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A TARDE Saúde

Por Dr. Vitor Manta | Foto: Divulgação

ACERVO DA COLUNA
Publicado quarta-feira, 19 de dezembro de 2018 às 19:04 h • Atualizada em 26/12/2018 às 14:29 | Autor: Dr. Vitor Manta | Foto: Divulgação

Vegetarianismo: a solução para o câncer e outras doenças

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O médico Vitor Manta explica os benefícios do vegetarianismo para a saúde
O médico Vitor Manta explica os benefícios do vegetarianismo para a saúde -

Nunca no mundo tivemos tantos casos de câncer. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), 8,8 milhões de pessoas morrem acometidas por esta patologia. A maioria em países de baixa e média renda. O câncer é, atualmente, responsável por uma a cada seis mortes no mundo. Mais de 14 milhões de pessoas desenvolvem câncer todos os anos, e esse número deve subir para 21 milhões até 2030.

Assim como o câncer, crescem também, de maneira espantosa, os casos de diabetes e obesidade, bem como as mortes por doença cardiovascular. Já vivemos hoje uma epidemia de obesidade no mundo e as estimativas apontam que até 2025 metade da população dos Estados Unidos terá, pelo menos, pré-diabetes ou diabetes não diagnosticado. A população brasileira, assim como as populações de outros países ocidentais, segue o mesmo padrão alimentar dos vizinhos norte-americanos.

E o que todas essas doenças têm em comum? A alimentação. O padrão alimentar vigente na maioria dos países do globo é o “carnismo”, sistema de crenças invisíveis, ideologias, que justificam a matança de certas espécies de animais para o consumo da sua carne. A Organização Mundial de Saúde (OMS), publicou em 26 de outubro de 2015 em Lyon, França, um comunicado onde alertava aos médicos e toda a população, para o caráter carcinogênico da carne.

Segundo a Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (que faz parte da OMS), após pesquisa de mais de 800 estudos científicos que analisavam a associação entre consumo de carne e câncer, a carne é, provavelmente, cancerígena (grupo 2A), enquanto as carnes processadas são sabidamente cancerígenas (grupo 1A). A diferença básica entre os grupos 2A e 1A é que o primeiro se baseia em provas limitadas, em estudos que demonstraram associação positiva entre o consumo de carne vermelha e desenvolvimento de câncer. Já no grupo 1A as provas são suficientes para afirmar a real carcinogênese do “produto”.

Entende-se como carne vermelha o músculo de mamíferos, incluindo carne bovina, vitelo, porco, cordeiro, carneiro, cabra e cavalo. A carne processada inclui a salsicha, presunto, carnes enlatadas, carne seca, molhos prontos que levam carne, salame, mortadela e etc.

Como se não bastasse o consumo exagerado de proteínas de origem animal, ainda consumimos demasiadamente açúcar, uma substância que causa dependência química e está diretamente relacionada à obesidade/diabetes. Refrigerantes, energéticos, sucos de caixa, fast foods, doces em geral, são alguns exemplos de alimentos ricos em açúcar, causadores de sobrecarga ao fígado e pâncreas quando consumidos.

Por outro lado, as evidências científicas atuais colocam a dieta vegetariana como a melhor opção para uma vida saudável. Os benefícios da dieta à base de plantas, legumes, verduras, frutas e grãos são enormes e incluem controle glicêmico adequado, redução de gordura corporal, ganho de energia, melhora da qualidade do sono, prevenção de doenças cardiovasculares, câncer e alguns casos de doenças auto-imune.

T. Colin Campbell, autor de um dos livros e estudos mais célebres sobre nutrição e comportamento alimentar do mundo, o The China Study (O Estudo Chinês), falou em documentário disponível no Netflix (Forks over Knifes – troque a faca pelo garfo) uma frase que me marcou particularmente. Dizia ele: “Eu não conheço nenhuma intervenção médica medicamentosa que traga maiores benefícios ao paciente do que uma dieta vegetariana”.

E se não bastassem as mazelas produzidas pelo consumo de carnes, há ainda a falácia moral em produzir sofrimento extremo aos animais. Animais são seres dotados de inteligência, emoção, linguagem, além de sistema nervoso central desenvolvido, inclusive para sensações dolorosas. Uma vez li uma frase que dizia: “Se todos nós tivéssemos que matar para nos alimentar, provavelmente seríamos todos vegetarianos”.

O ser humano criou um mecanismo de defesa cerebral ético que tenta justificar o massacre de milhões de animais no mundo. “Matar uma vaca ou um porco tudo bem, mas não um cachorro ou um gato”. Por muitas vezes não associamos aquele pedaço de bife a um animal que morreu com grande sofrimento. Porque será que os abatedouros estão sempre localizados longe dos grandes centros populacionais? Para que as pessoas não vejam as barbáries e crueldades que acontecem todos os dias.

Sou médico e me sinto responsável em compartilhar o conhecimento. Não obrigo e não obrigarei nunca os meus pacientes a abandonar o consumo de proteína de origem animal, mas o alerta tem que ser dado e a mudança tem que partir de cada um. Acredito que o vegetarianismo é, além de tudo, uma tendência positiva para os próximos anos, mas também o padrão alimentar mais sustentável para o planeta.

Vitor Manta Conceição é médico formado pela Universidade Federal da Bahia e pós graduado em Endocrinologia pelo Instituto de Pesquisa e Ensino Médico.

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