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Armando Avena

Por Tony Silva

ACERVO DA COLUNA
Publicado quinta-feira, 13 de março de 2025 às 5:30 h | Autor: Armando Avena - A TARDE

A inflação de fevereiro e o impasse na economia

Confira a coluna de Armando Avena

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A alta do IPCA de fevereiro foi pontual, concentrada em dois itens: energia elétrica, devido a recomposição de preços, e educação
A alta do IPCA de fevereiro foi pontual, concentrada em dois itens: energia elétrica, devido a recomposição de preços, e educação -

O ano de 2024 foi muito bom para a economia brasileira, e o crescimento de 3,4% do PIB, após crescer 3,2% em 2023, atesta o bom desempenho. No entanto, 2025 está sob o signo da incerteza, e o risco de uma deterioração dos indicadores é nítido. O que está pressionando a economia em 2025 é a inflação, os juros altos e a tendência ao expansionismo dos gastos do governo.

A inflação acelerou em fevereiro e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 1,31%, bem acima da taxa de 0,16%, verificada em janeiro.

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Apesar disso, a inflação tende a recuar neste mês. A alta do IPCA de fevereiro foi pontual, concentrada em dois itens: energia elétrica, devido a recomposição de preços, e educação, em razão da volta às aulas. Juntos, esses dois itens foram responsáveis por 0,84 ponto porcentual da taxa de 1,31%. Essa taxa não deve se repetir em março, pois a maioria dos preços registrou queda e o índice de difusão da inflação está caindo. Além disso, o Copom vai aumentar a taxa de juros para 14,35% da taxa de juros em meados deste mês.

Por outro lado, a inflação de alimentos deve cair. Isso porque a safra brasileira será recorde e a redução do imposto de importação de alguns produtos será útil no curto prazo, pois aumentará a oferta e desestimulará novos aumentos desses produtos, já que os produtores internos terão maior concorrência.

Mais preocupante que a inflação é o nível dos juros. Afinal, não é possível uma economia girar normalmente com juros reais da ordem de 9%, a segunda maior taxa do mundo, e que devem aumentar mais este mês. A desaceleração na economia já foi sentida no último trimestre de 2025 e deve se agravar com o novo patamar de juros. Mesmo que demore um pouco, já que existe um nível de crescimento econômico contratado para 2025, o choque de juros, se mantido, deve desacelerar fortemente a economia.

Aqui entram duas questões. A primeira é que não se freia de repente uma economia que está próxima do pleno emprego, com renda real do trabalhador crescendo e que já tem certo nível de crescimento contratado, pois os investimentos cresceram 7,3% em 2024. A segunda questão é que, para evitar a desaceleração da economia e melhorar seus índices de aprovação, o governo tende a aumentar os gastos públicos e o consumo das famílias. Isso já está acontecendo com medidas como a flexibilização do saque no FGTS, a ampliação do crédito consignado para o trabalhador, o lançamento do programa Pé-de-Meia e outras iniciativas. O governo age no sentido de manter aquecido o consumo das famílias e, c om os investimentos do novo PAC e outros programas, ampliar os gastos governamentais. Nesse cenário, será difícil manter o equilíbrio fiscal alcançado com o arcabouço de Haddad.

Ora, o que se vê, portanto, é um cenário em que duas forças opostas atuam simultaneamente: de um lado, a política de juros excessivamente altos, que age no sentido de frear rapidamente o crescimento econômico; de outro uma economia próxima do pleno emprego e com aumento de renda média real e um governo que está injetando mais dinheiro na economia e mantendo e até ampliando o consumo das famílias e os gastos públicos.

Estamos diante de um caso clássico de política monetária excessivamente contracionista em confronto com uma política fiscal expansionista.

Uma saída razoável para esse impasse seria o caminho do meio. Se a inflação der sinais de recuo ainda que gradual, o Banco Central pode reduzir os juros e aceitar um nível de crescimento maior. Mas, para isso, será fundamental que o governo elimine o caráter expansionista de sua política fiscal, aceitando um nível menor de crescimento do PIB, mantendo o arcabouço fiscal e dando seguimento a política pontual de corte gastos que iniciou em 2024.

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