BRASIL
‘Se eu morrer, a Cracolândia vai desaparecer?’, diz padre Júlio
Religioso se defendeu após pedido de CPI em São Paulo
Por Da Redação

Após ser alvo de um pedido de CPI na Câmara Municipal de São Paulo, o padre Júlio Lancelotti se defendeu dos ataques. Vereadores de direita querem investigar Organizações Não Governamentais (ONGs) que trabalham com pessoas em situação de rua, com o religioso como principal investigado.
“A gente tem que entender o problema na complexidade que ele tem. Quando dizem que a Cracolândia existe por causa de mim, eu sempre penso: ‘se eu morrer hoje ou amanhã, a Cracolândia vai desaparecer?’. Se eu sou a causa, é tão fácil de resolver. É só eu morrer que acabou a Cracolândia. Não tem mais...”, declarou em entrevista à GloboNews.
“A lógica é de quem está do lado dos indesejados, vai ser indesejado. Acho que criminalizar algumas pessoas sempre é uma forma de não enfrentar o problema do tamanho que ele é. A gente criminaliza, ofende e trata de uma forma negativa a pessoa, a gente tira o foco da questão. A questão que nós temos que enfrentar é como lidar com a dependência química, com as cenas de uso, com essa questão que é tão grave no Centro de São Paulo e de outras cidades”, completou.
A abertura da CPI foi pedida pelo vereador Rubinho Nunes (União), um dos fundadores do Movimento Brasil Livre (MBL), e contou com as 24 assinaturas necessárias dos vereadores.
A expectativa é de que a investigação deverá ganhar contornos eleitorais, tendo em vista que Lancellotti é próximo de Guilherme Boulos (Psol), um dos pré-candidatos a prefeito de São Paulo.
“Aumentou com todas as ações que o Poder Público faz na Segurança Pública na questão da chamada Cracolândia. Nada diminui. Só aumenta. Então, essa criminalização é uma forma de perder o foco. E ela se tornou aguda porque nós não conseguimos enfrentar o problema do tamanho que ele é. Nós ficamos no efeito e não vamos para as causas. Qual é a causa de tudo isso? Por que existe tudo isso?”, declarou o padre.
“A gente quer combater as pessoas que são dependentes químicas e não combate o tráfico. Ali tem que ver onde está o tráfico, como ele funciona, quais são as fontes de manutenção. Há dados aterradores. A gente não sabe de onde vieram. Mas os próprios vereadores colocam que a chamada Cracolândia movimenta R$ 10 milhões. Pra onde vai isso?”, acrescentou.
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