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REPRESENTATIVIDADE

Ilê Aiyê celebra valorização da beleza da mulher negra

Noite da Beleza Negra chega à 42ª edição neste sábado, 28; espetáculo acontece na Senzala do Barro Preto

Por Rafaela Souza

27/01/2023 - 16:39 h | Atualizada em 28/01/2023 , 9:02
Noite da Beleza Negra promove concurso ao título de Deusa do Ébano
Noite da Beleza Negra promove concurso ao título de Deusa do Ébano -

Após um hiato de dois anos por conta da pandemia da Covid-19, o bloco afro Ilê Aiyê retorna com a tradicional programação carnavalesca e promove neste sábado, 28, a 42ª Noite da Beleza Negra, na Senzala do Barro Preto, em Salvador. Além da valorização da beleza da mulher negra com a eleição da Deusa do Ébano, a festa celebra toda a potência da cultura afro com apresentações musicais, teatrais e de dança.

O fundador e presidente do Ilê Aiyê, Antônio Carlos dos Santos, o Vovô do Ilê, destaca que a expectativa é grande para a realização do espetáculo e retomada do Carnaval de Salvador.

“Estamos aqui, depois de dois anos, que tudo estava parado, e vamos, finalmente, realizar a 42ª Noite da Beleza Negra. Temos 14 candidatas belíssimas que conhecem a história do bloco. Elas vão mostrar quem deve ser a futura Deusa do Ébano, quem dançar melhor, empolgar o júri, o público”, declarou ao Portal A TARDE, durante a apresentação das candidatas ao título de Deusa do Ébano 2023, realizada nesta sexta, 27.

Mesmo com a alegria do retorno da festa histórica, Vovô do Ilê pontua os impactos causados pela pandemia e os desafios de atrair investimentos do setor privado. Ele espera que os “novos ares”, diante da mudança de Governo, possam contribuir para o maior apoio aos artistas negros e a maior conexão com o empresariado.

“A expectativa é grande [para o Carnaval]. O público está chegando e adquirindo os carnês. E seguimos cobrando dos governos estadual e municipal, que estão sempre participando, mas, diante das dificuldades, precisamos sempre mais [de apoio]. Ainda existe a dificuldade com o setor privado, com alguns empresários que faturam muito, mas não patrocinam artistas negros, em especial com o Olodum e outros blocos afros”, diz.

Fundador e presidente do Ilê Aiyê, Antônio Carlos dos Santos, o Vovô do Ilê
Fundador e presidente do Ilê Aiyê, Antônio Carlos dos Santos, o Vovô do Ilê | Foto: Rafaela Araújo | Ag. A Atarde

Com o tema "Iroko é Liberdade – Um espetáculo para festejar o tempo", a festa vai promover reencontros musicais e homenagear os centenários de Mãe Hilda Jitolú, matriarca do Ilê Aiyê, e de Agostinho Neto, herói nacional de Angola, além de fazer uma reverência à memória de Sérgio Roberto dos Santos, idealizador da Noite da Beleza Negra, que morreu no último domingo, 22. O espetáculo tem roteiro e direção geral do dramaturgo, diretor teatral e roteirista baiano, Elísio Lopes Jr, e vai contar com shows da Band’Aiyê e Afrocidade, além de diversas participações. Para Elísio, a festividade é mais uma oportunidade para mostrar o cenário da arte negra no estado e no país.

“A Noite da Beleza Negra extrapolou o concurso e passou a ser uma noite que a gente aponta o que está acontecendo na arte preta, reflete sobre as diversas linguagens, e os artistas gostam de ser convidados e de estarem nesse palco fazendo essa mistura. Então, a noite virou esse charme”, conta.

O diretor ainda destaca o trabalho realizado em equipe, que reúne nomes como o coreógrafo Zebrinha e o diretor musical Jarbas Bittencourt. “É um time, um trabalho coletivo. Eu não dirigi o último. Antes, eu vim numa sequência de seis anos dirigindo, mas quando eu pisei aqui foi como se eu sempre estivesse, eu tive a sensação de que eu estava aqui. Então, aí eu pensei: vamos falar sobre tempo, sobre Iroko”, revela.

“Iroko é liberdade. Liberdade do bairro. Essa raiz. E a gente tentou fazer um espetáculo que a gente trouxesse o que aconteceu com a mulher preta nesses últimos anos. Na abertura, antes das candidatas entrarem, a gente vai passar um vídeo retrospectiva de coisas importantes que aconteceram no mundo com as mulheres negras e depois vem Nara Couto cantando a música retinta, que é de convocação à essas mulheres, aí essas candidatas entram. A gente foi construindo toda uma narrativa dentro do espetáculo e foi encontrando os tempos. A coisa do tempo, a fala dos apresentadores é em cima disso”, acrescenta.

O diretor Elísio Lopes Jr e a atual Deusa do Ébano Gleicy Ellen Teixeira
O diretor Elísio Lopes Jr e a atual Deusa do Ébano Gleicy Ellen Teixeira | Foto: Rafaela Araújo | Ag. A Atarde

O diretor também afirma que o espetáculo foi pensado a partir de uma perspectiva familiar e afetiva, como a participação de artistas e profissionais envolvidos no bloco. “Vamos homenagear o centenário de Mãe Hilda e Agostinho Neto. Todo tempo é tempo e essa relação com o tempo que a gente está, além das mudanças que aconteceram na vida das pessoas. No espetáculo, a gente tem um momento para homenageá-los, feito com o ator Sulivã Bispo, com a personagem Koanza. Ele também é filho da casa. Conhece esse lugar. E temos Edilene Alves com a dança, que já foi Deusa do Ébano e tem essa ligação com o Ilê. Então, a gente tentou montar o espetáculo de uma forma muito afetiva”, detalha.

Ainda segundo o diretor, após a abertura com a cantora Nara Couto, o espetáculo ainda vai contar com a apresentação da formação original do revolucionário grupo As Sublimes, com Isabel Filardis, Lilian Valeska e Karla Prietto.

Concurso

A Noite da Beleza Negra é uma das principais ações afirmativas do bloco Ilê Aiyê, cumprindo desde a primeira edição o papel de resgate da autoestima da mulher negra baiana e brasileira. A vencedora da 42ª edição fará sua estreia oficial no Carnaval de Salvador 2023, quando o Ilê Aiyê dedica o tema ao centenário do angolano Agostinho Neto.

Entre os critérios para a seleção da nova Rainha do Ilê Aiyê estão o nível de consciência cidadã em relação ao papel da mulher negra na sociedade e a performance em dança afro, uma vez que se apresentar ao lado da Band’Aiyê é uma das suas atribuições durante o reinado de um ano.

Na coletiva, as 14 candidatas ao título de Deusa do Ébano 2023 foram apresentadas pelo bloco afro. As finalistas são: Barbara Cristina Sacramento, Caroline Xavier, Daiane de Souza, Dalila Santos, Ingride Silva, Jamile Fátima Santos, Lais de Araujo Ferreira, Larissa Valéria Sacramento, Lorena Santos, Mairine Pereira, Mayana Paiva, Mércia Cristina Silva, Tailane Brito e Thuane Vitória Pereira.

O evento vai marcar ainda a despedida da atual rainha Gleicy Ellen Teixeira, de 25 anos, que, em caráter inédito, reinou por três anos devido a não realização do concurso durante os primeiros anos da pandemia. É ela que passa o manto para aquela que virá a ser a Deusa do Ébano 2023 e que, junto com o posto, assume a responsabilidade de levar a beleza e os princípios do Ilê Aiyê para os palcos da Bahia, do Brasil e do mundo.

Evento vai marcar ainda a despedida da atual deusa Gleicy Ellen Teixeira
Evento vai marcar ainda a despedida da atual deusa Gleicy Ellen Teixeira | Foto: Rafaela Araújo | Ag. A Atarde

A atual Deusa do Ébano fala sobre a importância do Ilê Aiyê na sua trajetória enquanto mulher negra e da responsabilidade em manter o título por três anos consecutivos. “Ser Deusa do Ébano é uma responsabilidade muito grande porque a gente leva cultura, poder, autoafirmação, sororidade e muito axé para o público na avenida e durante todo o ano de reinado. Agora, eu tô com um friozinho na barriga, mas é um friozinho bom, de gratidão, de aprendizado de todas as viagens e oportunidades que o Ilê Aiyê me deu. Se não fosse o Ilê Ayiê eu não estaria em Paris, eu não estaria fazendo trabalhos nacionais. Eu espero que a futura Deusa do Ébano venha cheia de poder, de representatividade, de axé, sorriso. Que passe isso para todas as mulheres negras, crianças, que é a representatividade através da nossa dança, da nossa fala, da vestimenta”, destaca.

Pela primeira vez, uma mulher trans é finalista no concurso
Pela primeira vez, uma mulher trans é finalista no concurso | Foto: Rafaela Araújo | Ag. A Atarde

A 42ª Noite da Beleza Negra traz o ineditismo de contar com uma finalista trans, a esteticista Laís de Araújo Ferreira, de 26 anos. Moradora do bairro de Canabrava, a candidata relata que a participação no concurso é um sonho que cultivava durante a transição.

“Eu tô muito feliz e realizada. Era um processo que eu queria passar durante a minha transição e o Ilê tem esse poder na minha vida, que me ajudou a ser a mulher que eu sou hoje. E é muita expectativa porque eu tenho uma comunidade atrás de mim que está muito feliz por eu estar aqui, ou seja, eu estou representando todas essas pessoas, meus ancestrais, meus familiares, meus amigos. Eu não sabia que ia causar tanta emoção nos corações em estar representando esse público aqui”, afirma.

Val Benvindo é uma das apresentadoras da 42ª Noite da Beleza Negra
Val Benvindo é uma das apresentadoras da 42ª Noite da Beleza Negra | Foto: Rafaela Araújo | Ag. A Atarde

Uma das apresentadoras da Noite da Beleza Negra, a jornalista Val Benvindo fala sobre a importância do Ilê Aiyê ser uma referência na vida de mulheres negras e na influência que o bloco afro teve desde a sua infância. “Eu cresci vendo mulheres negras querendo ser rainhas, não tinha como minha autoestima ser abalada. Mesmo a gente entendendo que as mulheres pretas são mais preteridas, que eu não era a mais bonita no ambiente escolar, mas estar dentro do Ilê me fazia entender que eu tinha um outro mundo que eu podia ser rainha, ser desejada. Então, ser uma das apresentadoras ao lado de Arany Santana, que é essa mulher que eu cresci ouvindo falar e exaltar a beleza das mulheres pretas, é motivo de grande alegria e orgulho”, pontua.

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