualquer outro endereço da rede hospitalar. Os policiais disseram que então tentaram contato por telefone com a mãe e o investigado, que não atenderam as ligações.
Fernando só se apresentou à Polícia Civil mais de 30 horas após a batida "a fim de afastar indícios de embriaguez", segundo parecer da promotora Monique Ratton, da 6ª Promotoria de Justiça da Primeira Vara do Júri da Capital. Para o Ministério Público, a mãe de Fernando tentou atrapalhar as investigações.
"O que denota que os envolvidos agiram de forma a tentar se furtar da aplicação da lei penal já tendo desrespeitado solicitações policiais durante o momento do flagrante do crime, trazendo prejuízos à investigação, o que demonstra que não houve pedido arbitrário ou ilícito de prisão no caso", continua.
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