Agronegócio na Bahia: uma janela de oportunidades
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O agronegócio baiano se consolidou como uma das engrenagens mais relevantes da economia estadual. Responsável por aproximadamente 30% do PIB da Bahia, ele não apenas impulsiona a produção e as exportações, como promove transformações concretas na vida das pessoas. A expansão das fronteira agrícola no Estado, o avanço das cadeias de soja, algodão, milho e fruticultura irrigada e a consolidação de polos agroindustriais ampliaram a oferta de emprego, elevaram a renda em regiões antes isoladas e viabilizaram infraestrutura que, em muitos casos, só existe por causa do agro — estradas, energia, conectividade, armazéns, logística e serviços especializados.
Não se trata apenas de produzir mais. Trata-se de produzir melhor e gerar efeitos sociais permanentes. O investimento privado tem viabilizado escolas técnicas, qualificação profissional, inovação tecnológica, manutenção de estradas vicinais e circulação de pessoas, insumos e mercadorias. O agronegócio tornou-se vetor de interiorização do desenvolvimento, aproximando comunidades de oportunidades e reduzindo desigualdades regionais. Hoje, a Bahia se posiciona como referência em um agronegócio tecnificado, competitivo e sustentável, com enorme potencial de expansão.
Entretanto, a competitividade construída dentro da porteira encontra barreiras estruturais fora dela. Rodovias deterioradas, ausência de ferrovias operantes e baixa eficiência portuária elevam, segundo pesquisas conduzidas por entidades de classe que representam o setor, em até 31% o custo logístico, reduzindo margens e comprometendo o acesso a mercados nacionais e internacionais. A falta de capacidade de armazenagem dificulta o planejamento da produção; problemas no fornecimento de energia elétrica limitam a instalação de agroindústrias; e a insuficiente conectividade digital impede o avanço de tecnologias de precisão e sistemas de gestão em tempo real — todos elementos essenciais à modernização do setor.
A esses gargalos somam-se desafios ainda mais complexos: a insegurança jurídica fundiária e ambiental. O estado vive um momento sensível, marcado por disputas territoriais, invasões de propriedades, titulações contestadas, alterações normativas constantes e processos de licenciamento imprevisíveis. Esse ambiente fragiliza o investimento, encarece o capital e compromete decisões estratégicas de longo prazo. Some-se a isso o avanço da criminalidade no interior, que impacta diretamente propriedades rurais, cooperativas, transportadores e, em última instância, a confiança necessária à atividade econômica.
O futuro do agronegócio baiano — e, por extensão, do desenvolvimento do próprio estado — depende de um tripé incontornável: segurança jurídica, infraestrutura robusta e estabilidade regulatória. Sem esses pilares, o potencial extraordinário da agropecuária e da mineração, capazes de ancorar uma nova indústria de base na Bahia, permanecerá subaproveitado.
Falo aqui como um entusiasta do setor e comprometido com a compreensão dessa complexidade: a Bahia não precisa reinventar sua vocação, ela precisa garantir condições para exercê-la plenamente. Transformar nossa vantagem competitiva em prosperidade sustentável exige Estado eficiente, respeito às regras, coerência regulatória e visão estratégica.
Esse é o desafio. E também a oportunidade histórica diante de nós.
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