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Caldeirão de Aço - Equilibrar é urgente

Publicado quinta-feira, 14 de janeiro de 2021 às 10:00 h | Autor: Leandro Silva | Jornalista | [email protected]
O desempenho defensivo precisa melhorar sem prejuízo do aproveitamento ofensivo| Foto: Vitor Tamar | EC Bahia
O desempenho defensivo precisa melhorar sem prejuízo do aproveitamento ofensivo| Foto: Vitor Tamar | EC Bahia -

Você sabia que a média de gols marcados pelo Bahia no Brasileiro desta temporada é superior à do Esquadrão campeão brasileiro de 1988? Pois é. Parece bem estranho diante de tanta insatisfação com o time atual, mas em 1988 a média de gols da equipe, que tinha grandes talentos ofensivos como Zé Carlos, Bobô e Charles, foi de 1,13, enquanto a atual entrega uma produção de 1,2 gol por jogo. O escrete comandado pelo mestre Evaristo de Macedo balançou as redes 33 vezes nos 29 jogos da campanha, enquanto em 2020/2021 os goleiros adversários já foram batidos 35 vezes até a 29ª rodada. Dois gols a mais, portanto, na comparação. O equilíbrio entre ataque e defesa, entretanto, levou aquele elenco ao título, com 23 gols sofridos no mesmo número de partidas em que o atual já sofreu 51 gols.

Em 1990, contando com remanescentes do título brasileiro, como Paulo Rodrigues, Gil, Marquinhos e Charles, e com outros grandes nomes da história do clube, como Luís Henrique e Naldinho, o Bahia fez uma excelente campanha, chegando à semifinal. Mesmo tendo Charles como artilheiro daquela edição do Brasileiro, entretanto, a equipe teve uma média de gols de 1,08, inferior à atual. Foram 25 em 23 jogos. Charles foi responsável por 44% dos tentos, com 11 marcados.

Desde que retornou à Série A, em 2017, foram três campanhas mais consistentes que a da atual temporada. Mesmo assim, apenas em 2017 a equipe teve aproveitamento ofensivo superior, com uma média de 1,31, resultando em 50 gols. Em 2018 e em 2019, foram médias inferiores, de 1,02 e 1,15, respectivamente.

A média atual de gols marcados é a terceira melhor do clube nos Brasileiros da Série A por pontos corridos. E o que mais surpreende é que, além de 2017, apenas em 2003, na terrível temporada do rebaixamento, o time teve média de gols superior, com 1,28 por jogo. Foram 59 gols em 46 rodadas.

A verdade é que a campanha atual é tão ruim e tão decepcionante que, por muitas vezes, até nos esquecemos de apontar aspectos positivos. Nesse caso específico do poderio ofensivo, a positividade acaba sendo ofuscada já que não tem sido suficiente para garantir pontuação condizente com tal produtividade.

Essa é a nona participação do Bahia na Série A na era dos pontos corridos e é aquela em que o clube apresenta o pior aproveitamento de pontos a essa altura da competição. Pior até mesmo do que nos rebaixamentos de 2003 e 2014. Atualmente, são 29 pontos conquistados, contra 30 em 2014, e 31 em 2003. E a campanha ruim guarda semelhanças com a de 2003, por causa do desequilíbrio entre o desempenho ofensivo e o defensivo. Se fazia mais gols do que atualmente, também levava mais. Naquela ocasião, também era detentor da pior defesa e terminou a campanha com uma média de dois gols sofridos por partida, com 92 gols em 46 rodadas, contra a média atual de 1,75.

Fica claro que para sair da atual situação e conseguir permanecer na Série A, o Bahia terá que equilibrar urgentemente os setores. O desempenho defensivo precisa melhorar sem prejuízo do aproveitamento ofensivo. Além de sofrer gols demais, muitos deles acontecem nos inícios das partidas, desestabilizando a equipe e destruindo planos prévios. Foram 12 gols sofridos antes dos 15 minutos, representando 23,5 % do total de 51 gols sofridos. A concentração precisa estar em nível altíssimo em todas as nove partidas restantes, principalmente no início delas, para que os triunfos voltem o mais rápido possível.

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