BRASIL
Paciente que esperava 5 órgãos do mesmo doador é selecionado
Após quatro anos de tratamentos intensivos, paciente finalmente encontra doador compatível

Por Luan Julião

Aos 35 anos, o arquiteto Luiz Perillo, de Brasília, vive um momento que ele e a família descrevem como um renascimento. Após quatro anos de espera, exames, internações e uma rotina de hemodiálises e nutrição parenteral, ele foi chamado para um dos procedimentos mais raros e complexos da medicina: o transplante multivisceral.
A cirurgia aconteceu em São Paulo nesta terça-feira, 23. O que a torna tão especial é o fato de os cinco órgãos necessários, fígado, estômago, intestino, rim e pâncreas, terem vindo de um único doador, algo essencial para reduzir as chances de rejeição.
Uma luta marcada por disciplina
Luiz convive com a trombofilia desde a juventude. A doença comprometeu sua circulação e, ao longo dos anos, levou à falência múltipla dos órgãos. Em 2021, ele iniciou uma longa internação que se estendeu por mais de dois anos. Mesmo diante das limitações, manteve uma rotina de exercícios físicos.
“O exercício físico salvou a vida dele. Ele sabia que precisava ter músculos mais fortalecidos para conseguir passar pelo transplante”, contou a mãe, Jussara Martins, de 60 anos, tomada pela emoção ao acompanhar a preparação do filho para a cirurgia.
Avanço da saúde pública
Até fevereiro deste ano, transplantes multiviscerais não estavam disponíveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o que deixava muitos pacientes sem alternativas. A mudança de protocolo pelo Ministério da Saúde garantiu a oferta gratuita e o financiamento de novos centros de referência.
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Hoje, cinco hospitais no Brasil estão autorizados a realizar o procedimento, quatro deles em São Paulo e um no Rio Grande do Sul.
Um futuro possível
Luiz se junta a um grupo restrito de brasileiros que receberam o transplante multivisceral. No país, cerca de 9,4 mil transplantes foram realizados em 2024, mas apenas dois deste tipo. Outros seis pacientes ainda aguardam por um doador compatível.
Doação de órgãos: como declarar a vontade
Histórias como a de Luiz só se concretizam porque famílias autorizam a doação de órgãos. No Brasil, essa decisão cabe aos parentes próximos, mas é possível formalizar a vontade em vida:
No novo RG, há a opção de registrar no verso a autorização para doar, válida também para quem já fez o registro na versão antiga até 2032.
Na modalidade digital, pelo site www.aedo.org.br, onde o cadastro é gratuito e confirmado por videoconferência com um cartório.
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