CINEMA DA UFBA
Filme sobre revolucionário africano terá exibição única em Salvador
Diretor do filme é o argentino Carlos Pronzato
Por Júlio Cesar Borges*

Amílcar Cabral, diplomata e organizador político, co-fundador do Partido Africano para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC), foi o principal responsável pela libertação e independência da Guiné Bissau e Cabo Verde do domínio português na década de 1970. É sobre sua trajetória pessoal e política que trata o documentário Amílcar Cabral: Coração Pan Africano e Revolucionário, dirigido pelo cineasta Carlos Pronzato.
O filme tem exibição única marcada para esta quinta-feira, 24, às 19h, no Cinema da Ufba do Circuito de Cinema Saladearte. Os ingressos custam R$ 34 (inteira), R$ 17 (meia) e R$ 9 (comunidade Ufba).
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Nascido em 1924, na cidade de Bafatá, na Guiné Bissau, Amílcar foi assinado aos 48 anos após dedicar boa parte da sua vida à luta anticolonial.
O longa de 1h25m reúne depoimentos dos principais investigadores e ativistas políticos da diáspora cabo-verdiana e guineense em Lisboa.
Participam desse documentário com seus depoimentos pesquisadores da Universidade de Lisboa, Universidade de Coimbra, Universidade Nova de Lisboa, o ex ministro de Educação Superior de Cabo Verde, António Correia e Silva, ativistas do Movimento Africano de Trabalhadores e Estudantes, além do poeta e ensaísta José Luís Hopffer Almada, o primeiro secretário do PAIGC.
A ideia para a construção do documentário, surgiu, segundo Pronzato, após a produção do seu último curta, Memórias do 25 de abril, 50 anos da Revolução dos Cravos, estreado em Lisboa, em 2024.
Ele conta que a celebração do centenário de Amílcar Cabral, em Portugal, foi o gatilho para se aprofundar na vida e obra do político.
“Eu estava completamente imbuído no tema dos Cravos, mas em setembro (2024) entrei em cheio no tema desta fundamental liderança e passei a conhecer a militância da diáspora africana nas periferias de Lisboa, além dos investigadores para captar os depoimentos”, relata Pronzato.
Na Revolução dos Cravos
Embora a liderança de Amílcar Cabral não tenha impactado diretamente na Revolução dos Cravos, golpe militar que derrubou a ditadura do Estado Novo, ocorrido em Portugal, no ano de 1974, sob comando de António Salazar, Pronzato defende que o processo de pesquisa foi facilitado pela aproximação dos temas.
“Todos sabem que esta revolução começou realmente na Guiné-Bissau, onde as tropas militares portuguesas estavam à beira de uma derrota acachapante, face às forças da guerrilha do Amílcar Cabral. A partir disso, decidiram que era o momento de ir à Lisboa derrubar a ditadura de Salazar e, assim, terminar com a guerra colonial”, ele explica.
A obra também exalta os 50 anos de independência de Cabo Verde e se insere nas comemorações do 50º aniversário da independência de vários outros países africanos de língua portuguesa, incluindo Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau.
Temas urgentes
O documentário teve duas exibições de pré-estreia no Brasil: em maio, no Cinema Estação Botafogo, no Rio de Janeiro, e em junho no Cine Metrópolis/UFES, na cidade de Vitória, Espírito Santo. Em Cabo Verde, o lançamento aconteceu no Largo Memorial Amílcar Cabral, na Grande Feira do Livro da Biblioteca Nacional de Cabo Verde, realizada na cidade de Praia, no dia 8 de julho.
Embora o filme seja de exibição única, o cineasta expressa sua vontade em fazer o filme circular por outros espaços, a exemplo de escolas e movimentos sociais.
“O intuito é sempre esse, mas muitas vezes depende dos órgãos públicos, que fariam muito mais fácil esta circulação se nos convidassem para isso. Não temos o tempo necessário para viver atrás da documentação para participar de editais, dada a urgência dos temas que abordamos. Fazemos o que está ao nosso alcance para circular pelo país”, declara Pronzato.
Momentos antes da exibição, às 18h, também está marcado o lançamento de dois livros escritos pelo diretor: O espírito da rebelião e outros contos em São Paulo, pela Editora Letra Selvagem e o livreto O silêncio das igrejas vazias, pela editora Tonner.
Quem é Carlos Pronzato?
O argentino Carlos Pronzato, além de cineasta e escritor, é poeta, teatrólogo e ativista social residente no Brasil.
Artista multifacetado, suas obras audiovisuais, teatrais e literárias destacam-se pelo compromisso com a cultura, a memória e as lutas populares na América Latina.
Já realizou cerca de 90 documentários e publicou mais de 30 livros. Em 2009, venceu o Prêmio Internacional Roberto Rossellini (Itália, 2009), e, no ano de 2021, ganhou o Prêmio Centenário Paulo Freire/Paulo Evaristo Arns, em São Paulo.
*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.
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