Produção de polpas, sucos e doces fortalece a fruticultura do estado
Agroindústria impulsiona cultivo de frutas na Bahia

Terceiro maior produtor de frutas do Brasil, a fruticultura baiana está crescimento. Em 2024, o setor gerou R$ 7,4 bilhões, o que representa um aumento de 30,5% em relação a 2023.
Entre as consequências desse avanço, apontado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), está o fortalecimento da agroindustrialização, processo de transformação das frutas em produtos de maior valor agregado.
A produção de polpas, sucos, doces e outros derivados é fator-chave no fortalecimento da fruticultura.
“A transformação industrial permite aos produtores acessarem mercados com preços mais estáveis e margens de lucro maiores, reduzindo a dependência da venda in natura, que é mais volátil e perecível. Um exemplo encontrado é que a agroindústria de polpa de frutas pode aumentar a renda familiar em cerca de 20%. Além da criação de empregos e distribuição de renda nas cadeias de produção e processamento”, destaca Assis Pinheiro Filho, diretor de Agricultura da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura (Seagri).
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A agroindústria de frutas, muitas vezes de origem familiar, deve ser estruturada para uma gestão eficiente, com planejamento operacional e estratégico adequados à consolidação dos produtos no mercado, de acordo com Renata Torrezan, pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos: “A qualificação se faz necessária para a incorporação de novas tecnologias e adequação às exigências do mercado atual e as situações que impactam a produção agroindustrial”.
A estruturação e a qualificação das agroindústrias familiares passam, em grande parte, pelo trabalho das cooperativas, que conectam os produtores ao mercado.
“A cooperativa oferece formações técnicas e apoio comercial, o que melhora a qualidade dos produtos e dá mais autonomia aos produtores. Além de ser uma porta para oportunidades que beneficiam desde a base”, afirma Carla Pereira, diretora financeira da Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc).
Controles e certificações de qualidade também são fundamentais para a inserção dos produtos no mercado. Márcia Serra, Assistência Técnica e Gerencial (ATEG) da Cooperativa dos Produtores Rurais da Chapada Diamantina (CoopChapada), evidencia:
“As frutas passam por um rigoroso processo de limpeza e seleção manual para garantir qualidade, segurança alimentar e padronização dos lotes. Depois, são transportadas até a Unidade de Beneficiamento da CoopChapada, em Mucugê. No recebimento, é conferido o controle de qualidade e rastreabilidade, verificando o código do produto na embalagem, a data de validade e as condições visuais e de temperatura das frutas. Todos os produtos são embalados em recipientes apropriados e seguem todas as normas”.
Contudo, o processo não é barato, como expõe Pedro Alves, auxiliar administrativo da Coopaita – Cooperativa Nacional de Produção e Agroindustrialização: “Sem infraestrutura adequada, torna-se difícil alcançar produção em escala. Além disso, os custos logísticos para transporte e entrega são elevados, o que inviabiliza algumas parcerias comerciais”. Carla Pereira complementa:
“Além dos altos custos de produção e energia, há também dificuldades relacionadas a capital de giro, burocracia e exigências sanitárias, que muitas vezes demandam investimentos altos.”
Desafio do produtor
A falta de acesso a incentivos de crédito agrava a situação. “Pequenos produtores e processadores de frutas enfrentam dificuldades para acesso aos incentivos governamentais e linhas de crédito, devido ao desconhecimento, exigências para preenchimento de documentos complexos, não adequação às linhas disponíveis ou falta de assistência técnica adequada. Há obstáculos para novos investimentos e adoção de tecnologias e modernização de equipamentos pelas condições financeiras desfavoráveis, com taxas de juros elevadas”, afirma Renata Torrezan.
Em meio aos desafios, a agroindustrialização das frutas continua crescendo e conquistando consumidores.
“A Bahia apresenta potencial de expansão da produção e da agroindustrialização. Com a demanda crescente por praticidade e consumo consciente, a oferta de produtos de frutas com maior valor agregado, como frutas minimamente processadas, orgânicas, desidratadas, sucos, conservas, produtos regionais e que valorizam os biomas locais têm perspectivas de aumento”, afirma Renata Torrezan.
*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló
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