Brasileiros evoluem, mas europeus dão show na Copa do Mundo de Clubes
Tostão analisa a primeira rodada da Copa de Clubes, destaca evolução tática dos brasileiros e reflete sobre o futebol mundial

Na primeira rodada da Copa do Mundo de Clubes. Dois times brasileiros ganharam e dois empataram. Palmeiras e Fluminense, nos dois empates, foram superiores. O FLU, coletivamente, foi o melhor dos quatro e enfrentou o adversário mais difícil, o Borussia Dortmund. Gostei das posturas das quatro equipes brasileiras, mais compactas, marcando por pressão e jogando com mais intensidade, características que não são frequentes no Brasil.
Na goleada por 10x0 do Bayern de Munique contra o Auckland da Nova Zelândia, o centroavante, craque e artilheiro Kane não fez um único gol. Com frequência, os melhores não são os artilheiros, embora quase sempre os mais elogiados sejam os que fazem mais gols e ou o gol da vitória.
Com frequência, os melhores não são os artilheiros.
Na outra goleada, o PSG, que ganhou, recentemente, por 5x0 da Inter de Milão na final da Copa dos Campeões, venceu por 4x0 o forte Atlético de Madrid. Os dois primeiros gols foram os dos meio-campistas Vitinha e Fabian Ruiz, que marcam, apoiam e ainda fazem gols. Os dois e mais João Neves formam um excepcional trio no meio campo. Amanhã, o PSG enfrenta o Botafogo, que venceu por 2x1 o time americano Seattle Sounders. Foi um jogo equilibrado.
Palmeiras superior ao Porto
O Palmeiras foi superior ao Porto, teve mais chances de gols, mas o jogo terminou 0x0. O time português, que foi muito mal no campeonato nacional, mostrou muitas deficiências. Faltou mais lucidez ao ataque do Palmeiras. Prefiro Estevão pela direita, deslocando para o meio no momento certo do que centralizado ou pela esquerda, como tem atuado. Além disso, Felipe Anderson fica fora de lugar atuando de ala pela direita.
Ainda não entendi se Paulinho entra sempre no meio do segundo tempo por causa de escolha técnica ou se é ainda por problemas físicos, pois está em recuperação há muito tempo. Ele e Vitor Roque, que foram contratados por enormes quantias, ainda não corresponderam ás expectativas. Vitor Roque é um bom jogador, veloz, com muita força física, jovem, pode evoluir, mas não são surpresas suas atuações apenas razoáveis. Por isso, não ficou no Barcelona.
Flamengo não empolgou
O Flamengo teve uma boa atuação, sem empolgar, na vitória por 2x0 contra o fraco Esperance, da Tunísia. O Flamengo teve o domínio da bola, mas, como tem ocorrido, atacou com pouca intensidade, pouca troca de posições no ataque e criou pouquíssimas chances de gols.
Jorginho estreou e mostrou sua classe no meio campo. Não erra passes e raramente perde a bola. Porém, ele e Pulgar, dois volantes que gostam de iniciar a saída de bola da defesa, ficam muito longe do ataque. Na única vez que Jorginho chegou à intermediaria adversaria, deu um belo passe para Luiz Araújo fazer o segundo gol.
Futuro não foi bom
Na Copa do Mundo de seleções de 1994, vencida pelo Brasil, estava presente nos EUA. Na época, eu e quase todos os analistas, ficamos encantados com o talento de vários jogadores da Nigéria. Os EUA, sem nenhum prestígio no futebol, surpreenderam com uma ótima organização tática e prometeram grandes investimentos no futebol.
Tive a impressão, naquele momento, que hoje, 31 anos depois, os africanos e os americanos se tornariam potencias mundiais, o que não ocorreu. Assim como o samba, futebol não se aprende na escola.
*Tostão é cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970.