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Dicas para não perder dinheiro no financiamento do carro

Confira a coluna Auto Brasil desta quarta-feira

Publicado quarta-feira, 27 de setembro de 2023 às 05:00 h | Atualizado em 11/10/2023, 10:12 | Autor: Núbia Cristina
Yaris é um dos modelos disponibilizados pela Kinto, da Toyota
Yaris é um dos modelos disponibilizados pela Kinto, da Toyota -

A recente redução da taxa Selic - os juros básicos da economia - para 12,75% ao ano pode ser um estímulo para alguns consumidores que desejam comprar carro novo ou seminovo. Mas quem não vai pagar o automóvel à vista (coisa rara), deve tomar cuidado e se livrar da falsa impressão de que o custo do financiamento baixou. Vale a pena ir com calma e seguir algumas dicas, como pesquisar e negociar as condições de financiamento, ou mesmo pensar em fazer assinatura do veículo, ou um contrato de locação, em vez de comprar.

“Os juros praticados no Brasil são assustadores e a Selic funciona apenas como uma referência, porém os bancos podem utilizar qualquer percentual para seus financiamentos. Isso vai depender de suas planilhas de custos, onde entra a conta da inadimplência, do atraso, e claro, o famoso spread bancário. E a queda da Selic não tem reflexo imediato nos juros para os financiamentos, ela vai sendo absorvida ao longo do tempo. Isso tem de ser levado em conta”, alerta o economista e conselheiro do Corecon-BA, Edval Landulfo.  

Segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), o juro médio para as pessoas físicas passará de 124,76% para 123,75% ao ano. Para as pessoas jurídicas, a taxa média sairá de 60,97% para 60,23% ao ano. A Selic passou de 13,25% para 12,75% ao ano. No financiamento de um automóvel de R$ 40 mil por 60 meses, por exemplo, o comprador pagará R$ 11,31 a menos por parcela e R$ 678,30 a menos no total da operação, de acordo com estimativas da Anefac. 

O empresário Edvaldo Edgard Costa Junior (conhecido como Branco), da Vavá Financiamentos e Vavá Veículos afirma que “até o momento não deu para perceber redução nas parcelas do financiamento de carros seminovos. A notícia talvez tenha efeito psicológico no consumidor, para motivar a procura”, comenta.

Oferta e procura

“Há uma diferença gigantesca entre a taxa referência, que é a Selic, e os juros efetivos, causando impacto no bolso dos consumidores. Sem falar que o preço do carro está muito alto. Não existe mais carro popular, o automóvel mais barato zero, pobre em opcionais, custa em torno de R$ 60 mil”, afirma Edval Ladulfo.

O administrador de empresas, Eder Polizei, que é professor de pós-graduação da Business School BA e diretor da agência Seven7th, de marketing digital, destaca que é fundamental fazer pesquisas e comparar os custos do financiamento. “Primeira dica é comparar taxas, porque os bancos não reduzem de forma proporcional os juros, isso quando reduzem. Às vezes, bancos menores, quando desejam aumentar um pouco sua carteira de clientes, oferecem taxas mais atrativas. Então a dica é olhar banco por banco, taxa por taxa, comparar mesmo”, aconselha.

Alguns financiamentos têm taxa administrativa escondida, então os juros são mais baixos, mas a taxa administrativa é tão alta que não compensa, alerta o especialista. “Verificar se outras taxas estão embutidas, como taxa de inadimplência, de seguro, custo de risco. Tem de ver se há custos adicionais embutidos”, ensina. E um outro detalhe: “Para alguns perfis de consumidores, os bancos tendem a cobrar taxas maiores. É bom ver isso”, destaca Polizei.

Espere um pouco

Admitindo que a Selic ainda está alta e pode chegar a 11.75%, 11.25% até o final deste ano, o economista Edval Landulfo recomenda esperar, caso a compra do carro possa ser adiada. “Espere chegar a 9% ao ano, que ainda estaria alta, mas pode chegar em 2024. Vamos lembrar que entre 2018 e 2019, antes da pandemia, portanto, a taxa de juros média chegou a cair para 2,3% a.a”, lembra o economista.  

“Além de avaliar o custo do financiamento, é preciso prever o impacto que ele vai causar no orçamento, da pessoa, ou da família. Precisa fazer uma planilha incluindo ainda os custos com as revisões do carro, seguro, impostos, consumo de combustível, documentação. Qual será o nível de comprometimento da renda com esses custos”, ensina o economista. 

“Não se pode comprometer mais que 30% da renda individual ou familiar, não apenas com o financiamento do carro, mas com qualquer dívida. Qualquer empréstimo em dinheiro, para meses futuros, incluindo despesas com cartões, financiamento imobiliário, tudo entra nessa conta”, explica. “Prudente é analisar com cuidado, levando em conta as despesas do dia a dia, e pensando até na reserva em dinheiro para emergências e no que tem de sobrar para investir”.

“Se tiver dois terços da receita já comprometidos com os gastos, não é recomendável fazer financiamento. Mas o brasileiro não respeita isso. No mínimo um terço da renda tem de guardar para a poupança ou emergência. O excedente é que se usa para financiamento”, ensina Eder Polizei.

Compra ou assinatura?

A advogada Olívia Pimentel pesquisou as melhores condições para comprar um veículo novo ou seminovo. Quando fez todas as contas e pensou direito, viu que era melhor um contrato de assinatura do carro. “Como não utilizo o veículo todos os dias, vi que não vale a pena a compra. É uma tendencia mundial, na Europa já existem veículos para alugar por hora”, afirma. 

Inicialmente, ela fez um contrato anual, que venceu em agosto de 2023, gostou tanto que renovou até 2025. Olívia roda com um Yaris, 2022, e contratou o serviço na Kinto, empresa que opera o programa de assinaturas da Toyota.

“Escolhi o seminovo e peguei o carro com 7.000 km. Meu contrato atual é de dois anos. Estão incluídas todas as revisões, 800 Km/mês, seguro, taxas, IPVA, disponibilização de carro extra na revisão, assistência 24h. Como meu contrato é antigo, pago R$ 1.800,00/mês, mas se fosse contrato novo seria algo em torno de R$ 2.200,00”, conta. “Eu já desapeguei de ter a posse do carro. Penso apenas no uso e na relação custo-benefício. Uso o carro como se meu fosse e estou adorando a minha opção”, comemora a advogada.

Administrador de empresas, O. Gomes não compra carro para ele ou para a família há cinco anos. “Assinei o primeiro contrato em 2018, após acidente com perda total no veículo da minha esposa. Havia indefinição sobre qual carro comprar, além disso, mudança de cidade, então optamos por locação de carro”, conta.

Ele costuma fazer locação de veículos populares, com até 4.000 Km rodados, para atender às necessidades da família (HB20, Ônix, KA - Hatch ou Sedan, conforme disponibilidade da locadora). Com vidros elétricos, rádio, direção hidráulica, ar-condicionado, flex, motorização 1.0. 

Em 2018, o custo mensal era em torno de R$ 900 reais, atualmente cerca R$ 1.600 por veículo. “Não acredito que volte a ter veículo próprio, exceto se algo novo ocorrer no mercado. Alguns parentes e amigos já mudaram para essa opção ou tendem a mudar. Há algum tempo não tenho apego a carro, penso em liquidez e mobilidade”, explica O. Gomes.

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