Uma nova mãe “sobrevivendo” ao puerpério
No puerpério, tempo de seis a oito semanas após o parto, muitas mães se sentem mais fortalecidas e donas de si. Porém, a maioria fica mais fragilizada e sensível. As dificuldades no início da amamentação, a demanda de um recém-nascido, a recuperação pós-parto, as tarefas domésticas, os cuidados com os filhos mais velhos, entre outros, são queixas recorrentes que tornam o pós-parto um período de muitas incertezas, cansaço, medo e até tristeza.
É um enorme desafio para nós mulheres vivermos o pós-parto, pois ficamos mais suscetíveis e vulneráveis a opiniões dos outros e um simples comentário pode arrasar o nosso dia e até interferir na produção de leite. Neste período, a tendência é que a mulher fique mais chorona, brava, hiperativa e o fato de não se reconhecer assusta bastante.
Tais reações mencionadas são naturais e muitas delas transitórias. Elas acontecem devido a múltiplos fatores, como as mudanças hormonais, após a saída da placenta, e a drástica transformação na rotina de vida, já que muitas mulheres antes do nascimento do bebê trabalhavam e/ou passavam o dia fora de casa.
Com a chegada do bebê, o ritmo de vida muda e essa mãe acaba passando longas jornadas sozinhas, dentro de casa, cuidando do bebê, lidando com o cansaço e a privação do sono. Por mais difícil que seja, devido às intensas demandas do bebê, a nova mãe deve procurar prestar atenção também em si mesma, em suas necessidades e respeitá-las o máximo possível.
Toda mãe sente culpa, sentimento este que nasce da cobrança externa e também da autocobrança baseada no mito de que ela deve ser perfeita, algo que não existe na vida real. Ser uma boa mãe não exige perfeição, apenas o desejo sincero de acertar e a coragem de reconhecer os erros e recomeçar a cada dia.
Esse período instável pode ser caracterizado como "baby blues" ou depressão materna. De acordo com a American Pregnancy Association, cerca de 70% a 80% das mães experimentam algum tipo de sentimento negativo ou mudança de humor após o nascimento do bebê. O baby blues se caracteriza por um estado regressivo e melancólico, em que a mulher costuma manifestar maior sensibilidade emocional, constante vontade de chorar, comentários autodepreciativos, insegurança, impaciência, ansiedade, insônia e mudança brusca de humor.
Em caso de suspeita de que algo não esteja bem com a mulher, ou seja, se os sintomas emocionais ficarem mais intensos e duradouros, a família deve procurar a avaliação de um médico, preferencialmente um psiquiatra para uma investigação, pois pode acontecer da melancolia se manifestar de forma intensa e desmedida, fazendo com que a mãe fique desmotivada diante da vida e não tenha força para lidar com a nova rotina.
Normalmente os sintomas de depressão surgem nas primeiras semanas do pós-parto, mas há casos em que o quadro é mais tardio, se instalando até o primeiro ano de vida do bebê. Seja forte, sobreviva ao puerpério e não permita que a tristeza te impeça de exercer plenamente sua função maternal e ameace o bem-estar familiar.
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