Abel x Ceni, o gramado e o segredo do Flamengo no Brasileirão
Da vaidade dos técnicos à lição de Di Stéfano: a análise de Tostão sobre Everton Ribeiro, Arrascaeta e os rumos do campeonato

Minha solidariedade aos familiares e amigos do narrador e apresentador Paulo Soares. Tenho orgulho, satisfação e saudades do pouco tempo que trabalhei ao seu lado na ESPN.
A polêmica do gramado: Abel Ferreira vs. Ceni e o jogo de palavras
Após a vitória do Bahia sobre o Palmeiras por 1x0, Abel Ferreira fez duras críticas ao gramado da Fonte Nova, Salvador, que teria sido responsável pelas contusões dos jogadores. Rogério Ceni retrucou ao falar que o gramado não é bom, mas que prejudica mais o Bahia, que troca mais passes desde a defesa, do que o Palmeiras, que usa demais a bola longa da defesa para o ataque.
Não é bem assim. O Palmeiras, muitas vezes, sai com troca de passes da defesa e o Bahia, às vezes, utiliza o passe longo, como no gol da vitória contra o Palmeiras em belo lançamento do goleiro Ronaldo para Ademir fazer um golaço.
São dois vaidosos treinadores. Nas profundezas da alma, onde moram os sonhos, os mistérios, os pecados e as santidades, os dois, que são ótimos técnicos, querem ser os melhores do mundo.
O caso Everton Ribeiro: intensidade, talento e a lição de Di Stéfano
No jogo, um comentarista disse que Everton Ribeiro deveria jogar mais perto do gol. Discordo. No meio campo ele tem mais a bola e a trata com muito carinho e talento. O que falta ao meio-campista é a intensidade de atuar de uma intermediaria a outra, de marcar, construir e chegar ao ataque. Se ele tivesse sido preparado para fazer isso nas categorias de base, poderia hoje ser um Pedri do Barcelona, um Vitinha do PSG e, pelo menos, um Bruno Guimarães, titular da seleção brasileira.
Quando eu jogava no Cruzeiro, meu pai me dizia que o melhor jogador do mundo era Pelé, mas que o único que brilhava de uma intermediaria a outra era Di Stefano, do Real Madrid. Eu, que era um meia atacante, passei a iniciar as jogadas no próprio campo. Quando chegava no campo do adversário, estava cansado, sem força nas pernas. Desisti de ser um Di Stefano e contentei-me em ser apenas o Tostão.
A disputa final do Brasileirão: o distanciamento do Flamengo e a despedida do sonho do Cruzeiro
No fim de semana, Palmeiras e Cruzeiro perderam e o Flamengo venceu, distanciando dos dois concorrentes. Se o Palmeiras for derrotado para o Vasco e o Cruzeiro perder amanhã para o Flamengo, será a despedida do sonho do Cruzeiro de ser campeão do Brasileirão.
O Corinthians, sem Memphis e Garro, torna-se um time mediano, ainda mais que o elenco é fraco. As substituições feitas no segundo tempo por Dorival Junior contra o Flamengo pioraram a equipe. Talles Magno entra em quase todas as partidas e sempre joga mal.
O Cruzeiro, contra o Flamengo, deve utilizar a estratégia do Corinthians, que funcionou bem em grande parte do jogo com lançamentos longos nas costas dos adiantados defensores do Flamengo. O Cruzeiro já atua desta forma com o veloz e hábil Kaio Jorge.
Arrascaeta minimalista: a evolução do craque e o repertório com Carrascal
A escalação de Carrascal desde o inicio contra o Corinthians, armando as jogadas pela direita e pelo centro, no lugar de o time atuar com dois pontas abertos, tornou o ataque do Flamengo menos previsível e com mais repertorio de jogadas.
Arrascaeta evoluiu. Em vez de atuar como um clássico meia de ligação, recuando bastante para receber a bola, ele passou a jogar mais perto da área e do gol. Tem menos a bola, porém sabe esperar o momento certo de definir os lances. Ele, que já era um ótimo jogador, tornou-se um craque, conciso e minimalista, com tacadas precisas no canto do goleiro.
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