CARNAVAL
Defensor de trios pequenos e da pipoca, Armandinho faz sua folia
Público aprova o aumento das atrações sem corda e segue artistas que fizeram história
Por Priscila Dórea
"Acho que mais do que se divertir e dançar, a festa sem equipamentos imensos ou cordas mostra melhor o que o Carnaval nasceu para ser", aponta a aposentada Ana Cleonice Santana, 67 anos. Feliz pela chuva ter dado uma trégua ontem, a aposentada chegou cedo no Circuito Dodô para curtir três trios: Durval Lelys, Luiz Caldas e Armandinho. "O cansaço da idade está me alcançando, mas enquanto meu corpo permitir, estarei nessa festa linda", enfatizou.
Foliã pipoca desde menina, Ana Cleonice contou que, apesar dos convites e insistência da filha em levar ela para camarotes e blocos, ela não arreda o pé dos trios sem cordas. “Para mim isso é o Carnaval de verdade”, afirmou.
Se para Ana Cleonice o verdadeiro Carnaval é aquele sem cordas, para o escritor e poeta Everton Lima, e a culinarista Maria José - a Mara -, o Carnaval real e democrático tem apenas um nome: Armandinho. “Gosto muito de Carnaval, mas o meu foco mesmo é ver Armandinho. Se eu não sair no bloco dele, não é Carnaval para mim”, enfatiza Mara, que participa há 20 anos. Já Everton é folião da banda há um pouquinho mais de tempo: “Há 40 anos, todo Carnaval, saio no trio de Armandinho. Só venho ao Carnaval para ver o trio dele”, conta.
O trio de Armandinho é sem cordas, mas oferece a opção de adquirir a camisa do trio mediante a doação de alimentos, e esse comprometimento, além da rica diversidade musical e todo o significado que é assistir a família Macedo - herdeiros de Osmar, um dos inventores do trio elétrico -, cantando pelos principais circuitos da cidade são apenas alguns dos motivos que fazem o casal acompanhar o trio todos os anos. “Hoje (segunda), inclusive, estamos seguindo o Armandinho e comemorando 22 anos de nosso casamento”, contou Everton feliz..
Um momento especial para o casal e também para a banda Armandinho, Dodô e Osmar, que em 2024 completa 50 anos. Ainda que, como o próprio Armandinho afirmou nos últimos dias, o trio nunca tenha sido oficializado no Carnaval, ele nunca deixou de se apresentar. “Quando meu pai fez um trio mirim para mim, eu tinha uns 10 anos e foi quando comecei a sair nas ruas tocando. São 60 anos de trio e 50 de banda, e os grandes momentos da minha vida, vivi e vivo em cima de um trio elétrico”, afirmou Armandinho, em uma entrevista exclusiva para o jornal A TARDE.
Os trios atualmente são imensos e estão ligados totalmente ao desenvolvimento tecnológico, apontou o cantor e compositor, mas isso também tem afastado os artistas do seu público. “O trio é a minha grande paixão em ser músico, é o meu grande palco. O grande momento da minha vida é subir em um trio elétrico. Por isso gosto de tocar nos pequenos, eles são maravilhosos. Quanto menorzinho for, mais contato você tem com o público que está ali com você. É mais calor, mais transmissão de emoção”, enfatizou.
Em todos os dias do Carnaval 2024 quase metade das atrações dos dois principais circuitos da festa foram de trios sem cordas e isso não será diferente nesta terça-feira, 13. Enquanto nomes como Durval Lelys, Timbalada, Olodum, Daniela Mercury e Ivete Sangalo se apresentam sem cordas no Circuito Osmar, Armandinho volta para o Circuito Dodô.
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