Refinaria de Mataripe: um patrimônio da Bahia
Confira a coluna do economista Armando Avena
A Refinaria de Mataripe é a maior empresa da Bahia e tem grande importância na matriz econômica do nosso Estado. Por isso, é preciso analisar tecnicamente as transformações verificadas na planta produtiva desde que foi privatizada e suas perspectivas caso volte ao controle da Petrobras. Desde já, é importante ressaltar que a privatização foi positiva para a refinaria que nos últimos três anos aumentou a produção, elevou os níveis de segurança, tornou-se mais sustentável e produtiva e reduziu o impacto ambiental do processo de produção. Em 2021, quando o controle passou a Acelen, a planta operava com cerca de 60% de sua capacidade produtiva, sem perspectivas de investimento. Desde então elevou a capacidade de produção de 289 mil barris/ano para 302 mil barris/ano, e atualmente opera com 85% de sua capacidade. E poderia estar produzindo mais, não fossem as questões relacionadas ao mercado, como o fato de a Petrobras vender petróleo mais barato para suas refinarias associadas e do setor de refino estar avançando em direção a uma maior estatização.
A empresa investiu R$ 2 bilhões na modernização da planta, revitalizando oito unidades e reativando outras e, de tal modo, que se tornou líder na produção e comercialização na América Latina e o segundo maior fornecedor de bunker (combustível marítimo) do Brasil. Hoje, a Refinaria de Mataripe é uma indústria 4.0, pois incluiu no processo produtivo a Inteligência Artificial e trabalha com inovações tecnológicas capazes de acelerar a produtividade e reduzir o impacto ambiental. Essa maior sustentabilidade ampliada pode ser quantificada: a empresa reduziu em 26% o consumo de água – o que representa o consumo de uma cidade de mais de 100 mil habitantes –, reduziu em 46% a emissão de gases ao meio ambiente, em 87% as emissões de enxofre e está gerando 30% menos de resíduos. E a economia de energia elétrica chegou a 12%, o que equivale ao consumo residencial de eletricidade de todo o estado de Roraima. Além disso, a companhia investe em energia renovável e está construindo um parque de energia solar em Irecê, um investimento de R$ 530 milhões em parceria com outras empresas, o que vai possibilitar descarbonizar a planta e fazer com que 100% do seu consumo de energia seja de fonte renovável.
Para completar há os investimentos educacionais e sociais, que montam a R$ 25 milhões, e os investimento em infraestrutura, mais especificamente as obras para ampliar o calado e os R$ 70 milhões investidos na requalificação do Temadre – Terminal Aquaviário de Madre de Deus, responsável por 42% do abastecimento do Nordeste e 80% da Bahia, o que vai permitir a atracação de navios SuezMax, com capacidade de um milhão de barris de petróleo, reduzindo as emissões de CO2 logístico.
Tudo isso fez a Acelen ser considerada, pelo World Refining Association, como uma das três melhores refinarias da América Latina, por suas iniciativas em modernização, inovação, descarbonização, segurança e eficiência energética.
Como se observa, a Refinaria Mataripe é hoje uma empresa moderna, competitiva, responsável por 15% da produção nacional, que contribui com cerca de 25% da arrecadação de ICMS do Estado e está integrada à matriz produtiva do Estado e associada, junto com um pool de 80 empresas, ao Cofic – do Comitê de Fomento Industrial de Camaçari. E, como tal, é um player imprescindível para contribuir com o desenvolvimento econômico da Bahia e do setor de óleo e gás. Nesse sentido, seja controlada pela Acelen ou voltando ao controle da Petrobras – o que pode ser bom para que possa se alinhar com a política nacional do setor –, a Refinaria de Mataripe é patrimônio da Bahia e avançou de forma significativa no sentido de tornar-se uma empresa sustentável, segura, que gera emprego e renda e trabalha para reduzir o impacto ambiental e aumentar a capacidade de criar riqueza.