Bahia: o peso da cultura e da economia criativa | A TARDE
Atarde > Colunistas > Armando Avena

Bahia: o peso da cultura e da economia criativa

Publicado quinta-feira, 06 de maio de 2021 às 06:04 h | Autor: [email protected]
O PIB do setor alcançou 3,2% do PIB baiano no ano de 2018, representando movimentação econômica de R$ 8 bilhões | Foto: Marcelo Camargo | Agência Brasil
O PIB do setor alcançou 3,2% do PIB baiano no ano de 2018, representando movimentação econômica de R$ 8 bilhões | Foto: Marcelo Camargo | Agência Brasil -

A chamada economia criativa foi uma das que mais sofreram na pandemia já que a maioria dos seus segmentos lida diretamente com o público e o distanciamento social tornou impossível a realização de festas, espetáculos e eventos. O segmento deve se recuperar à medida que a vacinação avançar e já se vê festas e shows ocorrendo em países que agilizaram a vacinação. Mas afinal o que é essa tal de economia criativa e qual o seu peso na economia?

A economia criativa é aquela que envolve atividades culturais, gastronomia, publicidade, serviços de arquitetura e design e outros. E a SEI – Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia acaba de divulgar pela primeira vez o Valor Agregado da Economia Criativa na Bahia, que pode ser considerado como o PIB do setor. Assim, o PIB da Economia Criativa representou 3,2% do PIB baiano no ano de 2018. O número é expressivo e representa uma movimentação econômica da ordem de R$ 8 bilhões. Ora, levando em conta que toda a atividade turística é responsável por 4,3% do PIB baiano, os números da economia criativa surpreendem. Mas, atenção, não pode haver comparação, pois segmentos do turismo fazem parte da economia criativa e vice-versa.

Na verdade, a economia criativa se divide em 3 dimensões. A primeira, que poderia ser considerada como PIB da cultura, representa 25% da economia criativa. Nessa dimensão, o principal vetor são as festas e celebrações que respondem por quase 50% desse componente, o que demonstra que a sabedoria popular está certa quando diz que na Bahia festa é sinônimo de emprego e renda. Mas nessa dimensão também aparecem como fundamentais a produção artística e audiovisual e também a música e a produção editorial.

As outras duas dimensões são as atividades relacionadas ao segmento criativo (gastronomia, TI, atividades comerciais e industriais) e aos serviços de base cultural representados pela publicidade e por arquitetura e design.

No cômputo global, o principal segmento da economia criativa é a gastronomia, responsável por 43% do PIB do setor, seguida por atividades relacionadas com festas e celebrações, atividades comerciais e tecnologia da informação que participam com cerca de 10% cada. A publicidade e os serviços de arquitetura e design contribuem com 5% cada um para formar o PIB do setor.

A economia criativa também gera emprego e é responsável por cerca de 5% do emprego formal na Bahia e por quase 2% do total de ocupados. E as atividades culturais de TV aberta, rádio, artes cênicas, espetáculos e fabricação de artefatos são as que mais geram empregos formais. Em resumo: A economia criativa é fundamental para a economia baiana e o poder público tem o dever de apoiá-la.

A soja tomou o lugar do cacau

A Bahia não é mais a terra do cacau, é a terra da soja. Em 2020, a soja e seus derivados lideraram a pauta de exportações, com vendas que atingiram 1,7 bilhão de dólares, representando 21% do comércio exterior da Bahia. E não foi por causa da pandemia, embora o preço tenha dobrado no período, pois desde 2018 a soja é líder nas exportações baianas. Em 2021, a safra de soja vai atingir 6,8 milhões de toneladas, novo recorde, 8% a mais que a safra anterior e quase 6% da produção brasileira. Brasil. E a produtividade vai atingir este ano a 67 sacas/hectare, a maior do país. Não existe crise na região Oeste, pois quando os dólares gerados pela soja o comércio e os serviços deslancham.

A questão Reiq

A indústria petroquímica é líder no setor industrial baiano e A TARDE vem alertando sobre os efeitos danosos da medida provisória que extingue o Reiq – Regime Especial da Indústria Química que vai fazer com que as alíquotas de impostos pagos pelas empresas (PIS e Cofins) pulem de 3,65% para 9,25%. Segundo a Fieb, se a medida vingar, a produção pode se reduzir em 20%, e ocorrer o fechamento de empresas e a perda de até 33 mil empregos. Na petroquímica, a competição é mundial e o Reiq equaliza o custo-Brasil mantendo a competitividade. Claro, em algum momento esse subsídio terá de ser revisto, mas isso tem de ser feito gradualmente no bojo de uma reforma tributária mais ampla.

Publicações relacionadas

MAIS LIDAS