Masculinistas e “Red Pills”
Confira o artigo de José Medrado
Na semana passada, o Brasil estranhou e começou a falar sobre os masculinistas e “red pills”, grupos de extrema direita que têm se tornado conhecidos e ramificados pelo mundo inteiro, a partir da invasão, em 6 de janeiro de 2021, do Capitólio, lugar onde o Congresso dos Estados Unidos se reúne. Partidários convocados pelo então presidente Trump partiram em Washington, D.C. para protestarem contra o resultado da eleição presidencial de 2020. O Brasil, infelizmente, teve no 8 de janeiro de 2023, em mesmos moldes do americano, a invasão e depredação das sedes dos poderes da República. Todavia, lá ganha visibilidade uma espécie de tribalismo masculino, que está sendo chamado de masculinistas. Muitos, equivocadamente, estão usando como piada esse contraponto ao feminismo. Esse grupo ao lado dos red pills tem aterrorizado o mundo feminino... o termo “red pill” remete ao filme “Matrix” (1999), quando Neo, o personagem principal, tem a opção de tomar a pílula azul ou a vermelha. Enquanto a primeira o manteria na ignorância da sociedade, a vermelha (red pill) lhe daria consciência sobre o que de fato acontece no mundo... Prosseguindo: esses grupos formaram uma espécie de misoginia institucionalizada, que tem desenvolvido de forma crescente repúdio e extremo ódio contra as mulheres. Eles divulgam que as mulheres estão cheias de privilégios e que os “machos” estariam sendo, em verdade, vítimas das falsas alegações femininas quanto à dominação masculina, na verticalidade da sociedade.
Esses grupos já se encontram em atividades no Brasil; recentemente, por exemplo, a ativista Maria da Penha Maia Fernandes, que deu nome à Lei nº 11.340, conhecida como Lei Maria da Penha, foi ameaçada de morte. Há dezoito anos essa lei, que foi considerada pela ONU – Organização das Nações Unidas, como uma das três leis mais avançadas do mundo, no enfrentamento à violência doméstica. Infelizmente, a farmacêutica que foi vítima deste tipo de crime ficou paraplégica, e a partir de agora passará a receber segurança particular do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH). Não se trata, de forma alguma, de vãs ameaças. Não. Esses grupos têm feito grandes incursões na captação de membros no Brasil, guardando o mesmo modus operandi dos seus “inspiradores” americanos.
O Brasil tem falhado em dar atenção e vigilância a esses grupos violentos cheios de ideologias com raízes no nazismo, que se proliferam por todos os lados. Nosso País, muito lamentavelmente, tem se tornado em uma espécie de incubadora de grupos extremistas com diretrizes nas ramificações da estrutura social, que visam não apenas ataques por meio de fake news aos escolhidos como inimigos, mas passaram a ameaçá-los de morte. É preciso mais atenção.
*Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz medrado @cidadadaluz.com.br