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Inteligência Artificial e mudança climática: impactos no agro

Mudanças tecnológicas foram indicadas como um fator que impactará o setor nos próximos anos

Publicado segunda-feira, 04 de março de 2024 às 10:00 h | Atualizado em 05/03/2024, 07:31 | Autor: José Luiz Tejon
Pé de bananeira de José de Jesus
Pé de bananeira de José de Jesus -

No último dia 28 foi divulgada a 27ª edição da Global CEO Survey 2024, uma pesquisa anual da PwC, que neste ano ouviu cerca de 4,7 mil executivos em mais de 100 países, incluindo o Brasil, e que mostra as tendências apontadas para a viabilidade e a resiliência das empresas no longo prazo.

Na avaliação dos líderes do setor de agronegócio, as mudanças climáticas e tecnológicas serão as megatendências globais apontadas como fatores de mudança para criação, entrega e captura de valor das empresas para os próximos anos.

As mudanças tecnológicas foram indicadas por 69% dos CEOs do agronegócio como um fator que impactará “muito” ou “extremamente” o setor nos próximos três anos. Outro dado importante: os CEOs do agro brasileiro também demonstram expectativa com o crescimento uso da IA generativa. Para 71% deles, a utilização desta tecnologia vai aumentar a eficiência de trabalho nos próximos 12 meses e para 69% a eficiência de trabalho dos funcionários também deve crescer.

Conversei com Maurício Moraes, sócio da PwC Brasil e líder para o setor do agro, que me disse: “Nota-se na pesquisa que IA e mudanças climáticas já pautam a agenda do setor e vão continuar pautando em um futuro próximo. A atenção a essas megatendências dialoga com o fato de quase um terço dos CEOs do setor (31%) acreditarem que seus negócios não serão economicamente viáveis por mais de 10 anos, em comparação com 23% no ano passado, mantido o rumo atual de suas empresas”.

No entanto, para Moraes, “a inserção da IA generativa ainda é discreta no agro. Apenas 23% dos CEOs do setor afirmam que a tecnologia foi adotada em toda empresa nos últimos 12 meses (enquanto a média no Brasil e no mundo é de 32% entre todos os setores). No mesmo período, apenas 11% dos respondentes declararam ter mudado a estratégia do próprio negócio por causa da IA generativa”.

Outras conclusões da pesquisa mostram que 54% dos CEOs do agronegócio brasileiro acreditam que a IA generativa melhorará a qualidade dos produtos ou serviços das empresas (abaixo dos 64% dos brasileiros de outros setores e 58% do recorte global) e sobre se a IA generativa aumentará a capacidade da empresa de criar confiança com os stakeholders, apenas 34% dos líderes do agro responderam afirmativamente (50% no Brasil e 48% no mundo).

Esses dados indicam ainda que os CEOs do agronegócio demonstram uma preocupação destacada em relação aos riscos da IA generativa, acima da média brasileira. Os principais temores: com a cibersegurança, citada por 80% (74% entre os executivos brasileiros de outros setores e 64% no recorte global) e a divulgação de desinformação com 63%, no mesmo patamar que a média no país.

Já as mudanças climáticas apareceram, nos últimos cinco anos, como um fator significativo de mudança para criação de valor no agro – 60% dos CEOs responderam “muito” ou “extremamente” para esse impacto no período. Na projeção para os próximos três anos, este fator sobe para 71%.

O estudo revelou ainda os inibidores da reinvenção no agro. O ambiente regulatório é apontado como o principal deles (66% dos CEOs) e a instabilidade na cadeia de abastecimento, em segundo lugar, com 63%.

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