BRASIL
Saiba se será possível observar o cometa 3I/ATLAS no Brasil
Aplicativos de astronomia e mapas estelares digitais podem ajudar na localização

Por Isabela Cardoso

O cometa 3I/ATLAS voltou a ser detectado por telescópios no dia 31 de outubro, após passar semanas oculto atrás do Sol. A reaparição do corpo celeste reacendeu o interesse de astrônomos e observadores de todo o mundo, já que ele deve atingir o ponto de maior aproximação com a Terra em dezembro.
Apesar da expectativa, o fenômeno não poderá ser visto a olho nu. O brilho máximo estimado, magnitude 11,5, torna sua observação possível apenas com telescópios de médio porte, com abertura mínima de 20 centímetros, e em condições ideais de visibilidade.
Quando e onde observar
Segundo especialistas, o 3I/ATLAS poderá ser localizado nas madrugadas a partir de 19 de dezembro, especialmente antes do nascer do Sol e na direção leste. No Brasil, as melhores oportunidades estarão em regiões próximas à Linha do Equador, com horizonte livre e céu limpo.
Aplicativos de astronomia e mapas estelares digitais podem ajudar na localização. Mesmo assim, a tarefa não será simples: durante o ponto de maior aproximação, o cometa ainda estará a cerca de 270 milhões de quilômetros da Terra.
Um visitante de outro sistema estelar
Descoberto em julho de 2025 pela campanha internacional ATLAS, voltada à busca de asteroides e cometas, o 3I/ATLAS é apenas o terceiro objeto interestelar já identificado cruzando o Sistema Solar. O prefixo “3I” indica essa raridade, o terceiro corpo de origem fora do nosso sistema, enquanto “ATLAS” homenageia o projeto responsável pela descoberta.
De acordo com o astrônomo Jorge Márcio Carvano, do Observatório Nacional, a passagem representa uma chance única de estudo.
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“Trata-se de um objeto que veio de fora do Sistema Solar, passará próximo ao Sol e seguirá viagem, sem retornar”, explica.
A composição do cometa, uma mistura de gelo e poeira cósmica, indica que ele se formou em torno de outra estrela e foi expulso de seu sistema há milhões ou bilhões de anos.
A observação atual permitirá comparar sua estrutura com a de cometas nativos do Sistema Solar, ampliando o entendimento sobre a formação planetária em diferentes ambientes cósmicos.
Boatos e desinformação nas redes
Com o aumento da atenção pública, surgiram também teorias conspiratórias e fake news sobre o fenômeno. Publicações em redes sociais chegaram a sugerir, sem base científica, que o cometa poderia ser uma “nave alienígena”.
“Vivemos um momento em que a divulgação quase instantânea de resultados leva a interpretações incorretas”, ressalta Carvano.
Ele reforça que não há qualquer indício de comportamento anômalo no 3I/ATLAS. “É natural que ele apresente diferenças em relação aos cometas do Sistema Solar, já que se formou em outro ambiente. O inesperado seria se fosse idêntico aos nossos”, diz.
Atualmente, o cometa é acompanhado por instrumentos da NASA, da Agência Espacial Europeia (ESA) e da CNSA, agência espacial chinesa. Telescópios como o James Webb e o Hubble realizam análises espectroscópicas para identificar sua composição química e as emissões gasosas que o cercam.
O corpo celeste deverá se aproximar de Júpiter em março de 2026, antes de retomar sua rota para o espaço interestelar, encerrando um breve e histórico encontro com o nosso Sistema Solar.
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