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A Salvador internacional: reflexões para a eleição municipal

Publicado quarta-feira, 11 de novembro de 2020 às 09:00 h | Atualizado em 11/11/2020, 09:02 | Autor: Matheus Souza*
É fundamental que quem assumir o poder em 2021 entenda a Salvador internacional | Foto: Fábio Pozzebom | Agência Brasil
É fundamental que quem assumir o poder em 2021 entenda a Salvador internacional | Foto: Fábio Pozzebom | Agência Brasil -

O ano de 2020 trouxe mais relevo às Relações Internacionais (RI) para os brasileiros. Seja pela pandemia projetada através das fronteiras, seja pela atual política externa brasileira e as discussões que suscita, ou pelo tempo que a eleição presidencial dos EUA ocupou no noticiário, as questões internacionais entraram de vez na agenda. É certo que temas internacionais terão mais espaço nos debates de 2022; mas, e as eleições de 2020? Qual a importância das relações internacionais para os municípios?

Para uma cidade como Salvador, é enorme. A capital possui vida internacional que toca o cotidiano de seus cidadãos e, por isso, demanda atenção de Executivo e Legislativo municipais. A face internacional da cidade se mostra para além do turismo. A Salvador internacional é complexa e é cabal conhecê-la.

No Elevador Lacerda situa-se Escritório da ONU, onde operam PNUD, UNICEF e FIDA. No Pelourinho, está o UNFPA. Organismos como UNAIDS e OIT têm ações na cidade. UNESCO e Fundo Comum de Commodities também não são estranhos à capital.

As ruas do Comércio que possuem nomes de países não são os únicos elos com outras nações. Salvador tem 32 consulados, além das Casas de Angola, Benin e Nigéria. No CAB, quase paralela à avenida com nome de governador que lecionou Direito Internacional Privado e presidiu Comissão de Relações Exteriores do Senado, está a Representação do Ministério das Relações Exteriores na Bahia.

A Salvador internacional é também empresarial. Além da Associação Comercial da Bahia e sua Comissão de Comércio Exterior e RI, tem-se o Centro Internacional de Negócios da FIEB, e Argentina, Portugal, EUA e El Salvador possuem câmaras de comércio na cidade. Fora as empresas importadoras ou exportadoras, as multinacionais e os terminais logísticos.

Ainda outros setores são atuantes. As principais instituições de ensino têm articulações internacionais e há ONGs que gerenciam projetos financiados com recursos externos, cuidando de agendas como a dos refugiados.

É fundamental que quem assumir o poder em 2021 entenda a Salvador internacional. Prefeitura e Câmara Municipal, através do Conselho Municipal de RI, da Comissão de Desenvolvimento Econômico e Turismo e RI e de outras instâncias, são estratégicas na cooperação com cidades irmãs, redes de cidades e organismos internacionais (bilaterais ou multilaterais), na atração de negócios e investimentos, na realização de missões, no acompanhamento das ações internacionais do Executivo Municipal etc.

Os eleitos e eleitas devem ser conscientes de efeitos e oportunidades das relações internacionais na escala local, e do papel a ser desempenhado. Que a Salvador internacional entre de vez na agenda da sociedade soteropolitana.

*Matheus Souza é coordenador e professor do Bacharelado em Relações Internacionais da Unijorge

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