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Coluna do Tostão

Por Tostão

Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina
ACERVO DA COLUNA
Publicado quarta-feira, 29 de outubro de 2025 às 8:16 h | Autor:

O futebol perdeu o encanto e precisa reencontrar sua alma

Em nova coluna, Tostão analisa a evolução do futebol mundial e alerta para a estagnação técnica e tática do Brasil nas últimas décadas

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Tostão critica a falta de criatividade e talentos no futebol brasileiro
Tostão critica a falta de criatividade e talentos no futebol brasileiro -

Os anos 50, 60 e 70 foram períodos de encantamento com o futebol por causa dos grandes craques, times e da maneira lúdica e ofensiva de jogar.

O Santos de Pelé, o Botafogo de Garrincha, o Real Madrid de Di Stéfano, o Benfica de Eusébio, e as seleções da Holanda de 1974 e do Brasil de 1958, 1962 e 1970 fascinaram o mundo da bola.

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Após a derrota da excepcional Seleção Brasileira de 1982, repleta de craques, e com a ascensão da ciência esportiva, houve uma enorme valorização da estratégia de jogo, da disciplina tática e do pragmatismo.

Durante as décadas de 80 e 90, o futebol ficou mais defensivo, feio e chato, mesmo com muitos craques.

O escritor uruguaio Eduardo Galeano sintetizou o momento ao dizer:

O futebol é uma triste viagem do prazer ao dever.

O brilho que sobreviveu em meio ao tédio

Durante a Copa de 2002, vencida pelo Brasil, jornalistas alemães afirmaram que a seleção da Alemanha era a pior da história — ainda assim, foi vice-campeã.

O Brasil, mesmo preso à velha estratégia, venceu graças ao talento de Ronaldo, Ronaldinho e Rivaldo.

Após o Mundial, cresceu o consenso de que o futebol precisava voltar a encantar.

O Barcelona de Guardiola, com Xavi, Iniesta, Busquets, Ronaldinho e Messi, revolucionou o futebol mundial com um estilo bonito e eficiente, baseado em toques rápidos e coletividade.

Da Holanda à Espanha: a reinvenção do jogo

Guardiola se inspirou em Johan Cruyff, que havia sido técnico e jogador do Barcelona, influenciado por Rinus Michels, criador da “Laranja Mecânica” de 1974.

A Espanha, seguindo esse modelo, encantou o mundo e foi campeã mundial em 2010 e bicampeã europeia em 2008 e 2012.

A partir daí, a maioria das seleções europeias adotou o estilo espanhol, mantendo suas particularidades nacionais.

O Brasil ficou para trás

Nos últimos anos, o futebol mundial tornou-se intenso, compacto e veloz, alternando trocas curtas de passes com transições rápidas da defesa ao ataque.

Enquanto isso, o futebol brasileiro estagnou, incapaz de acompanhar a evolução — uma das razões da perda dos últimos cinco títulos mundiais (2008 a 2022).

Há sinais de mudança, mas o atraso técnico e estrutural ainda pesa.

O técnico Leonardo Jardim, do Cruzeiro, merece elogios pelas críticas aos gramados ruins, à arbitragem deficiente e ao calendário insano — pontos também denunciados há anos por Abel Ferreira.

A má formação dos árbitros e o comportamento belicoso dos jogadores tornaram o espetáculo menos nobre.

A falta de orientação técnica e disciplinar é generalizada.

O futuro precisa ser construído

Temo que, no futuro, a história conte que existiu um país chamado Brasil, o país do futebol, que teve um rei chamado Pelé, muitos craques e um estilo bonito e fascinante.

O mundo parava para ver o Brasil jogar.

Hoje, por incompetência e desorganização, o futebol brasileiro se tornou igual ou inferior aos demais.

O futuro não é destino — é construção.

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