A evolução do que é sustentabilidade
Confira a coluna ACB em Foco
A segunda edição do Congresso Brasileiro de Direito e Sustentabilidade, que aconteceu em Salvador, nos dias 16 e 17 deste mês, colocou a nossa cidade no centro dos debates de questões fundamentais para o contexto atual e, como não poderia deixar de ser, a tragédia do Rio Grande do Sul foi um dos assuntos de maior repercussão durante o evento.
A vice-presidente e coordenadora do Núcleo de Sustentabilidade da Associação Comercial da Bahia (ACB), Isabela Suarez, e o presidente do Instituto Brasileiro de Direito e Sustentabilidade (IbradeS), Georges Humbert, idealizadores e organizadores do Congresso, foram brilhantes ao reunir especialistas de variados setores e linhas de pensamento, todos buscando oferecer contribuições orientadas para um desenvolvimento mais consciente e equilibrado, fundamentadas no Estado Democrático de Direito.
Particularmente, fiquei bastante entusiasmado ao notar que as palavra mais difundidas durante os dois dias do evento foram equilíbrio e dignidade da pessoa humana, bastante empregadas nos discursos de ambientalistas, lideranças empresariais, magistrados, legisladores, gestores governamentais e da iniciativa privada, professores e estudantes.
Bastante alinhado com a filosofia da consciência cidadã participativa transformadora, o desenvolvimento pleno do ser humano precisar estar atrelado a qualquer iniciativa que vise práticas sustentáveis, o desenvolvimento econômico, o bem estar social, a geração de riqueza, a evolução tecnológica, sempre com o desenvolvimento da inteligência cidadã, visando o equilíbrio e a segurança jurídica.
Em pleno século XXI, mesmo diante de todo avanço científico e tecnológico que a humanidade vem acumulando ao longo dos tempos, como, por exemplo, a descoberta da penicilina, que nos ajudou a salvar milhões de vidas, seguimos enfrentando problemas que nos levam a refletir se estamos mesmo no caminho da necessária evolução como espécie. Hoje, são mais de 100 milhões de seres humanos em deslocamento forçado não apenas em consequência das mudanças climáticas, mas também devido a conflitos armados, muitos deles provocados por questões supostamente étnicas ou até mesmo meramente religiosas. O que prova que o homo sapiens não é só o maior predador do meio ambiente, mas também de si próprio.
Se pretendemos realmente superar estas questões, precisamos estar unidos para desenvolver um pensar com conhecimento aprofundado na história da humanidade, na evolução e transformação do planeta terra, na ciência e, principalmente, no nosso posicionamento como cidadão do mundo. Tudo isso é fundamental para um convívio harmonioso, contributivo e equilibrado, pilares básicos para a existência de um amanhã.
A defesa do meio ambiente, a busca por práticas sustentáveis, são questões realmente primordiais. Mas nada disse fara sentido se não defendermos e preservarmos aquilo que temos de mais importante, que é o ser humano e a sua existência com dignidade.
Justamente por pautar estas questões, saudamos e desejamos vida longa ao Congresso Brasileiro de Direito e Sustentabilidade, que já se consolidou como um dos mais importantes fóruns brasileiros de pensamento, com contribuições valiosas para a atuação de diversos setores profissionais, do Poder Público e da sociedade civil de modo geral, e principalmente por abrir nossas cabeças para ouvirmos as razões uns dos outros, despertar nossa consciência cidadã e verdadeiramente transformar e preservar a nossa espécie e o meio ambiente.
*Paulo Cavalcanti, presidente da Associação Comercial da Bahia