O maior duelo contra o Flamengo
Confira a coluna do jornalista Leandro Silva
Empatado com os mesmos 18 pontos, o Bahia encara o Flamengo hoje no Maracanã. E há grandes chances de acontecer o maior Bahia e Flamengo da história, em termos de expectativa e até mesmo de qualidade. Os dois clubes até já se cruzaram duas vezes em fases de mata-mata, pela Copa do Brasil, um pelas quartas de final, em 1990, e outro pelas oitavas, em 2000, e pelas oitavas do Brasileiro de 1981, quando o Bahia, de Emo e Léo Oliveira, encarou o histórico time de Zico, Júnior, Adílio, Nunes e companhia. Mas agora, iguais na pontuação, travam um confronto direto por primeiras colocações no Brasileiro, com equipes muito qualificadas.
O histórico do confronto já registrou duelos entre outros grandes nomes. Já teve, por exemplo, em 1987, Bobô de um lado e Zico do outro, certamente os maiores ícones dos dois clubes. Em 1990, Bobô, inclusive, representou outras cores contra Charles, pelo Tricolor. Em 1993, foram dois embates entre Marcelo Ramos e Casagrande. No ano seguinte, o pitbull Uéslei mediu forças com Sávio. O duelo opôs também, em 1995, Bobô e Romário. Jóbson contra Ronaldinho Gaúcho, em 2011, também foi outro duelo memorável. Hoje, será a vez de ver Éverton Ribeiro, pelo Esquadrão, contra Pedro, pelos cariocas: os garçons do Brasileiro.
Será o primeiro encontro de Éverton com o Flamengo depois de ganhar praticamente tudo pelo time carioca, chegando principalmente a dois Brasileiros e duas Libertadores, em cerca de seis anos e meio. E o camisa 10 tricolor vem sendo fundamental para a excelente campanha no Brasileiro. Além da liderança e do impacto positivo pelo exemplo, Éverton contribuiu, nas duas rodadas mais recentes, com duas assistências, frutos de cruzamentos perfeitos, para os gols de cabeça de Jean Lucas e de Everaldo, que garantiram o triunfo, por 1 a 0, contra o Fortaleza, e o início da reação no empate, em 2 a 2, contra o Criciúma. Como já havia passado para o golaço de Everaldo, no triunfo, por 1 a 0, contra o Grêmio, pela quarta rodada, ele chegou a três e fechou a nona rodada na liderança das assistências no Brasileiro, junto com o camisa 8 Cauly, William, do Cruzeiro, e Pedro, do adversário de hoje.
A experiência do camisa 10 também tem grande importância nesse novo momento tricolor. Fora o tetracampeão Éverton Ribeiro e o argentino Victor Cuesta, a maior parte do elenco tricolor, assim como a torcida, ainda está se acostumando com essa nova realidade de disputar o título ou, pelo menos, as primeiras posições. Essa nova perspectiva altera a forma como se encaram certos resultados.
O empate na rodada passada contra o Criciúma, por exemplo, deixou sentimentos conflitantes. Por um lado, a frustração por deixar passar a chance de conquistar dois pontos a mais, que valeriam a liderança isolada, contra um adversário contra o qual o Esquadrão já havia vencido os dois confrontos anteriores no ano. Por outro, a satisfação pela recuperação dentro da partida, depois de estar com dois gols de desvantagem no placar.
E tais polos de sentimentos ficaram evidentes nos discursos, do treinador aos jogadores. Rogério Ceni, por exemplo, deixou claro que a principal lamentação teve a ver com o fato de o Esquadrão ter arrefecido a reação após chegar ao empate, mesmo com um jogador a mais, com cerca de 20 minutos para chegar à virada depois do golaço de empate de Caio Alexandre. Assim como Éverton, Ceni já foi campeão brasileiro e sabe a importância de cada ponto para seguir sonhando com o título ou com uma vaga na Libertadores, assim como os preciosos pontos em disputa hoje.