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Coluna do Tostão

Por Tostão

Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina
ACERVO DA COLUNA
Publicado segunda-feira, 27 de maio de 2024 às 11:05 h • Atualizada em 29/05/2024 às 14:09 | Autor:

A consciência é individual

Confira a coluna de Tostão: cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970

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O City de Guardiola tem um eficiente jogo coletivo
O City de Guardiola tem um eficiente jogo coletivo -

De vez em quando a minha consciência, senso crítico e meu GPS me questionam, influenciados por alguns fatos e outras opiniões, sobre as minhas analises sobre futebol.

De vez em quando, meu senso critico pergunta se eu não dou muito valor ao acaso. As condutas dos jogadores em campo e as estratégias utilizadas pelos treinadores são os fatores mais determinantes no futebol, o que não anula a importância do acaso. Confundem acaso com sorte. Acaso são fatos habituais que fazem parte da história de cada jogo, como um erro decisivo do arbitro, um pênalti perdido, uma bola que é desviada e entra no gol, a inconsistência emocional e dezenas de outros acontecimentos frequentes, mas que não sabemos quando e onde vão ocorrer. Acontecem.

De vez em quando, meu senso crítico me avisa de que ás vezes exagero nos elogios aos times europeus e que critico demais os brasileiros. Meu fascínio é por determinadas equipes, jogadores, pelos ótimos gramados e pela ausência de tumultos durante as partidas, frequentes no Brasil.

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O Manchester City joga o futebol coletivo mais eficiente e mais bonito do mundo, talvez da história, além de ter excepcionais atletas. O Real Madrid encanta pelos craques que tem e pela capacidade de criar variações táticas dentro de um jogo. No Brasil, além dos melhores jogadores irem para a Europa, estamos ainda reféns de algumas praticas ultrapassadas, com zagueiros colados a grande área e com enormes espaços entre os setores de campo.

Quando vejo o City e o Real Madrid atuarem, lembro do Santos de Pelé e o Botafogo de Garrincha dos anos 60. Quem venceria uma partida entre o City e o Santos? Não importa o resultado. Parafraseando o grande poeta Ferreira Gullar (“A arte só existe porque a vida não basta”), a beleza de um jogo é necessária porque o placar não basta.

Os maiores times da história também perdem, às vezes por goleadas Em 1966, o time de garotos do Cruzeiro ganhou do Santos com Pelé e todos os titulares por 6x2 no Mineirão e por 3x2 no Pacaembu, na decisão da Taça Brasil, título que hoje faz parte da história do Brasileirão.

Antes da partida no Mineirão, discutimos sobre como poderíamos parar o Santos. Decidimos fazer uma tremenda correria sem perder a organização e o talento. O Santos não pegou na bola. O primeiro tempo terminou 5x0 para o Cruzeiro. O craque Dirceu Lopes foi o Pelé do jogo

De vez em quando o meu GPS me questiona por valorizar pouco as estatísticas. Elas são fundamentais para compreensão de um jogo, mas há um tremendo exagero. Fazem estatísticas de tudo, do que não tem nenhuma importância. Há milhares de estatísticas sobre o numero de finalizações em uma partida, mas não se fala no numero de chances claras de gols. Muitos olham mais para os números do que para o jogo.

De vez em quando, meu senso critico me avisa que me empolgo demais com os times que valorizam os meios-campistas e que jogam com muita posse de bola e troca de passes. Sei que há varias maneiras de jogar bem e de vencer, mas a do City me arrepia.

De vez em quando a minha consciência me critica por ainda ter esperança de que Neymar volte a brilhar e seja decisivo na próxima Copa do Mundo. A minha esperança é pequena por causa de suas inúmeras contusões, de suas bobices fora de campo e por ter ido jogar na Arábia. Porem ,ele já foi tão espetacular que não custa nada sonhar.

Eu e meu senso critico temos boas conversas, discursões, com leveza e sem radicalismo. Um escuta e aprende com o outro.

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