‘Olimpíada Cultural’ é a cara de Paris
Confira a coluna Acréscimos
Por meio das transmissões internacionais cada vez mais potentes e variadas, todo planeta consegue acompanhar as competições olímpicas e as disputas por medalhas. Contudo, desde 1992, em Barcelona, apenas quem está in loco pode aproveitar uma das coisas mais legais dos Jogos: a Olimpíada Cultural, um evento paralelo aos Jogos e que acontece como uma obrigação imposta pelo COI à cidade-sede.
Em seu site oficial, a entidade diz que a ideia desta ação é “aproveitar os eventos culturais para promover vínculos entre a arte e o esporte, incentivar o diálogo entre os países e ocupar o espaço público reunindo as culturas do mundo”. Em Paris, dona de uma cultura urbana fabulosa e onde a cada esquina você encontra um museu (são mais de 150 na capital francesa), a Olimpíada Cultural caiu como uma luva, e desde a minha chegada por aqui tentei aproveitar ao máximo as variadas exposições espalhadas pela cidade.
Os cinco principais museus de Paris têm exposições especiais sobre o olimpismo: o Louvre, a Orangerie, o Museu d'Orsay, o Centro Pompidou e o Museu du quai Branly. Contudo, as ações estão por toda parte, com mais de dois mil projetos com o selo 'Olimpíada Cultural' na França. Há várias amostras de fotografias temáticas, muitas delas montadas em ambientes externos, como praças e parques, com temas variados para todos os gostos.
A gigante exposição temporária instalada no Louvre, ‘O Olimpismo: uma invenção moderna, um património antigo’, é de uma riqueza absurda. Foi maravilhoso poder observar por meios de objetos originais e painéis explicativos, como escavações arqueológicas na Grécia, no século XIX, revelaram tesouros excepcionais e reacenderam estudos das línguas, história e arte, com todas essas disciplinas entrelaçadas inspirando o nascimento do movimento olímpico.
Já no Museu Nacional de História da Imigração, a exposição “Olimpismo, uma história do mundo”, aborda com muita sensibilidade e senso crítico a trajetória social e política das últimas 30 edições olímpicas. Na mostra são apresentados aos visitantes mais 130 anos de história por meio de imagens memoráveis, mesclando fotos de atletas, com as de batalhas e lutas políticas travadas no cenário olímpico desde a organização dos primeiros Jogos, em Atenas-1896. São explorados temas como: a construção das nações, a cultura de massas, os períodos entre guerras, a oposição entre o totalitarismo e a democracia, a Guerra Fria, a globalização econômica, as recentes ondas de descolonização e as reivindicações de minorias, imigrantes e países emergentes.
Com as competições e a cobertura jornalística tomando quase todo meu tempo por aqui, só consegui ir a três exposições. Uma pena, mas não faria mal a ninguém que o COI e os museus franceses pudessem promover as mostras em outros países. Seria fantástico.